sábado, 26 de dezembro de 2009

OS MEUS MELHORES FILMES DE 2009









Seguindo uma tradição de 37 anos, confirmo minha convicção de que o cinema se renova e, a cada ano, temos alguns filmes que merecem ser evidenciados pela contribuição que trouxeram à linguagem e/ ou pelo que revelaram enquanto crítica a temas que circulam na sociedade contemporânea, usando a tecnologia e a criatividade dessa arte que tem pouco mais de 100 anos.
Desde esse tempo fazendo parte da antiga APCC e hoje, ACCPA, destaco os títulos que a meu ver marcaram a exibição cinematográfica deste ano em Belém, quer nas salas especiais de cinema de arte (ou cinema extra) quer nos espaços mais amplos onde o público espectador viu os programas comerciais dividirem lugar com um tipo mais apurado de produção.
Minha relação não poderia fugir ao meu modo de ver cinema com experiência acumulada sobre essa arte. Cada um desses filmes recebeu registro, tanto em opinião mais argumentativa quanto uma síntese, em Panorama ( “O Liberal”) como neste blog, mostrando ao leitor ou leitora o que fez a presença deles na minha lista final. Sem dúvida outros filmes poderiam ser relacionados, caso fossem de 15 ou 20 títulos, mas a escolha tem limites daí a classificação abaixo.

RELAÇÃO DOS MELHORES FILMES DO ANO – 2009
Luzia Miranda Álvares (Jornal “O Liberal”

1. Gran Torino, de Clint Eastwood
2. Sinédoque, Nova York, de Charlie Kaufman
3. Up, Altas Aventuras, de Peter Docter
4. Alexandra, de Alexander Sokurov
5. Amantes, de James Grey
6. Um Taxi para a Escuridão, de Alex Gibney
7. Aquele Querido Mês de Agosto, de Miguel Gomes
8. O Carregador de Almas, de Jonathan Holand
9. Rio Congelado, de Courtney Hunt
10. Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino

Outras categorias de melhores

Diretor: Clint Eastwood (Gran Torino e A Troca)
Ator: Philippe Seymour Hoffman (Sinédoque , Nova York e Dúvida)
Atriz: Galina Vishnevskaya (Alexandra)
Ator Coadjuvante: Christoph Waltz (Bastardos Inglorios)
Atriz Coadjuvante: Emily Watson (Sinedoque Nova York)
Montagem: Robert Frazen (Sinedoque Nova York)
Cenografia: Adam Stockhausen (Sinedoque Nova York)
Fotografia: Robert Richardson (Bastardos Inglórios)
Trilha Sonora: Libby Umstead, (Amantes)
Canção Original: A.R. Rahman, de “Quem quer ser um Milionário”
Figurino: Deborah Hopper de “A Troca”
Roteiro Original: Sinedoque Nova York - Charlie Kaufman
Roteiro Adaptado: Nick Schenk, de Gran Toorino (baseado em estória de Dave Johannson e Nick Schenk)
Efeitos Especiais: Avatar
Animação: UP – Nas alturas
Documentário: Fellini – eu sou um grande mentiroso, de Damian Pettigrew
Reprise: Berlim Alexanderpaltz
Prêmio APCC: Destaque Especial do Ano (Cinema Brasileiro): O Contador de Histórias, de Luis Vilaça. (com base na vida de Roberto Carlos Ramos)

Menção especial 1: Marco Antonio Moreira, presidente da ACCPA, pelas atividades de inclusão e manutenção dos espaços de cinema programados pela Associação de críticos.

Menção especial 2 : Fernando Segtovick, pelas ousadias em criar e produzir cinema em Belém/PA.

Menção especial 3: aos membros da ABDeC/PA e à gerência do Curro Velho, pela criação do Cine Clube “Pedro Veriano”, pela homenagem e por se constituir em mais um espaço de cinema alternativo e formação de platéia.

Cada registro teve seu peso para indicação. Desde que participo como membro votante da Associação a apresentação das listas entre os colegas sempre se pautou pelas afinidades estéticas de cada um além do gosto pessoal que permeia essas escolhas, daí se dizer que se trata de um ato subjetivo. Dessa forma, cada posição de um filme na ordenação da lista pessoal prende-se a esse envolvimento.
Ao votar em “Gran Torino” na primeira posição, vi uma atitude de reação do roteirista e diretor Clint Eastwood ao eterno “mocinho” americano, apresentado regularmente como o clássico “salvador” da humanidade. A visão do tipo, desde o inicio, é a de um sujeito preconceituoso e ensimesmado. Na verdade, o reconhecimento do personagem de que deve intervir na mudança de atitudes em relação ao que sente contra a diversidade cultural ao seu lado (vizinhança) não se dá de uma hora para outra e nem se espelha num ato heróico, mas num ato humano. Dizer que as pessoas de qualquer nacionalidade não mudam ao conviver numa relação social é manter a visão da permissividade discriminadora. Tratando do tema da diversidade eu não poderia perder a oportunidade de ver no filme a dificuldade de as pessoas incluírem entre suas atitudes a da aceitação de qualquer um com as qualidades próprias acumuladas. Se o diretor tivesse outra postura narrativa sem dúvida o resultado seria outro, pois considero que um elemento (linguagem) possibilita a exposição de outro (tema) num filme, sem dicotomias que envolvam trágicas separações entre forma e conteúdo.

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