A fórmula é testada: depois do sucesso na TV e de um filme de longa metragem o programa, ou a série “Os Normais” sobre um casal não necessariamente casado: Rui (Luiz Fernando Guimarães) e Vani (Fernanda Torres). Em “Os Normais 2” esses personagens comemorando os 13 anos de vida em comum. O balanço desse tempo é feito por Vani na hora (inicio do filme) em que sai de um numero de karaokê e vai ao banheiro criar um gráfico, ao lado de outras mulheres, das tantas vezes que estas fazem sexo com os seus parceiros em um ano. A construção matemática conclui que ela e Rui estão perto da estagnação. O sexo virou artigo de luxo. E a jovem companheira resolve de comum acordo com o parceiro, que devem fazer alguma coisa para se sentirem mais atrativos – ou atraídos na cama. A idéia é um “ménage à trois”. E partem pela noite carioca atrás da terceira figura que esperam incluir na alcova.
O roteiro de Alexandre Machado e Fernanda Young repousa nessa busca pelo sexo grupal. Parceiras e parceiros pretensamente hilários desfilam em situações ora realmente engraçadas ora tediosas.
Entre as que se apresentam mais engraçadas há o episódio do contato que fazem com uma francesa que está atrás de uma empregada doméstica e as palavras traduzidas se confundem (ménage, no francês, quer dizer doméstica e, para o casal, é o sexual complemento do que procuram). Outra seqüência com dubiedade é da informação de um taxista sobre um apartamento onde está sendo homenageada uma atleta que será bicampeã e o casal entende que a garota é bissexual e que topará a proposta. O susto é grande quando Vani e Rui vêem os convivas todos bem vestidos, a maioria já anciã e eles se apresentam pelados “para adiantar serviço”. Também quando os dois aceitam um banho espumante na banheira de uma bissexual (Claudia Raia) e acabam presos na própria banheira, sufocados pela espuma, pedindo socorro a um desses tipos que nas comédias sempre está presente como uma figura enjoativa e deslocada, uma espécie de “papagaio de pirata” (Daniel Dantas).
O diretor José Alvarenga Jr. também explora recursos da comédia visual, quando, por exemplo, Vani sai entorpecida pelo corredor de um hospital e empurra inadvertidamente um enfermeiro que por sua vez empurra uma paciente pela janela e assim vai aos absurdos.
O que salta nesta chanchada moderna, onde a liberdade de expressão deixa que se ouça toda sorte de palavrões e se mostre o que se consente em termos de sexo (não há nem mesmo um num frontal, deixando-se a pretensa exibição em planos médios que não passam da cintura das personagens), é o recurso de produção. Em uma seqüência, a câmera segue os protagonistas em um carro, passa pelo vidro traseiro, percorre todo o interior do veiculo e acaba focalizando os passageiros de frente sem cortar. Um achado de efeito especial.
Mas a verdade é que sob o pretenso liberalismo a conclusão é extremamente moral. No fim, Rui pede Vani em casamento. E passa por uma prova física de amor. Tudo ao som de música romântica, cantando a fidelidade quando a afeição espiritual é maior do que o contato físico.
Atores simpáticos fazem a festa, Lógico que o público que vai assistir ao filme não espera obra-prima. Quer se divertir. E se a pretensão não se esgota, ficando atrás de coisas como “A Mulher Invisível”, não se pode reclamar. Até porque na televisão essa “longa noite de loucuras” não poderia ser assim tão louca.
Cotação: Razoável (**)
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