sexta-feira, 16 de abril de 2010

DUPLA EXPLOSIVA



Os tempos realmente mudam. Há alguns anos o cineasta francês Luc Besson dava prosseguimento às conquistas estéticas da “nouvelle vague” e dirigia filmes como “Subway”, “A Imensidão Azul”(Le Grand Bleu), e “O Profissional”(Leon). Também elaborava roteiros interessantes, mesmo para superproduções norte-americanas como no caso de “O Quinto Elemento” (The Fith Element). Hoje Besson não pensa muito quando escreve e dirige cinema. Seu “Angel A”, lançado no Brasil só em DVD, ganhou inspiração em Frank Capra, e “Busca Implacável” mostrou o cinema de ação que os grandes estúdios de Los Angeles gostam de fazer. É nessa tecla que apresenta este “Dupla Implacável” (From Paris, With Love/EUA, França,2009), com o titulo brasileiro lembrando o filme anterior e o original atendendo ao livro de Ian Fleming que resultou em um dos mais aplaudidos exemplares da franquia James Bond: “Moscou contra OO7”(From Rússia With Love).
Outra mudança: John Travolta. Tentando cada vez mais fazer com que se esqueça de Tony Manero, o dançarino de discoteca que por aqui lançou a moda em “Embalos de Sábado à Noite”, apresenta-se careca, de bigodes, um tanto obeso, e extremamente violento (não discute: manda bala).
O roteiro do filme dirigido pelo francês Pierre Morel (o mesmo de “Busca Implacável”), escrito por Adi Hasak, aborda uma investigação norte-americana em Paris, visando terroristas. As autoridades do país enviam para a capital francesa um novato chamado James Reece (Jonathan Rhys Meyers, revelação de Woody Allen em “Match Point”) que entre outras coisas serviu de motorista de um embaixador (Richard Durden). Ele deveria contatar com um agente do FBI atuante no local, Charlie Wax (Travolta) e os dois passariam a trabalhar juntos, com o segundo demonstrando não só experiência como truculência.
Quem se aventurar a “contar história” fica por aí. “Dupla Implacável” é uma sucessão de tiroteios, desastres de carros, pancadaria, enfim, o que faz parte da fórmula de um gênero que parece não se exaurir. A única ressalva é a garota de Reece, a bela Caroline (Kasia Smutniak) que o Wax diz logo que se trata de uma pessoa “bonita demais” para quem se julga o seu amado. E acaba sendo isso mesmo: no fim da aventura vê-se a jovem numa situação semelhante a vivida pelo iraquiano de “Guerra ao Terror”, surgindo na rua com um colete cheio de explosivos. Sim, Caroline é contra a política belicista dos norte-americanos no oriente. E esta opção alimenta atentados que ocorrem em diversas partes do planeta. Mas a opção política da personagem não chega a levar o filme para uma área mais densa. Besson quer tudo na superfície, como se brincasse de policia versus ladrão. O que importa é a ação em si.
A distribuidora de “Dupla Implacável” no Brasil achou que o filme faria muito sucesso popular e organizou pré-estréias para fomentar a propaganda “boca a boca”(ou “boca-orelha” como querem os franceses ao chamar “bouche-oreille”). Ao que consta, não deu muito certo. Pelo menos por aqui. Entre a mesmice dessa refrega antiterrorista e a também mesmice da menina má que tenta matar até mesmo quem lhe quer dar guarida (em “Caso 39”) é preferível a segunda opção. Pelo menos há uma intriga que se pensa mudar pelo caminho, o que jamais acontece com os dois “mocinhos” imaginados por Besson. Eles não conseguem fazer jus a máscara adotada pelo esforçado Travolta.

Registro
Na noite do dia 13/04, alguns membros da ACCPA ( Marco Moreira, Ismaelino Pinto e a colunista, além de Rogerio Pareira e o Marcelo Silva, do IAP) viveram um evento memorável na cidade de Castanhal/Pa. Entrega dos prêmios aos vencedores da II FESTIVAL DE CURTAS-METRAGENS “CURTA CASTANHAL”, versão 2010 e criação do Cine Clube da FUNCAST que recebeu o nome de Manoel Carneiro, homenageando o velho exibidor dono do Cine Argus “Duca” Carneiro, foi devidamente festejado pelo público, com direito à presença do Prefeito da cidade, Helio Leite. Uma grande noite.

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