quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O CINEMA DE JACQUES DEMY





O Cine Libero Luxardo exibirá, durante duas semanas, a partir de hoje, quarta feira, dentro das comemorações do ano da França no Brasil, alguns filmes dirigidos por Jacques Demy (1931-1990), cineasta que se inscreveu no grupo da “nouvelle vague” (a onda de renovação estética proposta por François Truffaut, Jean Luc Godard, Claude Chabrol, Jacques Rivette e outros).
O estilo deste cineasta tinha suas peculiaridades. Seus filmes eram considerados “leves”, ora musicais, ora fantasias (como “Pele de Asno”), ora melodramas. Foi casado com a colega de profissão Agnes Varda, outra figura da “nouvelle vague”.
Os filmes de Demy que serão exibidos, na base de um titulo por dia são:“Lola”(1961), “A Baía dos Anjos”(La Baie des Anges/1962), “Os Guarda-Chuvas do Amor”(Les Parapluis de Cherbourg/1964) e “Duas Garotas Românticas”(Les Demoiselles de Rochefort/1967). O programa também inclui “Jacquot de Nantes” de Agnes Varda.
Ilustrativos, do cinema de Demy, os exemplos mais evidentes são: “Lola”, que ele dedicou a Max Ophlus um dos mestres do cinema romântico (autor de “Madame De..” e “La Ronde/Conflitos de Amor”), “Os Guarda-Chuvas do Amor” (premio maior do Festival de Cannes) e “2 Garotas Românticas”.
Em “Lola” há uma promessa de fidelidade a ser cumprida. A personagem-título espera o amado Michel, pai de seu filho, que foi para a América. Com a demora, ela é assediada por dois pretendentes: Roland e Frank. Contudo, preza a fidelidade e resiste aguardando o amado. Anouk Aimée, uma das requisitadas de Ophuls, encabeça o elenco.
“Os Guarda-Chuvas do Amor” também trata da fidelidade amorosa. Geneviéve é filha da proprietária de uma loja de guarda-chuvas. Aos 17 anos ela vê seu amado, um mecânico três anos mais velho. Quando ele parte para a guerra na Argélia ela é forçada a resistir aos galanteios de outros rapazes, como de um comerciante de diamantes por exemplo.
O filme segue a linha das antigas operetas. É todo cantado, e surpreende ouvir Catherine Deneuve em sua própria voz. Apesar de dissipar pelo gênero qualquer vestígio de realismo o filme fez sucesso comercial e chegou a ser exibido durante um período significativo em S. Paulo. Aqui em Belém foi lançado pelo Cinema I, por uma semana e fez sessão do Cine Clube da então APCC no Grêmio Português e Cine Guajará.
“Duas Garotas Românticas” não foi lançado em Belém. Apresentava certas curiosidades, como a chance de ver o desempenho conjunto das irmãs Catherine Deneuve e Françoise Dorleac. Gene Kelly também participava do elenco e desenvolveu a coreografia de alguns números musicais. O argumento focaliza duas gêmeas de 25 anos voltadas para a música, uma dando aulas de dança outra de solfejo. Elas sonham em ir a Paris mostrar as suas qualidades e isso ganha corpo quando surge um marinheiro que procura a mulher ideal.
O filme tinha o estilo das produções de Arthur Freed da Metro. Sobre ele disse Demy: “Queria fazer um filme que despertasse um sentimento de felicidade que, depois da projeção, o espectador saísse da sala menos triste do que quando tinha entrado”.
O programa do “Líbero..” inclui: “Jacquot de Nantes”(inédito em Belém). Trata-se de uma cinebiografia de Demy realizado por Agnes Varda. Ela aborda a trajetória do cineasta desde criança, quando já demonstrava seu amor pelas artes cênicas e começava a filmar com uma pequena câmera. Jacquot era como a família chamava Jacques. Há, no roteiro, alusões que justificam opções do cineasta como o tipo do mecânico de “Os Guarda Chuvas do Amor”, referência ao pai de Demy que tinha uma oficina. Um filme sincero, feito com o afeto de quem viveu 30 anos com o cinebiografado.
As exibições serão gratuitas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário