Nas escolas norte-americanas, cenário que o cinema elegeu ultimamente em suas representações nos enredos dos filmes, não freqüentam apenas os vampiros imaginados pela escritora Stephanie Meyer. Há também seres de outro planeta. Pelo menos é o que imagina Jobie Hughes e James Frey em um livro e Alfred Gough, Milles Millar e Marty Nixon em um roteiro que o produtor Michael Bay e a Dream Works de Steven Spielbeg ( a agora Disney) apresentou para o cineasta D.J.Caruso (“Paranoia”, “Tudo por Dinheiro”) dirigir: “Eu Sou o Número 4” (I Am Number 4/EUA,2011).
No argumento, John (Alex Pettyfer) é originário de um planeta distante e um dos opositores aos megadons, seres que provocaram uma guerra nesse mundo com vistas a uma ditadura sangrenta. Ele e um grupo vierem para a Terra. A sequencia inicial do filme explora a visão do globo terrestre sendo gradativamente aproximado como se a câmera estivesse na espaçonave que trouxe os ETs. No nosso mundo os viajores começam a ser perseguidos e exterminados. Nas cenas subsequentes observa-se o exterminio de 3 elementos. O numero 4 ainda não foi encontrado e é protegido por um guardião específico, Henri (Tymothy Olyphant). Trocando sempre de cidade e de lugar de estudos, o jovem decide matricular-se novamente em uma nova escola mesmo com o tutor alertando para o perigo que isso pode acarretar. E então começa a ser hostilizado por colegas que praticam esportes que ele jamais fez devido a alguns dotes que passa a projetar. E conhece Sarah (Dianna Agron), uma colega que lhe dá atenção e não se impressiona ao saber que o namorado “não é deste mundo”. Da mesma forma ganha a amizade de Sam (Callam McAuliff) um colega que não só acredita em ETs como presenciou o sequestro de seu pai por um disco voador.
Essa trama ganha corpo e tensiona o ambiente quando os inimigos de John aparecem e para defender o jovem surge a “Número Seis”(Teresa Palmer), uma ET interessada em eliminar a força dos inimigos (é a quota da super-mulher que tem sido mostrada, atualmente, em todo filme de ação).
Observem como se manipulam recursos capazes de gerar bilheteria: o enfoque em uma “high school” lembra a série “Crepúsculo”. O fato de o candidato a herói ser superdotado (ele aos poucos adquire certas qualidades como a de suas mãos emitirem raios que afetam os elementos ambientes) incorpora a imagem dos vampiros e lobisomens da franquia citada. O romance com uma estudante comum é o modo de instigar o gosto de adolescentes para a simpatia ao tipo de filme, apelando para um efeito mimético que tem base em sonhos. A batalha dos extraterrenos, com um cão transformado em monstro para lutar com outro monstro moldado pelos alienígenas é motivo para a enxurrada de efeitos especiais. E o final é sugestivo de uma continuação. Não as sabe se a bilheteria de agora estimulou a isso. O filme não foi o “blockbuster” esperado embora se mantivesse por duas semanas no “Box Office”(mas não em primeiro lugar).
Não conheço o original literário e por isso não sei se os autores quiseram tratar com alguma profundidade o tipo do estudante “diferente”, do rapaz que é alijado de grupos dominantes em turmas diversas e por isso passe a sofrer trauma (ou mesmo bullying). Se o filme desse alguma pista dessa preocupação estaria adentrando em casos atuais até mesmo em nosso país. Mas o que se vê não suporta qualquer análise. A narrativa ágil lembra os jogos digitais, os tipos são de quadrinhos modernos, tudo se enquadra no estereotipo do mocinho e do vilão que saltam do natural ao sobrenatural como se esse parâmetro estivesse no meio ambiente tradicional.
O cinema industrial & comercial explora atualmente um circulo vicioso que ele mesmo criou. Esse grupo de empresários sabe que a juventude tende a gostar de um tipo de enredo, cria esse tipo e, obviamente, a mesma juventude vai assistir na tela grande (se possível em 3D) gerando renda que moverá o círculo para continuar gerando divisas. Pensar que há alguma coisa, além disso, é querer ver demais.
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