sábado, 12 de dezembro de 2009

ATIVIDADE PARANORMAL










O modelo enfocado em “A Bruxa de Blair” continua sendo aproveitado pelos produtores de cinema independente. “Atividade Paranormal” (Paranormal Ativicty/EUA, 2009) ora em cartaz nacional custou menos de 40 mil dólares ao seu produtor-roteirista-diretor Oren Peli (praticamente um estreante) e rendeu só numa semana de exibições nos EUA mais de 30 milhões.
A fórmula mantém a simplicidade narrativa: uma câmera digital comprada por um jovem que vai morar com a namorada num casarão recém-adquirido deve registrar os fenômenos que esta insiste em afirmar que circulam ao seu redor desde a juventude. Katie (Katie Fitherson) e Micah (Micah Sloat) mantêm seus nomes como personagens intérpretes, uma maneira de se incitar a pretensão de que se trata de um registro da realidade. Além disso, nos créditos iniciais (poucos), aparece um “agradecimento às famílias de Micah e Kate”.
Basicamente o roteiro resume-se na captação das imagens que a pequena câmera deve registrar. Por isso, ou para isso, o enquadramento deve ser, sempre, dessa objetiva que muitas vezes é solitária, colocada num móvel adiante da cama do casal ou na mesa da cozinha onde preparam os alimentos. A alternativa de ângulos corre por conta das vezes em que Micah segura a sua filmadora e sai pela casa registrando o que lhe parece interessante. Isso em tese. Mas o que se vê nem sempre é através do olho acomodado do visor da câmera. Há alguns planos que não podem ter sido tomados pela objetiva solitária. Nem seria possível fazer um filme de hora e meia de projeção só dessa forma. Mesmo como está, levando a supor que as imagens são captadas de uma realidade ambiente em tempo oportuno, o resultado é extremamente monótono. De minha parte senti que o enfado substituiu a pretensão de despertar perigo real ou imaginário. Mas nem todo mundo respondeu do meu jeito. Tanto assim que o filme faturou alto graças a uma divulgação “boca a boca”, mas, é preciso observar, com o auxilio (como no caso da “Bruxa de Blair”) da Internet.
No argumento o casal vai sendo cada vez mais aterrorizado pelas forças misteriosas que circulam invisíveis, acendendo luzes, provocando ruídos, levantando lençóis da cama e, no andamento das coisas, retiram a jovem de seu leito puxando-a através do corredor que liga o quarto de dormir aos demais cômodos.
O pedido de auxilio traz à cena um parapsicólogo que se considera comunicador com espíritos desencarnados. Mas ao observar o que se passa na casa e a possível causa dos fenômenos, aconselha a presença de um exorcista supondo tratar-se “de demônios”. O problema é que o profissional chamado não está disponível e Micah não pretende afastar-se da casa, atendendo ao apelo da namorada de retirar-se imediatamente do lugar.
Entre achados e novos fenômenos circulantes na calada da noite, o filme encerra com uma cena previsível, sem acrescentar qualquer elemento a um gênero muito explorado. O filme de Oren Pelli quer, na verdade, se amparar numa pretensa novidade formal para cativar admiradores de um tipo de “terror” cinematográfico. O modelo, como me referi, é “A Bruxa de Blair”. Também pode se ver resquícios do recente “Rec”, onde a câmera de uma repórter de TV registra fantasmagorias que se passam num prédio coletivo para onde se dirige uma equipe de bombeiros. Nos casos citados, a originalidade é perseguida e de alguma forma conseguida. Mas sempre fica a pergunta sobre o objetivo desses sustos fabricados. O máximo que se pode dizer é que o cinema, desta forma, reflete a sua origem de ilusão de ótica, de um engodo. A verdade sempre está com quem maneja a câmera. E esta, por si só, não dá conta de suscitar por muito tempo e de forma geral as emoções ou o que esperam os realizadores.
Outra análise procuraria refletir sobre a questão do imaginário tratar de uma forma especifica os fatos paranormais. Nos EUA há técnicos com empresas chamados “caça-fantasmas” tornando-se essa mais uma profissão utilizando sofisticados aparelhos que captam sons, falas e outras ações chamadas sobrenaturais. Vi o filme mais nessa linha, procurando levar ao credito as incertezas de uma “outra vida” nas certezas desses fatos.

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