Quando a série “Harry Potter” chegou ao cinema pelas mãos de Chris Columbus (diretor de “Uma Babá Quase Perfeita” e “Esqueceram de Mim”), o ambiente da infância, tendendo à adolescência, era reproduzido até mesmo na exposição das imagens. Uma fotografia clara, um grupo de jovens que entrava na escola (mesmo uma escola de bruxaria como Hogwarts), iluminavam a ação. Com o prosseguimento das adaptações dos livros da escritora inglesa Joan K. Rowlings, as situações foram mudando. Obviamente mudariam visto que os tipos cresciam. Mas a concepção gráfica passou a ser dark, estimulando os problemas que passaram a cercar todos os figurantes, especialmente o trio amigo composto de Harry (Daniel Radcliffe), Rony (Ruppert Grint) e Hermione (Emma Watson).
A base do novo episódio da saga, o último dos livros de Rowlings, é a busca da alma do vilão Lorde Vandemort, dividida em partes, as Horcruxes (objetos mágicos onde se inserem a alma desse bruxo, impedindo-o de morrer). Para isso, o trio sai de Hogwarts e percorre uma Londres fantasmagórica, adentrando por cenários do passado, como a casa da família de Harry e de uma tia de Rony.
O livro foi dividido em duas partes pelos estúdios da Warner por duas motivações: não só melhor adaptar o extenso volume literário como - e principalmente – visando lucrar com os momentos finais de uma franquia que apaixonou uma e meia gerações (digo assim visto que os filhos da primeira já se inscrevem no clube dos “pottermaniacos”).
Os que já conhecem a obra original sabem como vai se dar a luta quando houver apenas uma Horcruxe para fechar o encanto do vilão. Mas este segredo fica para julho do próximo ano. Neste “Reliquias da Morte 1ª. Parte” (Harry Potter and the Deathly Hallows: Part I, UK, 2010, 153’) o que se vê é a gana dos bruxos malvados da escola, ou do Conselho, para matar Harry e interferir nas estratégias deste e de seus amigos para fugir aos esquemas, conseguindo, de uma feita, que várias pessoas adotem a imagem do herói.
Não há, desta vez, vôos em vassoura. Nem se tem a simpática atuação de Dumbledore (Michael Gambom), o professor amigo de Harry e que na aventura passada morreu pelas mãos de emissários de Vandermort. É a hora dos heróis se mostrarem adultos o bastante para sobreviverem aos ataques que vão de mágicas a violência explicita.
Quem acompanha a saga do bruxinho em cinema, ou conhece os livros que deram origem a ela, vai ver “Harry Potter e as Relíquias da Morte” com o prazer de quem está reencontrando familiares. Mas quem não é desse grupo ( ou dessa “tribo”), sinceramente, vai “sobrar” assistindo ao filme. Pessoalmente estou no meio do fogo, ou melhor, conheço algumas passagens das histórias através de filhas e netos (não de leitura) e confesso que me senti perdida em muitos momentos da projeção. Mas isto não invalidou a minha avaliação do que almejou realizar o diretor David Yates, o mesmo dos dois últimos filmes da série. A proposição de um mundo escuro, de uma “longa jornada dentro da noite” (a citar Eugene O’Neil) é percebida não só graças ao desenho de produção, que soube acomodar a ação em cenário ermo e amedrontador como à fotografia primorosa do português Eduardo Serra .
Os que acompanham Radcliffe e amigos sentem que os pré-adolescentes adoráveis dos anos ointenta perderam um pouco do charme na idade adulta. Mas têm sido fiéis ao que lhes reivindica um cineasta bem acomodado na trama. Os fãs da história vêem esboço de romance que deve partir para maior seriedade, apostando no namoro entre Harry e Hermione. Mas já se entende neste filme que as coisas não vão correr por aí.
“Harry Potter”fez história nos livros e nos filmes. A sua popularidade fez cienastas se voltarem para outros títulos da literatura inglesa como os de Jonald R.R. Tolkien (africano do sul que escreveu “O Senhor dos Anéis”) e C. S. Lewis (irlandês de “As Cronicas de Nánia”). Isso foi bom, pois revelou que há muitas aventuras ainda virgens para contemplar o interesse das crianças de ontem e de hoje, através do cinema e da literatura.
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