quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O MISTÉRIO DAS DUAS IRMÃS








A propósito do novo filme de terror de Sam Raimi, vale a pena mencionar “O Mistério das Duas Irmãs”(The Uninvited/EUA, 2009) dos irmãos Charles e Thomas Guard, lançado no sudeste em maio e, ao que parece, destinado por aqui só em DVD.
No filme de Raimi, “Arrasta-me Para o Inferno”, uma bancária nega financiamento a uma mulher idosa e ganha, com isso, uma praga que não termina com a projeção. No trabalho dos irmãos Guard, o filme faz recortes entre a figura da jovem Anna (Emily Browning), vendo um incêndio e, subseqüentemente, saindo de uma clinica psiquiátrica acompanhada do pai (David Strathaim), rumo à chácara que a família tem à beira de um lago. Ali ela encontra a irmã mais velha, Alex (Arielle Kebbel), que tanto admira. O evento que a levou a clínica foi justo um acidente com a mãe no anexo da casa da família que pega fogo e esta morre carbonizada. Anna se desesperara por não podido ajudar. Meses depois do retorno da clínica, o pai revela um romance com a enfermeira da ex-esposa, Rachel (Elizabeth Banks). O relacionamento da futura madrasta com Anna é, desde cedo, tempestuoso. E, gradativamente, esta vai descobrindo o papel dessa mulher no incêndio. E não é só isso: o enfrentamento entre enteadas & madrasta apronta novas descobertas elucidativas da odisséia sofrida por elas com o incêndio, a morte da mãe e a situação vivenciada por Anna na clínica psiquiátrica. Um final-surpresa revela os mistérios do enredo.
Fantasmas e pesadelos coexistem na história escrita por Craig Rosemberg, Doug Miro e Carlo Bernard extraída de um filme coreano de Ji-woon Kim com o titulo de “O Mistério das Duas Irmãs”/ Janghwa Hongryeon, lançado em 2003 e 12 vezes premiado em festivais internacionais.
A trama lembra o romance de Henry James “A Volta do Parafuso”, que deu suporte à produção anglo americana “Os Inocentes”/The Innocents, de Jack Clayton). O clima de angustia é conseguido na medida em que os fatos surgem retorcendo situações clichês como a madrasta malvada, os espíritos que aparecem como se estivessem vivos, os longos corredores de uma casa, o contraste do lugar paradisíaco com os acontecimentos macabros, enfim, tudo o que se encontra nos filmes de terror de diversas fontes produtoras.
Como nas outras versões norte-americanas de originais asiáticos (“O Chamado”, “Água Negra” etc.) a preocupação com a bilheteria é pressentida na exposição de estereótipos diversos. A vantagem em “Uninvited” é o desempenho dos intérpretes, todos bem colocados e capazes de inspirar a angústia pretendida pela trama. O mesmo ocorrido em “Arrasta-me Para o Inferno”, este com a vantagem de traduzir certo humor em meio à narrativa, um detalhe que caracteriza os trabalhos de Sam Raimi no gênero (como no muito bom “Uma Noite Alucinante”).
Apesar de ter recebido criticas satisfatórias dos norte-americanos, fato incomum para um filme do tipo “meter medo”, “Uninvited” fracassou na estréia nacional deixando de ganhar, até hoje, os cinemas do norte. Caso chegue às telonas antes de pousar na prateleira especifica das locadoras, o suposto é por ser um providencial “tapa buraco”, medida tomada quando um filme pretensioso em termos de renda falha em meio ao caminho da exibição e um acordo do distribuidor com o exibidor coloca um titulo para suprir as datas programadas.
Para os fãs de um gênero prolífico e que no passado deixou um rastro de clássicos (a fase expressionista), vale a pena ver os dois títulos. Não atingem o nível dos bons filmes, mas conseguem ficar acima da média.

Nenhum comentário:

Postar um comentário