quarta-feira, 12 de agosto de 2009

CINEMA AMADOR E CINEMA DOMÉSTICO


Há alguns anos organizei um festival de filmes amadores. Era o tempo do Cine Clube APCC, com a efervescência do que se chamava “cinema de arte”. Esse período foi gratificante e hoje está sendo alvo de estudos de pesquisadores até de fora do Estado.
Avalio que neste momento é preciso recuperar, entre nós, essa categoria de cinema, mas é necessário, inicialmente, caracterizar o que se designa “cinema amador”. É possível distinguir a subdivisão: cinema doméstico e cinema amador de gênero (documentário ou ficção). Na mostra passada, esta subdivisão não foi mencionada. Na época, o que se gravava era em película 16 mm e Super 8 mm. O “tape”, ou melhor, a fita VHS, engatinhava. Agora há muitas pessoas que possuem câmera digital e filmam o que lhes interessa e a qualquer hora. O cinema, finalmente, ganhou a vez da caneta preconizada por Jean Cocteau no tempo em que realizou “Orfeu” (Orphée/1950). Por isso há necessidade de se selecionar o material nessas categorias. Não quer dizer demérito de qualquer uma. O cinema amador, como dizia Buñuel, é o “mais puro”, o cinema sem o “pecado” da feição industrial & comercial, realizado para registrar momentos de vidas ou para suscitar a admiração de um grupo. Trata-se de produções criativas que o cinéfilo elabora a partir ou não de um roteiro. É comprometido com um tema. Quem o faz pensa numa pequena história, na aferição de um fato, na descrição de um ambiente, num depoimento importante. Mas é possível ousar também o sentido experimental da “caneta”.
No caso do cinema doméstico, o mais comum é o registro de festas. Pode ser um aniversário, um casamento, um batizado, uma formatura, uma reunião familiar. O tom é de um álbum fotográfico onde se impõe o movimento, captam-se os momentos mais importantes do evento e como há empresas que se propõem nesse novo ramo de comércio a tecnologia adota os elementos da linguagem do cinema sem o sentido de significados que explorem algo além do registro puramente informativo do evento

Com base nessas dimensões, será elaborado um regulamento e uma ficha de inscrição, com data prevista para o lançamento do programa, ou seja, período de inscrição, seleção e divulgação dos resultados. A idéia é criar comissões não só entre os membros da ACCPA, mas da sociedade civil, visando uma seleção equilibrada do material enviado. Os vídeos (DVD) selecionados devem fazer parte de um programa que será exibido em um dos espaços hoje utilizados com sucesso pela associação de críticos.
Quem tiver o seu vídeo em qualquer das duas categorias pode começar a rever o seu “baú” e ficar na expectativa do regulamento para poder inscrever-se. Esse material estará, nos próximos dias, nos seguintes blogs: ACCPA, blog da Luzia e blog do Veriano.
Foi dada a largada. Quem quiser ver o seu filminho em tela grande, ao lado de uma platéia, que o registre. Não se promete prêmios. A exibição já é um prêmio. E não há “reprovação”. Se houver um numero muito grande de participantes o programa será divido em blocos ou temas. O que se quer é estimular a produção local a partir de sua origem. Alguns cineastas amadores do passado entraram para o rol dos profissionais. E em 1976, quando aconteceu a última mostra, produções de outros estados da Amazônia surpreenderam surgindo até um longa-metragem.

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