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terça-feira, 18 de agosto de 2009
ARRASTA-ME PARA O INFERNO
Sam Raimi é um apaixonado por filme de terror. Desde que começou a fazer cinema, ainda criança, com câmera Super 8, optava pelo gênero como forma de dar um maior interesse em suas brincadeiras. Hoje, famoso (e rico) por ter dirigido sucessos comerciais como os três “Homem Aranha” (prepara o quarto episódio das aventuras do herói dos gibis), dá-se ao luxo de voltar à sua diversão predileta. É isto que para ele representa “Arrasta-me Para o Inferno” (Drag Me to Hell/EUA,2009) atual cartaz dos cinemas nacionais.
Entre as várias opiniões sobre o filme, a de um crítico norte-americano considera a história de Sam e de seu irmão Ivan Raimi uma critica a crise econômica atual que teve inicio com problemas das hipotecas vencidas (ou não pagas devidamente) em diversas cidades norte-americanas. Se não houve essa intenção, na verdade, inspirou a história do filme que trata de Christine Brown (Alison Lohman), funcionária de um banco que um dia recebe a visita de uma mulher idosa e doente (Lorna Raver) pedindo financiamento para prorrogar o prazo de quitação da hipoteca da casa onde mora. Nesse momento Christine ambiciona o cargo de vice-diretora do seu departamento, e teme um colega e concorrente que tudo faz para conquistar a simpatia do diretor Leonard Dalton (Chelcie Ross). A suposição da jovem de que a demonstração de força moral, bloqueando o pedido da idosa é uma forma de mostrar equilíbrio bastante para ganhar o posto desejado. E de fato recebe parabéns do chefe na hora em que despacha a cliente. Mas a reação desta é terrível: depois de implorar de joelhos pelo financiamento e vendo que nada consegue, a personagem que sintetiza os caracteres do tipo “bruxa”, amaldiçoa a bancária e dá inicio à uma perseguição que tem por base levar a alma da moça para o inferno.
A primeira parte do filme, apresentando tipos e tratando de problemas comuns no mundo capitalista, é apenas o gancho para o terror pretendido pelos irmãos Raimi. Coincidentemente, ao voltar para a casa com o namorado, preocupada com a maldição da mulher, Christine resolve consultar-se com um “médium” em uma loja próxima e este relata, impressionado, o poder da maldição que deram a ela. Daí o que se vê são as mais caprichadas caras feias, os acordes bruscos na trilha sonora, os desastres gigantescos, enfim, tudo o que tem direito um “filme de terror” tradicional.
Raimi, antes de ser o responsável pelo “O Homem Aranha” realizou dois filmes do seu gênero preferido que cativaram as platéias: “A Morte do Demônio”(Evil Dead) e “Uma Noite Alucinante”(Evil Dead II). Nestes, além dos detalhes costumeiros como as máscaras horripilantes e cadáveres que se movem, o diretor acrescentou duas atrações diferentes: um movimento de câmera frenético, com “travellings”cortando bosques em fantástica velocidade (emprego de zoom e outros detalhes técnicos) e o humor. Na verdade, os dois filmes eram comédias, mesmo “macabras”.
Principalmente “Uma Noite Alucinante”, onde o espectador que possa estar sentindo medo esconde-se bem com as gargalhadas que propiciam os intérpretes, comandados pelo amigo do diretor Bruce Campbell. É justamente esta licença cômica que falta em “Arrasta-me Para o Inferno”. É possível rir da mulher ao tirar a dentadura ou jogando as coisas mais nauseantes na boca de sua vitima. É aquele tipo de humor bizarro, buscando o riso nas raízes do pavor, ou do asco. Mas até pela colocação dessas cenas o filme não deixa que se ouçam risadas da platéia. O terror parece mais forte. E o final, absolutamente imprevisível, reforça o outro lado da história, ou seja, aquele que condena as instituições financeiras desumanas, as que pugnam pelo dinheiro e desprezam o poder aquisitivo de seus clientes. Noutras palavras: Christine, uma excelente criação da jovem atriz Alison Lohman, é uma vilã. Mesmo que a ação mostre a sua boa vontade, a sua meiguice, o seu relacionamento romântico com o pretendente psicólogo.
A narrativa dinâmica segue os antigos exemplares de Raimi. E por isso o interesse é garantido. Daí para uma análise é outro caminho. Que arrasta o espectador para outro inferno. Sam Raimi é o da foto ao lado.
Cotação : (** ) Razoável
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