Antes da tecnologia que transformou/aproximou a situação entre o público e o cinema - o vídeo (VHS, DVD) - o termo “filme de cabeceira” era um esforço de linguagem para definir títulos importantes para o cinéfilo. Hoje esses filmes podem realmente ficar na cabeceira, ou melhor, na estante de quem gosta e/ou estuda cinema. Em tese são filmes que estão citados em diversos livros de história da chamada Sétima Arte como de técnica ou inclusos em movimentos (ou escolas) que ajudaram na construção de uma linguagem cinematográfica.
Os títulos que chegaram recentemente às locadoras e que devem ser procurados são, entre outros, “Trágico Amanhecer”, “D. Quixote”, ”O Manuscrito de Saragoça”,”O Mundo Odeia-me”, “O Homem do Prego”, “O Jardim dos Finzi-Contini”, “Investigações Sobre um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita” e “A Fita Branca”.
Não me referi ainda a “Trágico Amanhecer”(Le Jour se léve/1939), “D. Quixote” (1933) e “O Homem do Prego”(1964). O primeiro é de autoria da dupla Marcel Carné (direção) de Jacques Prévert (roteiro & diálogos). Quando se instalou a “nouvelle vague” generalizou-se a idéia de que cineastas como Carné, Jean Dellanoy, René Clément, Henri-George Cluzôt eram “ultrapassados”. Vejam a linguagem deste “...Amanhecer” partindo da reclusão de Jean Gabin em um pequeno quarto com a policia o perseguindo por ter assassinado um homem. Os “flashback” são econômicos e surgem sem interromper a ação. Há brilhantes enquadramentos e um clima criado sem abusar do “suspense” que se possa achar acompanhando o drama do personagem. É cinema em qualquer época. E inovador na linguagem sem qualquer rótulo. Mas para a “turba” tem que ser “enquadrado”.
G. W. Pabst (1885-1967) realizou 41 filmes de 1923 a 1956 reconhecidos na história do cinema. Na fase derradeira do movimento expressionista alemão apresentou duas obras-primas no mesmo ano (1929): “A Caixa de Pandora” e “Diário de uma Mulher Perdida”, ambos com a atriz norte-americana, Louise Brooks. Em 1933 no inicio da fase sonora, realizou a versão quase didática de “D. Quxote” que hoje chega em DVD. Com o seu poder de síntese acompanham-se as linhas gerais da obra de Cervantes. O ator russo Feodor Chaliapin (1873-1938) compôs um “Cavaleiro da Triste Figura” com base nas gravuras existentes em primeiras edições da obra maior da literatura espanhola. Impossível imaginar um tipo melhor. Também o Sancho Pança do inglês George Robey (1869-1954) é o que fica na memória do leitor. O filme é uma co-produção franco-britânica muito rara. Não sei se chegou a ser projetado nos cinemas locais . Certamente escapou dos cineclubes.
“O Homem do Prego”(The Pawnbroker, EUA, 1964) é um dos melhores filmes do prolífico e ainda ativo diretor Sidney Lumet. E certamente aquele em que o ator Rod Steiger (1925-2002) apresenta-se mais inspirado. Protagoniza o idoso judeu sobrevivente de um campo de concentração nazista durante a 2ª.Guerra Mundial que mantêm uma loja de penhores em Nova York e sofre discriminação dos fregueses, além de não conseguir tirar da memória as atrocidades que ele e seus entes queridos sofreram no passado.
Além dessas raridades, outras chegaram e também acrescentam sua importância histórica. O caso de “Invasores de Marte” (Invaders from Mars/1953) de William Cameron Menzies. O diretor, consagrado como cenógrafo (dele a direção de arte de “...E O Vento Levou” e dele a direção e cenografia de “Daqui a Cem Anos!”(1936) cujo roteirista é o escritor H. G. Wells (raro no gênero em sua época). Trata de um garoto que teria sonhado com uma invasão alienígena transformando os humanos em verdadeiros robôs a lembrar o posterior “Vampiros de Almas”. Mas o último plano questiona o sonho. O tempo é de guerra fria e o cinema norte-americano usava invasões como um estímulo ao medo (para condicionar o espectador médio num efeito lucrativo em todos os sentidos). Mesmo com parcos recursos, Menzies trabalha o gênero com certo esmero. É filme raro.
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Grey Gardens
Os Homens que Não Amavam as Mulheres
O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus
Brilho de Uma Paixão
Fúria de Titãs
Li o teu blog, já diversas vezes, e vim lhe convidar a seguirmo-nos pelos blogs, para facilitar minhas leituras e interações
ResponderExcluirAbrass
Sigamos por aqui
http://josemariacostaescreveu.blogspot.com
Oi José Maria,
ResponderExcluirAceito deu convite e espero que encamoinhe seu endereço de blog para nos seguimos. O endereço enviado não consegui acesso.
Abraço.
Luzia