Dois filmes “de gangster” de realização francesa dos anos 60/70 circulam em DVD no Brasil: “Gangster de Casaca” (Melodie en Soul-Sol/1963) de Henri Verneiul e “Borsalino” (1970) de Jacques Déray. Em ambos, o protagonista é o veterano ator Alain Delon, na época interpretando papéis de vilão com vistas a esvaziar a imagem estereotipada colada a ele, de “mocinho bonito”.
O primeiro filme apresenta o veteraníssimo Jean Gabin como um antigo ladrão que sai do presídio disposto a executar o seu maior roubo - e o último. Trata-se do assalto a um cassino na região de Coté D’Azur. Quanto a Delon é o calouro que se apresenta para ajudá-lo. Tudo é muito planejado e o percurso até o cofre-forte do cassino, estruturado através do duto de ar condicionado, gera o suspense. Anos antes, aliás, o diretor francês Jules Dassin explorou no clássico “Rififi”(Du Rififi Chez les Hommes, França, 1955). Claro que na sequencia final os assaltantes se dão mal, mas é um tipo de epilogo tragicômico inventivo. É ver e admirar.
“Borsalino”(França, 1970, foto) tem Jean Paul Belmondo dividindo o território de furtos com Delon. Logo no inicio há uma briga dos dois que se insere entre as melhores do cinema. Muito bem montada sem que sejam notados os dublês que trabalham substituindo os atores para que estes não se machuquem. A trama denuncia a corrupção na área de negócios e na política, com Michel Bouquet brilhando no estereotipo do milionário corrupto. Este filme não apresenta um final apoteótico como o de Verneuil e os gângsteres que se mostram simpáticos aos espectadores (não à toa são interpretados por astros do cinema europeu), levam a pior em todos os sentidos.
Vale rever “O Espantalho”(Scarecrow/EUA,1973) de Jerry Schatzeberg diretor considerado “enfant terrible” por não se sujeitar às regras dos grandes estúdios de Hollywood, e inativo desde 2000 quando realizou “The Day the Ponies Come Back”. Gene Hackman protagoniza o andarilho que segue pelas estradas procurando o lugar almejado para montar uma lavadora de carros. No caminho, ele encontra o tipo vivido por Al Pacino, da mesma forma querendo se firmar e por isso abandonando a companheira com quem vivia e estava grávida. Nomeando o novo parceiro de espantalho argumenta que as aves não temem os bonecos nas plantações e sim riem deles. A longa jornada oferece múltiplas situações e tipos que ajudam na análise dos personagens principais. A proposta para isso usa de muitos grandes planos ao contrário do comum em cinema intimista. E assim reforça a imagem do homem no meio, lutando para se projetar num cenário árido. O filme foi premiado no Festival de Cannes, na categoria de melhor diretor.
Também está para ser revisto “Quando só o Coração Vê”(A Patch of Blue/EUA,1965) de Guy Green com Sidney Poitier, Shelley Winters e a então novata Elizabeth Hartmann, interpretando uma jovem cega de infância que a mãe trata como uma doméstica, sem qualquer demonstração de afeto. Nas poucas visitas que faz a um parque, a jovem conhece um vigilante negro que lhe devota um carinho nunca encontrado nos familiares. Ela se apaixona por ele, mas não chega a se transformar em um romance. O filme corta o “lugar comum” e não se pense que por isso é preconceituoso: há uma conscientização de que o benfeitor da cega não a quer como esposa-amante. Sem que se coloque o fato de ser “de cor” em uma região preconceituosa (que não é o caso). Há ranço de melodrama, mas Elizabeth Hartman (1943-1987) convence. Ela ganhou o Globo de Ouro por seu papel.
DVDS MAIS LOCADOS (FOXVIDEO)
1. A Origem
2. Meu Malvado Favorito
3. Eclipse
4. O Aprendiz de Feiticeiro
5. Shrek Para Sempre
6. Karatê Kid (2010)
7. A Ressaca
8. Instinto de Vingança
9. Diário de um Banana
10. Perdedores
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