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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
RARIDADES EM DVD
Para quem não brinca carnaval, ou deixa uma brecha na folia, o programa de filmes raros em DVD está promissor. É hora de conhecer clássicos mencionados nos livros básicos de história do cinema ou de rever títulos que deixaram forte impressão.
Dentre os lançamentos dos últimos dias a coluna destaca:
“O Amor” (L’Amore/Itália, 1947) dirigido por Roberto Rosselini, um dos ativadores do movimento neo-realista que marcou a cinematografia italiana depois da 2ª.Guerra Mundial. Contém dois curtas-metragens: “Uma Voz Humana” e “O Milagre”. No primeiro filme,a atriz veterana Ana Magnani executa um difícil monologo, ouvindo no telefone a voz de seu amante e tentando reconstruir um relacionamento em ruínas. O roteiro é de Jean Cocteau, poeta e cineasta (diretor de “A Bela e a Fera”). No segundo, Federico Fellini interpreta o papel de um camponês que ao cruzar o caminho de uma pastora dá-lhe uma boa dose do vinho de uma garrafa que carrega. Como ele usa um cajado, a mulher, muito religiosa, acha-o parecido com São José. Alcoolizada, não sabe ao certo para onde caminhou o personagem. Dias depois sabe-se grávida e é alijada pela vizinhança pudica que não aceita mãe solteira. Ela faz de tudo para ter a criança que acha ser Jesus Cristo. O roteiro é de Fellini e o lançamento do filme foi conturbado pela oposição da Igreja Católicaao enfoque.
“Crise” (Kris/Suécia, 1946) é o primeiro trabalho de Ingmar Bergman, grande cineasta sueco, na direção. Também é o seu segundo roteiro. De linguagem simples, procurando retratar o comportamento da população de uma cidade interiorana, ele segue uma jovem que anseia sair da província onde nasceu e ir para Estocolmo com a mãe, uma mulher de comportamento rejeitado pela pequena sociedade onde vivia surgindo nesse lugar depois de muitos anos, tempo em que deixou a filha aos cuidados de uma tia professora de piano. A linha melodramática é interrompida não só pelo cuidado na estrutura das personagens, procurando evitar os estereótipos, como pelo final que procura fugir do “happy end” tradicional. Ainda não demonstra o talento que Bergman apresentaria pouco depois, mas já é um forte prenúncio do diretor inteligente de obra primas como “Persona” e ”Gritos e Sussurros”.
“Na Teia do Destino” (The Reckless Moment/EUA,1949) é um dos bons filmes que o diretor francês Max Ophuls (de “Carta de uma Desconhecida”) realizou nos EUA. Na linha “noir” evidenciada pela fotografia de Oswald Morris, aborda um caso de chantagem em que a vitima é uma mulher cujo marido está viajando e o alvo é a filha dela, vulnerável diante da morte misteriosa do namorado. Joan Bennett, na época esposa do produtor Walter Wanger, protagoniza o principal papel. Como um dos chantagistas está James Mason. Todos bem colocados num clima que a imagem trabalha através da boa colocação do contraste claro-e-escuro. O tipo de filme que não envelhece e chega a qualquer platéia.
“Viver por Viver” (Vivre Pour Vivre/França, 1975) evidencia a paixão do diretor-roteirista Claude Lelouch pela fotografia. Ele se esmera nas filmagens em locação e na inserção de documentário que ajudam na amostragem do que ambiente em que circula o personagem interpretado por Yves Montand (um jornalista que cobre guerras em diversas partes do mundo). Contrapondo os planos de violência explicita vê-se a instabilidade emocional do tipo, casado com uma pessoa (Annie Girardot) que tenta compreende-lo ou perdoar, mas entrega-se a aventuras amorosas, especialmente com uma norte-americana (Candice Bergen). O filme é grandioso, mas extremamente vulnerável ao tempo. Foi candidato ao Oscar, recebeu o Globo de Ouro, mas simplesmente espelha a linhasexista de um cinema que (felizmente) já saiu de moda
DVDs MAIS LOCADOS
1. 500) Dias com Ela
2. Bastardos Inglórios
3. This Is It
4. Terror na Antártida
5. Se Beber, Não Case
6. Adam
7. A Órfã
8. Substitutos
9. Os Feiticeiros de Waverly Place - O Filme
10. Vingança entre Assassinos
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