segunda-feira, 19 de julho de 2010

VENDO E REVENDO EM DVD


















No recente Festival de Cannes foi exibido “Algo Que Você Precisa Saber”(Quelque Chose a te Dire/França,2009), mas o filme não entusiasmou críticos e público. O interessante é que o enredo lembra de perto os melodramas que o dinamarquês Douglas Sirk realizou nos EUA, hoje cultuados pelos franceses É um retrato de família (por sinal fecha com a família fazendo pose) em que todos os elementos se comportam de forma supostamente condenável para o antigo conceito de moral. Até o casal-base composto por Henry (Patrick Chesnais) e Mady (Charlotte Rampling), se separa depois de 45 anos de casados. O problema maior está com Alice (Mathilde Seigner), uma das filhas, presa por andar com drogas e afinal descobrindo um parente no delegado que a liberta ao desmontar as evidências de um crime pelo qual fora presa. Essas personagens ainda descobrem desníveis nos seus ancestrais e com isso não há um exemplo politicamente correto a seguir. O filme é o segundo da diretora Cecile Télerman, e a narração cativa o espectador. Com isso pode até perdoar alguns desempenhos, inclusive da veterana Charlotte Rampling, como a mãe que exibe um comportamento escondendo a sua realidade.

Mas o que apaixona no filme é o tratamento aos tipos e ao conceito de família. Na verdade, no que se pode chamar de primeiro ato do filme, sente-se que os membros dessa família se reunem em datas comemorativas de forma obrigatória. Mas entre si não escondem que se odeiam e às formas como são tratados. O silencio sobre algo interno nesse núcleo familiar favorece essa atitude de falsidade entre eles. À medida que os segredes começam a desmontar a aparência de união, o que supostamente é visto como desintegração, surge como a aproximação entre eles. As mentiras com as quais este grupo social foi formado é sintomática na auto-exclusão de cada um, embora julguem que há amor entre eles. O segundo ato em que se recorta a narrativa explora as novas atitudes que levam à desmontagem dos nós da relação e acabam por servir de apoio capacitador do processo afetivo. Assim, estas pessoas, no final, mais livres e mais independentes se constituem em uma verdadeira família, pois desataram as amarras que os fazia presos a mentiras. Belíssimo esse tratamento do argumento. A nova “posição” para o retrato em família é a significação do que passaram a ser a partir daí.

Por um desses caprichos da distribuição, o filme não chegou aos nossos cinemas. E não se pode negar o seu potencial de comércio.

“Os Meninos da Rua Paulo”(A Pál-Utcai Fiuk/Hungria,1969) foi exibido com sucesso pelo Cine Clube APCC nos anos 70. Dirigido por Zoltan Fabri focaliza crianças e adolescentes de um bairro de classe operária na Hungria de pós-guerra (a 2ª mundial) dividas (os) em grupos antagônicos. Eles organizam-se como tropas militares e lutam entre si. O interesse cai sobremaneira para com o menor de todos os membros das “gangues”, um menino que se mostra fiel aos companheiros mesmo ganhando a “patente” de soldado (embora sempre peça promoção). Este menino adoece e morre no momento em que os grupos se defrontam em uma grande batalha. Seu grupo é vitorioso com o garoto recebendo as homenagens de todos.
Um roteiro pacifista bem aproveitado com excelentes desempenhos e uma linguagem simples e por isso mesmo cativante. Quem ainda não viu aproveite a chance de rever.

“A Rosa Tatuada”(The Rose Tatoo/EUA, 1955) é a versão da peça de Tennessee Williams, a partir de um roteiro desse dramaturgo. O diretor Daniel Mann, homem de teatro, se especializou em filmar peças que viu ou dirigiu. Este exemplo é um modo feliz de fazer cinema em cima de um texto que tem de forte os diálogos. E foi a chance da atriz italiana Anna Magnani, conhecida como “Mamma Roma” , ganhar um Oscar. Ela interpreta, obviamente, uma imigrante italiana nos EUA que ao saber que o marido morto, a quem idolatrava, era adultero, procura dissipar a imagem ao conhecer um homem que tinha a mesma profissão dele, caminhoneiro. É a vez de Burt Lancaster mostrar seu desempenho em outro gênero que não aventura. Na época de “Rosa Tatuada” ele já apresentava boa performance. O tipo que encarna é como a viúva chama, “um palhaço romântico”. No elenco encontra-se ainda Marisa Pavan, irmã da atriz Píer Angeli, hoje com 78 anos e desligada do cinema.
O filme usa a tecnologia do processo Vista Vision mesmo sendo em preto e branco.

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2. Simplesmente Complicado
3. Missão Quase Impossível
4. Atraídos pelo Crime
5. Preciosa
6. O Fim da Escuridão
7. Cadê os Morgan?
8. O Amor Acontece
9. Surpresa em Dobro
10. Um Olhar do Paraíso

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