O dia de hoje, 25 de novembro, foi reconhecido em 1999 pelas Nações Unidas como o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres. O assassinato das irmãs Patrícia, Minerva e Maria Teresa Mirabal, por agentes da ditadura de Trujillo, na República Dominicana, em 1960, levou a uma onda de protestos dos movimentos internacionais dos direitos humanos. Os movimentos de mulheres fortaleceram esses protestos promovendo a Campanha dos 16 Dias de Ativismo contra a Violência contra as Mulheres iniciando-se hoje com o fecho em 10 de Dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Esta coluna não poderia deixar de enfocar o lado das imagens do cinema sobre esse tema apontando filmes que refletiram a violência contra a mulher desde os seus primórdios. Ainda na fase silenciosa títulos como “Aurora” (Sunrise 1928) de F. W. Murnau e “Lirio Partdo (Broken Blossom 1919) de D. W. Griffith registraram exemplos de maltrato à mulher na área familiar. Isto sem falar em melodramas muito populares na época em que as histórias davam conta de mulheres que sofriam duras penas, seja no ambiente doméstico seja em sua trajetória para uma identidade profissional. É interessante ver como eram tratadas essas evidências de violência doméstica, sem a perspectiva dos dias atuais.
Mas foi na fase sonora que os tipos ganharam mais consistência. Ninguém esqueceu as duas personagens que Giulietta Masina interpretou em trabalhos de seu marido Federico Fellini: “A Estrada da Vida” (La Strada,1954) e “Noites de Cabiria” (Noti di Cabiria,1957). No primeiro, a violência se faz pelo enfoque da menina que é “oferecida” pela família ao brutamonte Zampanô que, inclusive, a estupra. No segundo, a prostituta que é quase assassinada pelo namorado ladrão. Fellini também mostraria os traumas de uma vida conjugal em “Julieta dos Espíritos”(Giullietta Degli Spirit,1965 ) titulo que dedicou à atriz-esposa. Diz da tensão da mulher casada ao constatar os constantes “casos amorosos” do marido.
Joan Crawford exemplificaria a mulher torturada dentro de casa por um parente próximo, no caso, sua irmã, em “O Que Terá Acontecido à Baby Jane “(Whatever Happened to Baby Jane, 1968) de Robert Aldrich. Outro desempenho dessa atriz em “Alma em Suplicio” (Mildred Pierce 1945) enfocaria a relação traumática da mãe pela ação violenta de sua própria filha. Crawford, no plano real, foi denunciada pela filha a quem submetia a castigos e atos de tortura, fato que chegou a público num livro de sucesso e, em seguida, no filme “Mamãezinha Querida”(Mommie Dearest 1981 ) de Frank Perry. Neste caso, evidencia-se a situação de violência doméstica contra a criança.
O cinema brasileiro guarda um exemplo antológico sobre a violência contra a mulher. Em “Anjos do Sol” (2006) de Rudi Lagenann, a narração capta uma menina do interior que é praticamente vendida pelos pais miseráveis para o mercador que serve a um bordel. É um dos filmes-denúncia que também acusa o plano doméstico de ser o responsável pelo abuso sexual infantil.
Exemplo marcante de mulher brutalizada viu-se em “Monster, Desejo Assassino”(MOnster, 2003) de Patty Jenkins com a atriz revelada no papel e vencedora do Oscar por isso, Charlize Theron. Um caso real tratando da primeira mulher no mundo a denunciar como crime, o assédio moral, numa empresa de mineradores.
Nos melodramas, de um modo geral, a mulher é a vitima. Seja nas produções de Hollywood, como “Stella Dallas”(1939) de King Vidor, onde a mãe não media sacrifício para dar à filha uma posição social; seja no semelhante “Imitação da Vida”(Imitation of Life, 1959) a segunda versão com Lana Turner, atriz presente em “Madame X”(A Ré Misteriosa,1966) de David Lowell Rich. No papel de esposa e mãe, que a sogra-avó faz desaparecer da vida do marido-filho. Anos depois vem a ser defendida, num caso de homicídio, pelo próprio filho, que deixou em criança. Este é um exemplo de violência psicológica que tem precedentes nos inúmeros crimes praticados contra as mulheres.Entre os exemplos de filmes latinos, registra-se a produção mexicana com um título-chave do tema: “Pecadora”(1948, de Ramon Armengod). A situação da prostituta mostrava o desprezo social, a submissão ao cafetão e o fim sempre em declínio.
Há muito mais filmes, lembro estes como compromisso pessoal.
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