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sexta-feira, 12 de novembro de 2010
TRINTA E OITO ANOS
PANORAMA está completando hoje 38 anos. Um cineasta nacional já disse que ele pode estar entrando no Guiness Book se for considerado que não parou (exceto em férias regulamentares), não mudou o nome (dado pelo dono do jornal, Rômulo Maiorana) ou deixou de privilegiar comentários de filmes.
Não tenho a pretensão de assumir o “pecado” do orgulho. Mas fico muito feliz em saber que “estou”. PANORAMA nasceu quando já havia uma crítica de cinema formada na cidade de Belém por pessoas que estudavam o tema e escreviam muito bem sobre ele.
Comecei timidamente, na época sem mesmo saber manipular corretamente a máquina de escrever (a velha Olliveti letera), limitando minha atuação de cinéfila na visão constante de filmes ditos “de arte” nas sessões cineclubinas (seja no CC-APCC seja no “Cine Bandeirante”, de Pedro Veriano) e na leitura cada vez mais constante de livros básicos sobre o assunto (nunca fui de tratar um tema sem conhecimento).
Fico feliz em saber que a coluna revelou outros cinéfilos e críticos. Até mesmo cineastas. Leitores dos primeiros tempos não só passaram a escrever em secções como “Opinião do Leitor” e “Corte & Montagem” como a filmar em Super 8 ou 16mm.
Devido a minha investida no jornalismo especializado cheguei a dirigir por alguns anos a filial da Embrafilme (Empresa Brasileira de Filme) no norte do país. Trabalhei na área que abrangia o CONCINE (Conselho Nacional de Cinema) na época árdua do governo militar quando a censura exigia cortes em películas e fazia cumprir rigidamente a quota de exibições de filmes nacionais. Esta fase de meu currículo em cinema não é das mais lisonjeiras, mas eu a cumpri de forma a não ter más lembranças.
Bons momentos, além de fomentar a exibição de bons filmes numa época em que o ramo (exibição) não era, como hoje, globalizado (agora uma estréia em Los Angeles é uma estréia local), foram as mostras, ou festivais, que procurei organizar. Além do I Festival do Cinema Brasileiro em Belém (1974), houve a Mostra do Cinema Amador Regional em 2 etapas (dois anos), e sessões especiais que a coluna patrocinou, de alguma forma. Além disso, presidi a Associação Paraense de Críticos Cinematográficos (APCC) em um período, ocasião em que conseguimos alugar uma sala onde funcionou a sede da entidade. Ali tinhamos nossa biblioteca e realizamos um curso de cinema que contou com a presença do cineasta Joaquim Pedro de Andrade (de “Macunaima”) e do produtor César Mêmolo. Isso no período de ditadura quando era comum a presença de agentes policiais federais na platéia.
Desde a década de 1970 tomo parte na lista dos melhores filmes do ano realizada pela critica local. E ultimamente criei o meu blog onde ganho o espaço que diminuiu bastante no jornal.
Paralelamente à minha atuação como colunista de cinema fiz mestrado e doutorado em Ciência Política e consegui, como consigo até hoje, conciliar meu tempo para dar conta de tarefas nem sempre afins.
Quase coincidindo com o aniversario de O LIBERAL (que é dia 15), lembro, todo ano, a confiança que Rômulo Maiorana depositou em mim, uma “caloura” em meio a tantos nomes consagrados. Cada aniversário deste espaço é uma homenagem a ele. Minha vida profissional devo a esse incentivo.
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