Em maio, 10, o cineasta italiano Ettore Scola comemorou 80 anos.
Por esse motivo, ele vai ganhar homenagem esta semana da ACCPA com a exibição, na Sessão Cult do Cine Libero Luxardo, sábado, às 16 horas, de “Nós que nos Amávamos Tanto” (C’Eravamo Tanto Amati/Itália,1974) para muitos o seu melhor filme.
Ao longo de uma carreira iniciada em 1953 Scola escreveu 88 roteiros, dirigiu 39 filmes, produziu 2 e editou 2. Seus trabalhos ganharam 34 prêmios em mostras internacionais e foram candidatos a 14. Ele não filma desde 2003 quando realizou “Gente de Roma”(Gente di Roma) inédito por aqui. Assumiu uma carreira política chegando a ocupar uma cadeira no legislativo italiano. Moderou suas atividades desde problemas cardíacos ha algum tempo.
O filme que anunciará a obra de Scola nessa comemoração, “Nós que nos Amávamos Tanto” foi um dos primeiros sucessos do saudoso Cinema 1. O amigo Alexandrino Moreira ficou feliz ao ver a casa lotada para a projeção de um filme que a critica também aplaudia. E um detalhe: o filme só fizera sucesso em uma capital brasileira antes de Belém (ao que consta, Porto Alegre). O evento paraense surpreendeu a distribuidora (Condor Filmes). Devido a isso a permanência do filme em cartaz foi incomum numa época em que dificilmente um programa chegava a esse feito.
O roteiro que Scola também assinou tratava de 3 amigos que estiveram na guerra, colocando-se na resistência ao nazi-fascismo: Gianni (Vittorio Gassman), Antonio (Nino Manfredi) e Nicola (Stefano Setta Flores). Desmobilizados após o embate, retornam aos seus locais de origem e cada um tratou de arranjar emprego no novo cenário nacional: Antonio assume o posto de enfermeiro, Nicola jornalista e critico de cinema e Gianni, ambicioso, ganha posição social ao se casar com uma rica herdeira. Os 3 vão se encontrar, mas os dois últimos não sabem que o amigo é agora milionário. E menos ainda que ele tivesse sido o responsável pelo suicídio de sua esposa (Giovanna Ralli), magoada por seu temperamento volúvel.
Entre eles está Luciana (Stafania Sandrelli), a princípio namorada de Gianni, depois esposa de Antonio.
O filme repassa a história do cinema italiano através de Nicola, seja num debate de cineclube seja num programa de televisão. E a narrativa é pródiga em aproveitar recursos para melhor dimensionar as situações e personagens. Há por exemplo dois momentos em que o cenário estanca, ou seja, a tomada fica parada, a exceção dos figurantes que importam nos planos. Isto é substanciosamente colocado com a música marcante de Armando Trovajoli.
A narrativa também insere imagens em preto e branco para marcar o tempo. E em pelo menos um momento a técnica serve para sublinhar o romance frustrado de Luciana com Gianni.
Scola realizou pelo menos 2 filmes amparados na história de seu país: este que será exibido agora e“Um Dia Muito Especial” (Uma Giornatta Particolare 1977) onde focaliza o encontro de Hitler e Mussolini, ou a aliança do nazismo alemão com o fascismo italiano. Isto sem falar na história de outros países como em “Casanova e a Revolução” (La Nuit de Varennes/1982) no qual ele mostra a fuga da família real francesa no inicio da revolução, em 1791, e “O Baile”(Le Bal/1983), uma pitoresca viagem musical pela França do século XX.
Em verdade, quase todos os filmes assinados por Ettore Scola apresentaram substâcia capaz de entusiasmar os cinéfilos . E mesmo antes de figurar na direção, quando só escrevia roteiros, há de se elogiar títulos como “Aquele que Sabe Viver”(Il Sorpasso/1962) dirigido por Dino Risi e “Fantasmas em Roma” (Fantasmi a Roma/1961) de Antonio Pietrangeli .
Um nome na historia do cinema mundial que ainda está vivo e, quem sabe, pode aparecer qualquer dia com um novo projeto.
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