quinta-feira, 14 de abril de 2011

O GAROTO DE LIVERPOOL



John Lennon tem recebido o preito de amor da maioria dos que conheceram a banda de rock britânica “Beatles”. Compôs uma canção que virou legenda e gestual – “Give peace a chance – Dê uma chance a Paz” –, afastou-se do grupo criando para si uma nova agenda de vida junto com a então esposa Yoko Ono. Conseguiu mexer na discussão sobre a violência bélica e sacudir os jovens de sua época. Tornou-se um ícone que ainda hoje envolve a nova geração. Seu assassinato em 8 de dezembro de 1980 comoveu o mundo.

O filme “O garoto de Liverpool”(Nowhere Boy/UK, Canadá, 2009, 98 min.) ora em cartaz no Cine Líbero Luxardo (CENTUR) é baseado num texto biográfico da co-irmã do músico, Julia Baird, com roteiro de Matt Greenhalgh. Explora a adolescência e juventude de Lennon (Aaron Johnson) na companhia dos tios, reencontrando a mãe Julia (Anne Marie Duff) após a morte de George (David Threlfall), o tio com quem tinha afinidades, pois ele iniciou o garoto dando-lhe aulas de gaita.

Entre visitas prazerosas e certa vez procurando aconchegar-se com a familia que a mãe construíra, sem ser aceito pelo padrasto, manteve-se na casa da tia Mimi (Kristin Scott-Thomas) que sempre o acolhera desde que ele era criança e que o ajudou no início de carreira, quando Lennon organizou a sua primeira banda.

O filme, dirigido por Sam Taylor-Wood, não vai até ao auge da carreira dos Beatles. Apresenta os arranjos iniciais da banda de rock “The Quarrymen” que John organizou na Quarry Bank Grammar School em Liverpool, junto com outros colegas, originando dai os Beatles. Esse primeiro grupo é marcado pela euforia mundial com Elvis Presley (até o modo de ser é do cantor norte-americano) e exibe os primeiros encontros de John com Paul McCartney (Thomas Brodie-Sangster, de “Simplesmente Amor, 2003) e com George Harrison (Sam Bell), não chegando a mencionar Ringo Starr. Termina quando a turma segue para Hamburgo, na Alemanha. Mas o que interessa é o relacionamento do cantor-compositor com a família. Especialmente com as duas mulheres que foram capitais na sua formação. Mary “Mimi” Smith é reservada, rígida na educação do sobrinho. Apenas em um momento, quando John se despede para viajar, ela chora.


Por outro lado, Julia Stanley(Anne Marie Duff) é extrovertida, o protótipo da juventude apesar da idade, e quem incentiva o filho a aprender a tocar. Certa vez, ao ser questionada por John do “porque Deus não o fizera Elvis Presley” , ela retrucar: “Porque ele lhe fez John Lennon!”. Através do tipo que o filme constrói é com ela que Lennon tem seu primeiro contato com instrumentos como o banjo , o ukelele e o rock and roll (que ela diz "quer dizer sexo"). Dá para se imaginar a origem da canção que John faria com o nome dela, “Julia”. E esta jovialidade que passa ao garoto é ainda mais saliente na memória que resta quando, a seu lado, Julia é atropelada e morta.

“O Garoto de Liverpool” é um filme simples, narrado sem “flash-back” ou outros artifícios formais. E segue ao que se presume serem as impressões de John, como o modo de ele encarar o primeiro companheiro que lhe seguiria depois na famosa banda: Paul. No caso, é um jovem da mesma escola, que lhe é apresentado como hábil guitarrista. E o novo colega é quem diz que os dois deveriam compor suas próprias canções para ganhar público em suas performances.

A gênese dos Beatles já esteve no cinema, mas desta vez o que se pretender mostrar é como o rock chegou aos rapazes ingleses, especialmente em uma cena do interior de um cinema onde John vê Elvis Presley. O ícone norte-americano teria estimulado a juventude inglesa. No mais, o roteiro foge de assuntos correlatos como a evidência ao empresário do grupo e como este grupo se projetou em Londres e em seguida numa primeira viagem à America.

Os Beatles estreariam no cinema através do trabalho de um diretor norte-americano, Richard Lester (em “A Hard’sw Day Night”/Os Reis do Ie Ie Ie, afinal uma forma de mostrar o ritmo funcionalmente, com uma edição anômala para a época).

Não precisa ser “beatlemaniaco” ou nostálgico do mais famoso conjunto de rock nos anos 60. O filme deve agradar a todos. É bem realizado e não quer ser mais do que as memórias de Julia Baird registra. Uma cine-biografia dos anos de adolescência e juventude de John Lennon. Imprenscindível aos que curtem o garoto de Liverpool. Estou nessa!

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