segunda-feira, 15 de novembro de 2010

ANIVERSÁRIO DE ‘O LIBERAL’




"O Liberal" completa hoje, 15/11, 64 anos. Nasceu como órgão político-partidário. Foi o recurso que Magalhães Barata, interventor federal designado pelo governo Getulio Vargas, usou para se defender dos ataques do jornalista Paulo Maranhão de “A Folha do Norte” desde que Vargas já não estava no poder quando no fim da 2ª. Guerra Mundial e não se via como o Brasil, participante do conflito contra uma ditadura, permanecesse com um ditador.

Criado para combater adversário, o jornal, mesmo assim , procurava não ser excessivamente panfletário. E acabou servindo ao nascimento de uma plêiade de jornalistas locais, pessoas que prosseguiram escrevendo para a imprensa depois que o órgão deixou a sua característica inicial e, em 1966 foi adquirido por Rômulo Maiorana, jornalista que se iniciou no colunismo social depois de uma fase de empresário.

A trajetória do jornal o leitor certamente encontrará em outro espaço do jornal impresso. Peço licença para um adendo no que se refere ao cinema.

Depois de abrigar alguns “experts” locais na análise de filmes, seja na edição normal seja em um tablóide semanal, Rômulo publicou na coluna que ele criou, “Repórter 70”, uma nota pedindo um crítico de cinema para as edições regulares. Nesse tempo, eu era apenas uma espectadora curiosa, esposa de um já veterano no ramo, Pedro Veriano. Atendi ao pedido sendo levada ao encontro de Rômulo pelo amigo Edwaldo Martins, conhecido do “italiano”(como chamavam RM) até pela afinidade de ambos. Muito tímida fui bem recebida e do currículo adiantei o meu acesso aos arquivos do Pedro. Creio que nessa época pensavam que era ele quem passaria a escrever meus textos sobre os filmes. Afinal minha formação básica no curso pedagógico refletia a aspiração das “mulheres da época” para a vida de casada.

Mas a essa altura eu já estava estudando para prestar vestibular na área das Ciências Sociais na UFPa. Entre outras qualidades da “dona de casa” me era atribuida a de “porteira” das sessões do então Cine Clube APCC, nos locais onde este exibia filmes: no auditório do Curso de Odontologia, na sede social da AABB e nos salões do Grêmio Literário Português. Mas o que importava pelo menos para mim, é que seguia sempre meu modo de ver um filme,às vezes diametralmente oposto ao do Pedro. E fazia questão que isso prevalecesse. Logo imprimi a minha marca e fiz a historia de uma coluna que existe até hoje.

O LIBERAL apoiou o cinema em várias instâncias. Lembro que editava páginas sobre o tema e a coluna, em si, era muito ampla. Tanto que apresentava diversas secções e abrigava leitores que assim ganhavam a chance de comentar publicamente os filmes em cartaz. Além disso, divulgava as sessões especiais, seja do cine-clube seja dos horários designados ao “Cinema de Arte” (embrião da empresa exibidora Cinema de Arte do Pará Ltda, ou Cinemas 1, 2 e 3), e abrigou o dono desse circuito exibidor, o amigo Alexandrino Moreira, então diretor do Banco Sul Brasileiro, como colunista especializado em roteiro de lançamentos de filmes numa página dominical.

Há um outro fato: quando o jornal comemorou os 50 anos,fiz um projeto e recebi ajuda de uma das diretoras do grupo, Rosângela Maiorana, para realizar uma pesquisa de seis meses sobre as colunas de cinema no jornal. E na edição de aniversário a pesquisa foi publicada em duas páginas. Com direito a entrevistas dos antigos articulistas do jornal.

Na minha jornada em O LIBERAL conheci pessoas admiráveis como Claudio Sá Leal, Eládio Malato, Aldo Almeida, Odacyl Catete, Ana Diniz, Orly Bezerra, José Menezes, Walmir Botelho, Sérgio Bastos, Vera Castro e muito outros. E se ganhei momentos felizes também enfrentei, como num filme de suspense, situações inusitadas como um depoimento na Policia Federal, no auge da ditadura, por ter publicado uma entrevista com o presidente do Sindicato dos Jornalistas, João Marques, considerada “forte” para os limites da censura da época. As situações hoje são partes da história. Do jornal e minha. E ao primeiro deixo meus parabéns pela data.

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