O DVD no Brasil continua sendo a porta de entrada para filmes que as distribuidoras não acham rentáveis em cinema. Esta semana assisti alguns desses filmes. As comédias “Negócio de Morte”(Just Buried) e “O Primeiro que Disse”(Mine Vaganti) são respectivamente do Canadá e da Itália. A primeira é dirigida por Chaz Thorne, autor do roteiro, e segue a linha do que era realizado na Inglaterra nos anos 50/60, especialmente nos estúdios Ealing de Michael Balcon (quem assistiu “As Oito Vitimas” ou “O Quinteto da Morte”?). Aqui o enfoque é para um jovem herdeiro de uma agência funerária que se une à médica-legista a serviço da casa, filha do chefe de policia local (uma pequena cidade canadense). O serviço é pouco, pois a cidade, como a Sucupira de Dias Gomes, produz poucos “cadáveres novos”. Mas quando o casal atropela um andarilho, une-se no modo de esconder a falta de socorro e providenciar o funeral da vitima. Daí em diante a meta é “produzir mais cadáveres”. Até que ela arranje namorado, o pai descubra os crimes, e uma onde de ciúmes sufoque os planos macabros.
O humor inglês sai subtraído pelos canadenses. O filme não possui a leveza narrativa necessária nem se utiliza do humor macabro da história para algumas seqüências que realmente sejam engraçadas. Uma pena, pois a máscara do ator Jay Baruchel daria para compor o tipo imaginado pelo próprio diretor (um “desengonçado” que jamais se pensaria como um “serial killer”, do tipo de um dos nerds de um seriado de tv fechada ).
“O Primeiro que Disse” tenta reerguer a comédia italiana, mas sufoca na seriedade do tema. Tommaso (Ricardo Scarmacio) jovem homossexual, filho de um industrial em Toscana, estudou literatura em Roma quando o pai pensava que ele estudava administração para gerenciar a fábrica de massas que a família dirige por gerações. De volta á casa, ele tenta dizer a sua opção sexual e o seu pendor para as letras. Mas na hora do jantar em família o irmão mais velho se precipita e fala de sua homossexualidade. O pai tem um enfarte. Resta ao jovem continuar fingindo que é “hetero” e técnico nos negócios da firma. O roteiro é de Ivan Cotroneo e Ferzan Ozpetek e podia ganhar um ritmo que não lhe dá a direção do primeiro. O problema não é para piadas e de comédia, assim mesmo exalando preconceito, resta o comportamento de amigos “gays” de Tommaso quando resolvem passar alguns dias na casa do industrial (que foge das falas dos citadinos sobre o outro filho). Felizmente o final não apresenta o que seria uma “cura” do comportamento do jovem herdeiro, namorando uma garota decidida que trabalha com ele na indústria(Alba/Nicole Grimaudo). Mesmo assim fica na platéia a torcida de que o rapaz passe de um sorriso no fecho em que se despede da amiga e sócia.
Dentre os lançamentos em DVD ganha destaque a ficção-cientifica “Capricórnio Um” (Capricorn One/EUA,1978) escrita e dirigida por Peter Hayms. No auge da “guerra fria”dos EUA com a URSS, a propaganda ganhava subsidio na exploração espacial. Por isso, os cientistas norte-americanos anunciam uma viagem a Marte, quando na verdade segregam os astronautas, mandam um foguete sem tripulantes e pensam em colocar os rapazes na capsula que deve voltar do planeta vizinho e cair no mar. Acontece que a capsula queima na reentrada na atomosfera da Terra e os astronautas sabem que a noticia quer dizer a morte deles. Por isso fogem, seguindo-se uma perseguição pelo deserto de Nevada.
Lembro que depois dos vôos Apolo surgiu um boato de que a viagem à lua tinha sido um engodo filmado em estúdio. Talvez isto tenha inspirado Peter Hayms(“2010”, “Timecop”). E tenha gerado um suspense divertido, filme que se acompanha com certo suspense ,mesmo com muitos tropeços e pouco de cinema denso.
DVDS MAIS LOCADOS(FOXVIDEO)
1. Caça ás Bruxas
2. Amor e Outras Drogas
3. O Turista
4. Além da Vida
5. O Vencedor
6. O Dilema
7. Megamente
8. Entrando Numa Fria Maior Ainda com a Família
9. Doce Vingança
10. Um Lugar Qualquer
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