quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O TURISTA



Como tem sido evidenciado neste espaço, a produção ou os que acham que um “remake” promove melhor a comercializção de um filme, mais uma vez apostam em um retorno a uma história já levada ao cinema. O cinema francês, por exemplo, teve uma primeira versão de “O Turista”, de título “Anthony Zimmer, a Caçada” de Jerôme Salle (2005). No protagonismo está Yves Attal (François Taillandier), o tímido viajante que a bela Chiara (Sophie Marceau) encontra, ciente de que se trata do esperto ladrão de ladrões, perseguido pela máfia russa e pela policia inglesa.

Na versão norte-americana que está nas telas brasileiras, “O Turista”(The Tourist/2010) é encarnado por Johnny Depp (Frank Tupelo), um jovem professor, aparentemente frustrado em lances amorosos, que se lança numa viagem por países europeus. Nos dois filmes, as aparências enganam e é nisso que se baseia o roteiro, cheio de inverossimilhanças, mas divertido na medida em que é bem manipulado pelo diretor alemão Florian Henckel Von Donnersmarck, e tem no elenco nomes de proa da indústria cinematográfica atual: além de Depp, a bela Angelina Jolie.

Nos dois filmes, o interesse está na inteligência do ladrão em enganar sabidamente um poderoso mafioso, roubando milhões de dólares de um cassino, além de refletir na ambivalência da heroína (que na versão atual se chama Elise Ward), podendo ser uma fiel escudeira do criminoso e/ou uma espiã da famosa Scotland Yard.

O caráter de superprodução leva a filmagens em locações como Paris e Veneza. Nos canais da cidade italiana dá-se o “suspense” da caçada, quando os dois pólos (a lei e a marginalidade) estão cercando a “mocinha” e devem alcançar o herói-vilão. Mas o que é importante na historia é que jamais se vê o personagem que motiva a trama de “O Turista”. Depois de uma cirurgia que lhe mudou a face, o ladrão é um enigma. E a base da aventura com a licença romântica para agradar a todas as platéias.

Quem assistiu ao filme anterior do diretor “A Vida dos Outros”, vencedor do Oscar para filme estrangeiro, decepciona-se com a narrativa acadêmica e todos os cacoetes de cinema industrial norte-americano. Mostra como um cineasta europeu, iniciado em filme denso, adere com facilidade ao ritmo de produção que gasta muito para ganhar muito (além do salário alto dos atores há muito motivo para se estimar o quanto consumiu a produção do novo filme).

Quem procura cinema como diversão pode achar um bom programa. Johnny Depp chegou a ser candidato ao Globo de Ouro por seu papel. Realmente ele imprime uma nova postura, bem distante do pirata gaiato de “Piratas do Caribe” e de suas aparições nos trabalhos de seu amigo TimBurton (desde “Edward Mãos de Tesoura”). Quanto a Angelina, bem produzida e demonstrando a sua bem cuidada silhueta, brinca com o papel como brincou de super-heroina em “Tomb Rider”ou no recente “Salt”. Certamente ela não é de escolher apenas papéis densos como em “A Troca” e “Garota Interrompida”.“O Turista” deve ser visto como uma brincadeira de alto custo e visual digno do titulo. Nada mais.

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