quinta-feira, 16 de setembro de 2010

“À PROVA DE MORTE” E OUTROS FILMES




Uma experiência musical do hoje octogenário, mas ainda ativo Alain Resnais é este “Amores Parisienses”(On Connaît la Chanson/França 1997) cuja trama pode se resumir na missão de duas amigas, uma procurando um apartamento para morar outra pensando em encontrar um milionário para conviver, conhecendo alguém muito próximo dessa qualidade social. As duas protagonistas e suas famílias circulam entre canções famosas (36 ao todo) circunscrevendo suas aventuras numa peça musical, o que poderiam dizer por suas palavras.

Certo crítico comparou o filme ao “Todos Dizem Eu Te Amo”(Everyone says I Love you/1996) de Woody Allen. Procede a comparação. Se o repertório do filme de Allen ganhava ênfase na ação, em Resnais sobra o feitio de opereta, e não se poderia exigir mais de uma produção européia. Nas vozes de Maurice Chevalier, Edith Piaff e outros nomes consagrados da canção francesa ficam ilustrações dos romances que surgem na tela de forma sutilmente esquemática. Aliás, é bom que o espectador que vai assistir ao filme saiba que se trata de um musical. Sem estar preparado para isso vai achar um romance enfadonho onde a ação é interrompida no áudio por melodias que desconhece (são composições antigas). Quando isto é proposital, é um modo de abordar a fórmula do romance na sua essência poética.

O diretor Quentin Tarantino responde presença no circuito extra belenense com “À Prova de Morte” (Death Proof/EUA,2007), filme B realizado como parte de um programa duplo com a produção de Roberto Rodriguez, “Planeta Terror”. Os amigos cineastas quiseram homenagear um gênero comum há 30 ou mais anos de filmes lançados nas “matinês” das salas de bairro (fato comum, por exemplo, aqui em Belém). O novo colocado por eles foi o estardalhaço irônico à concepção critica do que era visto como “trash”, no caso, alimentando ações de violência que nos velhos programas antigos era apenas citada (os protagonistas que eram baleados não sangravam e, muitas vezes, os chapéus de feltro dos “mocinhos” se mantinham incólumes em suas cabeças).

O fio condutor do argumento segue um dublê de filmes de ação que sai com seu carro matando garotas. Nos intervalos das corridas, as garotas conversam. Antes desse lançamento solo, com o filme colado na science-fiction de Roberto Rodriguez, havia pouca conversa. Foi o modo de esticar metragem, cobrindo boa parte do primeiro ato. Aliás, Tarantino quis mostrar o exagero como a marca do gênero, obviamente com o sarcasmo de quem analisa o que os críticos de ontem viam como exemplo de “bad taste”.

Interessante notar que tanto Tarantino como Roberto Rodriguez foram criados assistindo a filmes de baixo orçamento, o primeiro até quando era funcionário de uma locadora de fitas VHS. Muitos dessa geração quiseram testar suas preferências. Poucos tiveram a sorte e a criatividade desses dois hoje famosos cineastas.

“Amores Parisienses” e “À Prova de Morte” são os programas da semana nas salas especiais. O primeiro filme inicia uma carreira de fins de semana até o final do mês, no Cine Estação (no último dia, 26/9, fará a consagrada matinal de 10 h). O segundo começa a sua segunda semana de exibições no Cine Libero Luxardo (Centur), ficando em cartaz até domingo sempre as 19h30.

Outro programa especial é “A Cabeça de Mamãe” (La Tête de Mamam/França, 2007, 95 min.) que está em cartaz no cine Olympia e ficará até o próximo dia 19 sempre às 18h30. Produção inédita veiculada pela Cinemateca da Embaixada da França, com direção da jovem cineasta Carine Tardieu. Com Karin Viard, Chloé Coulloud e Jane Birkin. O enredo trata de Lulu uma jovem que convive com a mãe depressiva e hipocondríaca e que certo dia descobre uma foto desta aos 20 anos, mostrando-se feliz ao abrançar um estranho. Percorrendo os cenários onde sua mãe vivia decide encontrar o velho amor desta e asssim fazê-la recuperar o gosto de viver. Há uma história paralela que é focada na descoberta do amor de Lulu.

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