terça-feira, 22 de março de 2011

LIXO CINEMATOGRÁFICO




No documentário “Lixo Extraordinário”(Waste Land/EUA,Brasil 2010) candidato ao último Oscar do gênero, o artista plástico brasileiro Vik Muniz mostra como elabora seus quadros com elementos do lixo, seja tinta de diversas fontes seja até mesmo açúcar. E disserta sobre seu plano de intensificar um trabalho social com catadores de lixo do Rio de Janeiro de um dos maiores aterros sanitários do mundo, o Jardim Gramacho. Nesse espaço ele vai aproveitando para entrevistar líderes do movimento e os catadores pd e demonstra que essa é uma das categroias contemporâneas que deve se equipar socialmente para enfrentar suas dificuldades. Apesar de certas sequencias não muito felizes daí porque o filme deve ter deixado de receber a estatueta, o documentário foi premiado em Paulinia e pode ser considerado um bom filme.

Mas a “deixa” sobre o filme me levou a pensar em outro “lixo” o cinematográfico.

Em se tratando de cinema, como linguagem e temática, há muito lixo a desafiar a capacidade de aproveitamento estético. “Vovó Zona 3, Tal Pai Tal Filho”(Big Mommas,Like Father Like Son/EUA,2011) por exemplo, é uma anedota mal contada e esticada. Martin Lawrence volta a se vestir de mulher idosa e obesa (duplo preconceito) para investigar um assassinato presenciado por seu enteado Trent (Brandon T. Jackson). O jovem é descoberto pelos criminosos e há um pendrive com elementos ligados ao crime que só ele sabe onde está. Para salvar o personagem, Lawrence volta ao papel de Big Mamma que rendeu dois filmes de boas bilheterias.
O que acontece é previsível e tanto roteiro como direção querem apenas reforçar o ridículo do tipo, uma figura que até as nossas velhas chanchadas usavam de forma homeopática. Neste novo exemplar também há outro travesti, o jovem Trent. E, obviamente, ele vai se encontrar com muitas garotas e se apaixonar por uma delas.

“Vovó Zona 3, Tal Pai Tal Filho”, como as aventuras anteriores da personagem, direciona-se a um tipo de platéia que não vê no cinema mais do que um “passatempo”(e desconhece,certamente, que tempo não se passa, se ganha). As cópias exclusivamente dubladas dizem o destino do programa. Um crítico que se aventure a ver Lawrence ajeitando a calcinha nas nádegas gigantes é do tipo que enfrenta os ossos do oficio.

Mas o filme dirigido por John Whitesel não está só nas bilheterias onde há lixo. Adam Sandler e amigos divertem-se bastante filmando “Esposa de Mentirinha”(Just Go With It/EUA,2011). Sandler é um dos produtores, amigo do diretor Dennis Dugan, da atriz Jennifer Aston, e praticamente de todo o elenco (não sei se de Nicole Kidman que está na festa certamente para também se divertir ganhando dólares). A trama focaliza um cirurgião plástico (Sandler) que para conquistar uma garota bem mais jovem que ele combina com a secretária (Aston) para interpretar uma esposa em pé de divorcio, com dois filhos a reboque. E são as crianças que farão as trapalhadas prejudiciais à conquista (e pontos para a mamãe). Tudo previsível e todos rindo bastante. Resta saber se por aqui as risadas são correspondidas. Pode até ser, pois o filme, como o anterior “Gente Grande” da mesma equipe, está ganhando dias em cartaz em todos os horários. Sinal de faturamento.

Mas o lixo não termina por aí. Não assisti ainda “Passe Livre”(Hall Pass/EUA,2011) dos irmãos Farrely, famosos pela deselegância de suas comédias, mas a expectativa é que siga a linha adotada por esses cineasta, à maneira de “Quem Vai ficar com Mary?”. No enredo explora o tema sobre mulheres casadas que dão franquia aos maridos por determinado tempo e, quando eles estão na maior farra, descobrem que elas também estão pulando a cerca. A comédia repousa em outro tipo de preconceito: a união de um homem e uma mulher, feita por amor, pode se transformar logo numa prisão e o que de melhor um parceiro pode dar ao outro é um “passe livre”do titulo, ou seja, participar de novas aventuras românticas. Owen Wilson, famoso desde o constrangedor “Penetras Bom de Bico”, pode vender ingresso. O filme está em 5° lugar nas bilheterias noorte-americanas na semana passada.

É isso, “lixo” pode ser também essa enxurrada de comédias sem atrativo estético.

( Imagem extraida de mirandonocinema.wordpress.com )

Nenhum comentário:

Postar um comentário