segunda-feira, 18 de abril de 2011

BRINCANDO DE ASSUSTAR










Depois de manter uma trilogia iniciadas em 1996, de título “Scream”(Pânico), Wes Craven, cineasta que já havia criado no gênero “terror” um assassino serial de nome Freddy Krueger (“A Hora do Pesadelo”), resolve voltar ao assunto com este “Pânico 4”(Scream 4/EUA, 2011), uma desesperada tentativa de explorar a mina aparentemente exaurida.

A fórmula de Craven e seu roteirista de sempre, Kevin Williamson, recebeu uma reformulação que se apegou à autocrítica. Nada melhor do que tratar o ridículo expondo esse ridículo. E foi o meio de fazer com que a quarta investida na série “Pânico” ganhasse interesse, indo bem nas sessões prévias e obtendo um lançamento internacional esta semana.

O roteiro abre com a volta da personagem do primeiro filme, Sidney Presoctt (Neve Campbell) à sua cidade, Woodsboro, pra lançar um livro sobre a sua experiência com o “serial killer” de uma década atrás. Lá ela vai encontrar o parceiro, agora xerife, Dewey Riley (David Arquette) e a jornalista, agora esposa dele, Gale Weathers (Courtney Cox). Fatalmente vai encontrar, também, o assassino mascarado, Ghostface (Dane Farwell). Claro que os tempos mudaram, há outras figuras em cena, e o mascarado não é o mesmo tipo de antes. Mas os crimes recomeçam e dessa forma o filme se reinventa. Na sequencia de abertura, duas garotas recebem telefonema ameaçador e em seguida são atacadas pelo Ghostface. Percebe-se, logo depois, que se trata de um filme que está sendo assistido na TV pelas duas meninas. E se elas se mostram sorridentes com os assassinatos da série que assistem, acabam sendo vítimas da mesma forma. Ainda aí é outro filme. E no processo real, com duas personagens da mesma idade e gênero, a ação se repete.

Esta idéia de misturar cinema com quem vê cinema é a primeira chave cômica ou a primeira “pegadinha” de Craven & Williamson. Há o interrogatório já usado: “- Qual o melhor filme de terror que você já viu?” Só que desta vez citam-se muitos títulos. Todos da fase que vai das últimas décadas do século passado à primeira deste século. E na alusão chegam às criticas. Por exemplo: uma das garotas cita “Jogos Mortais 4”. A outra diz logo que “o filme é uma m....”. A platéia só falta aplaudir. E prosseguem menções a coisas como “Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado”, títulos que vão se mesclar à ação do novo “Pânico” como que lembrando que o/a espectador/a está assistindo a outro besteirol, embora este seja consciente, saiba em que terreno pisa.


As pilhérias são muitas, não só em falas - para quem pode ver o ridículo no bizarro - e em certas ações do criminoso. Há também pistas falsas para o Sherlock da platéia. A nova roupagem de “Pânico” vai até a um cineclube universitário onde os alunos dissertam sobre teoria do cinema com paixão, mas acabam vitimas do que pretendem levar da teoria à prática. O enfoque de Craven, nesse caso, é transformar esses jovens “teóricos” nos próprios criminosos.

Fazendo metacinema, o diretor conseguiu impor a seu novo trabalho um patamar de divertimento interessante para cinéfilos em geral. Há até mesmo citações de nomes de atores, como Bruce Willis. Certamente colegas amigos de Craven, possíveis espectadores a rir do engenhoso esvaziamento de uma franquia que pode, por este caminho, chegar à outra.

Como referi anteriormente, “Pânico 4” foi lançado internacionalmente na última 6ª Feira. Os aplausos nas prévias levaram a produtora Dimension a exigir uma estréia de vulto. E até que a medida procede, posto que a temporada de produções comerciais está fraca na fonte mais visada (Hollywood). Não é só a dupla de “Pânico”, mas outros autores de filmes sabem que os bons roteiros estão cada vez mais raros. Os estúdios/empresas é que decidem a produção, agora para um público adolescente. E o conceito do gosto dessa faixa etária paira sobre o videogame e os sustos para assistir com namoradas(os). Se surgir uma vida nova ao Ghostface não será de espantar. O mercado está recuperando em remakes o que já deu certo, como é possivel chegar a “desenterrar” os 3 Patetas ou inventando outros no gênero...

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