quarta-feira, 2 de março de 2011

OSCAR SEM SURPRESAS




Este ano a Academia de Hollywood fez justiça. Pelo menos no meu entendimento. Os prêmios principais me pareceram impecáveis: “O Discurso do Rei” como filme, diretor, ator e roteiro adaptado; “Cisne Negro” como atriz; “O Vencedor” como ator e atriz coadjuvantes; “A Origem” com os prêmios técnicos e “Toy Story” como animação e canção. Se a “Rede Social” levou prêmios menores, não se culpe os votantes, mas o importante momento de mostrar que os jovens ainda precisam aprender mais em ética para chegar ao compromisso de um “rei gago” eexpressando o antibelicismo.

O desempenho de Colin Firth como o rei inglês George V foi excelente a ponto de se inscrever entre os melhores da história do cinema. Alguns momentos do aprendizado vocal com Geoffrey Rush e uma cena em que o monarca chora diante de sua dificuldade de fala são emotivos sem deixar de lado o aspecto histórico. O filme é mais um capítulo da história da Inglaterra que vence em competição norte-americana. Lembro de “O Homem que não Vendeu sua Alma”(A Man for All Seasons, UK, 1966) onde o ator veterano Paul Scofield, como Sir Thomas Morus, brilha no protesto ao casamento do rei Henrique VIII com Ana Bolena. E o mesmo rei serviu de tema a “Ana dos Mil Dias”(Anne of a Thousand Days, UK, 1969) de Charles Jarrot, este sem Oscar principal mas agracidado com premio menor e aval da critica.

A hora de Colin Firth ser reconhecido como ator versátil foi esse momento. Brilho em comédias como em “O Diário de Bridget Jones”(2001), Quando Me apaixono”(2007), “Tudo o que uma Garota Quer”(2003), “Simplesmente Amor”, (2003) ou em drama “O Direito de Amar”(2009) e até em aventuras como o oficial romano Aurelius em “A Última Legião” (2007) podia ter estigmatizado seu desempenho, além de ser “bem inglês”, mas desta vez o Oscar mostrou que o talento está acima de xenofobia.

O jovem diretor Tom Hooper revelou-se como um dos mais promissores cineastas do atual cinema norte-americano e o roteiro de David Seidler confirma o talento de um veterano com 19 titulos na sua filmografia.

Quanto a Natalie Portman, preferida em todas as apostas, assegurou o seu Oscar pelo desempenho em “Cisne Negro” onde ela não só interpreta um drama como mostra seu talento como bailarina.

Os atores coadjuvantes de “O Vencedor” estavam também na linha dos favoritos. Melisa Leo havia perdido a sua estatueta há três anos quando interpretou a sensível esposa abandonada na fronteira dos EUA com o Canadá em “Rio Congelado” (Frozen River), e Christian Bale, que chegou a emagrecer bastante para o papel do irmão viciado em drogas do campeão de boxe Micky Ward (ele interpreta Dicky), nem de longe lembra o garoto de 11 anos que vivia longe dos pais num cenário de guerra no oriente, em “O Império do Sol” (Empire of the Sun/1987) de Steven Speilberg.

Em técnica, realmente “A Origem” procede. A boa idéia de Christopher Nolan daria outro filme se a densidade dramática superasse o espetáculo. E “Rede Social” venceu certo o roteiro adaptado e a trilha original embora considerasse a montagem de “Cisne Negro” e “127 Horas” bem mais interessantes.

Na noite da premiação Kirk Douglas teve sua aparição bastante aplaudida, representando a Holçywood lendária. E brincou com os colegas. Saudade prosseguiu na seqüência dos astros & técnicos falecidos no ano passado, parte do programa exibido todos os anos. Muitos talentos se foram, mas o cinema possui a vantagem de expor sempre essas pessoas a quem aprendemos a admirar. Valeu.


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