quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A GERAÇÃO HARRY POTTER






Tem sido dito que os jovens atuais se inserem na “geração Harry Potter”, correspondendo ao fascínio que as aventuras dessa figura e de seus parceiros dos livros de J.K. Rowling têm deixado aos garotos e garotas do mundo inteiro. O cinema se rendeu a esse fascínio e narrou em imagens os sete romances dessa escritora inglesa, ficando para julho do próximo ano a Parte 2 de “Harry Potter e as relíquias da morte”, cuja Parte 1 está em cartaz nos cinemas em cenário internacional.

De 1997 a 2007 a publicação dos livros pegou tradução para 69 idiomas, vendendo cerca de 400 milhões de exemplares, uma das mais vendidas da história no gênero infanto-juvenil. Os seis filmes realizados entre 2001 e 2009, a partir desses livros, já renderam cerca de US$ 5,4 bilhões.

Mas o que dizer do envolvimento dos jovens nesse mundo fantástico de Harry Potter em que há lances mágicos e fenômenos de bruxaria que operam na realização da aventura que os garotos vivem na Escola de Hogwarts? Como a sociedade mundial vê, de um modo geral, esse modelo e como podem ser traduzidos para o entendimento da influência nos jovens recém-saídos da adolescência? Ao adotar os valores em evidência na convivência dos grupos no interior da escola, o que esses jovens dessa geração estão conseguindo reter em torno de habilidades mágicas e em novos termos e nomenclaturas que os tornam qualificados de forma plena em outras engenharias existenciais?

No mundo do cinema, os filmes têm explorado modelos que já arrastaram inúmeras gerações conferindo-lhes os valores disseminados, revelando críticas de duas formas, pró e contra certas maneiras de ser. Harry Potter e suas várias acepções no olhar da escritora têm levado a modos de observar as aptidões dos jovens em diversos estilos, diferindo da tradição de uma escola-padrão onde só é possível aprender a ler e a escrever, como os meios eficazes de avançar para a área das profissões exigidas para o progresso social. O interessante nos livros e no filme é que a mágica aprendida pode ser o rito de passagem para as novas tecnologias da sobrevivência social.
Solidariedade, fidelidade, agregação, sabedoria, intuição, compromisso, responsabilidade são valores que circulam nessas “lições de coisas” de Hogwarts, fortalecendo os diversos meios de conhecimento possíveis de interagir. Condução e auto-suficiência são meios de testar a autonomia do saber. E o importante, o sentimento da amizade entre os três colegas – Harry, Hermione e Ronny – têm polarizado as lutas contra o gênio do mal encarnado em Lorde Voldemort e seu exército. E a saga tem mostrado que o saber mágicas não opera em alguns momentos e, ao perderem a proteção de seu líder Dumbledore terão que seguir sozinhos usando as experiências acumuladas para vencer os desafios da nova idade. Se em 2003, a Igreja se posicionou desfavorável à série quando o então cardeal e atual papa Bento XVI considerou que “a sedução sutil tendia a abalar a alma da cristandade antes que ela pudesse se desenvolver apropriadamente”. Em 2009 já havia outra versão. O jornal oficial da igreja, L’Osservatore Romano, disse que essa obra pregava “valores como amizade, altruísmo, lealdade e auto-sacrifício”.

Literatura e cinema têm demonstrado parceria na composição desse mundo de mágicas inventadas por J.K. Rowling. E têm contribuído para que nessas andanças pelos modelos narrativos seja pensada a diversidade. Da própria arte, das pessoas, dos conhecimentos. O encantamento está na quebra dos padrões.




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