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terça-feira, 20 de julho de 2010
ENCONTRO EXPLOSIVO
No cinema, mais de dois filmes já focalizaram duplas de personagens ágeis ganhando o mesmo título em português, “Dupla Explosiva”. Um deles era interpretado pelos populares atores italianos Mario Girotti (ou Terence Hill) e Carlo Pedersoli (ou Bud Spencer).
Neste filme da atual programação dos Moviecom, “Encontro Explosivo” (Knight and Day, EUA, 2010, 109 min.), apesar de trocar o título é mais um exemplar que remete a uma dupla. Afinal, são duas personagens que percorrem a ação de ponta a ponta. O original brinca com os termos “night” (noite) e knight (cavaleiro), que possuem a mesma pronúncia, e, no caso, parodiam a conhecida canção de Cole Porter(“Night and Day) além do fato de que a intérprete da personagem June Havens é Cameron Diaz (vale lembrar “dias”/day).
Mas esses detalhes são apenas ilustrativos e não interessam para o que orienta o roteiro de Patrick O’Neill dirigido administrativamente por James Mangold. Bem verdade o roteiro nada mais é do que um plano para os técnicos em efeitos especiais e os dublês. Quem quiser achar uma ordem na desordem geral saiba que o “mocinho”, Roy Milner (Tom Cruise) é um agente secreto que possui um objeto desejado por colegas e inimigos do Estado. O que é este objeto, só é mencionado no fim da história, pouco adianta, mas é uma bateria capaz de produzir petróleo (?). O que importa é fazer rir do absurdo, como se os autores quisessem criticar os filmes de ação jogando todos os elementos desses filmes para cima, ou seja, levá-los à exaustão numa concepção que se pode ver como surrealista.
Os dois tipos, Roy e June se encontram casualmente no aeroporto. Quando embarcam num Boeing uma série de coincidências reúne o par e ela sente atração pelo recém-conhecido a ponto de beijá-lo em certo momento, após embelezar-se no toalete momento em que o então parceiro de vôo é atacado por quase todos os passageiros e a todos mata sem cerimônia. Na matança entram o piloto e o co-piloto da aeronave. Quando June sai do toalete surpreende-se com o que vê e ainda mais quando sabe que o desconhecido é quem vai controlar o pouso do avião. Uma aterrissagem forçada em uma rua, com direito a susto de caminhoneiros. Mas a tarefa é tão habilidosa que dá para o casal fugir do local antes de uma explosão. Inicia-se, daí em diante, uma caçada com direito a um passeio (pode-se até dizer turístico) por diversas partes do mundo, finalizando na Espanha onde a dupla enfrenta a tradicional corrida de touros e termina na arena tomando a vez de um toureiro.
Poucos filmes extrapolam com tanta veemência o uso da CGI, ou seja, trabalham efeitos especiais que dispensam atores. São tantos os desastres enfrentados pelos personagens que mal sobra tempo para eles dialogarem. O romance é extremamente breve e o público se pergunta como é que uma jovem como June vai se aliar a um homem que mal conhece, arriscando a vida a cada minuto. Felizmente, para ela, a maioria dos atiradores possui péssima pontaria, Mesmo assim, Ron chega a ser ferido e ela é quem vai monitorar a estadia dele em hospital ciente de que mesmo ali o “mocinho” pode ser vítima de alguém (e nem se sabe quem é quem).
Nesse “imbróglio” todo pergunta-se: será que o espectador consegue se divertir só de ver estripulias moldadas em computadores, como carros derrapando na estrada, bombas explodindo, aviões caindo, helicópteros também explodindo, enfim o que possa dinamizar a tela como se o mundo viesse abaixo? Certo critico norte-americano perguntou também se é necessário usar artistas famosos nesse tipo de filme. O carisma deles não é o bastante para sustentar o espetáculo? Afinal só se pode vibrar pelas peripécias do “mocinho” se ele for Tom Cruise? E este ator de muitos filmes de aventura já interpretou inúmeros tipos de vilão como em “Colateral” e também em “Entrevista com o Vampiro”.
Como já argumentei em outro texto, “Encontro Explosivo” é um nada sobre nada. Ou lembrando o título da peça de Shakespeare, faz “muito barulho por nada”.
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