quinta-feira, 23 de junho de 2011

MACHETE E A VIOLÊNCIA





Ainda em exibição no Cine Libero Luxardo o filme “Machete”(EUA, 2010), que é produto de uma brincadeira do diretor Roberto Rodriguez e seu “tutor” Quentin Tarantino. Eles fizeram um falso trailler para “Grindhouse”, o filme que cada um realizou um episódio. E a idéia chamou a atenção de muita gente. Um sucesso levou ao longa escrito e dirigido por Rodriguez com o seu sobrinho Alvaro.


O argumento pode ser assim resumido: no México, o agente federal Machete Cortez contraria as ordens de seu chefe e se dirige com seu parceiro para o esconderijo do poderoso traficante Rogelio Torrez com o objetivo de resgatar a testemunha de acusação contra um criminoso que ele seqüestrou. Contudo, o agente é traído e sua esposa e filha são assassinadas por Torrez. Depois de três anos Machete é um imigrante ilegal no Texas, vagando pelas ruas em busca de emprego. É contratado por Michael Booth para assassinar um senador de extrema-direita, John McLaughlin, contrário à política imigratória e defende a construção de uma cerca eletrificada na fronteira com o México.


Nesses espaços de tempo a violência tem sua aura de eficácia. Há planos literalmente ensanguentados. O que Rodriguez fez desde “El Mariachi”, seu filme de estréia, amplia-se no que concerne ao ato violento de forma explicita. A carnificina que se viu até mesmo em notórias comédias como “Planeta Terror”surge ampliada. O tipo vivido por Danny Trejo se transforma em opção ideológica do roteiro que diz condenar a perseguição feita nos EUA com os imigrantes latinos, em especial os que entram ilegalmente no país. Machete é um “demônio exterminador”. E o que admira no filme é Robert De Niro desempenhando o senador McLaughlin. O que teria seduzido o ator famoso, criador do Festival de Tribeca, a fazer parte de um filme como “Machete”?


Entretanto, há quem goste de “cine-açougue”. Melhor: quem considere divertido. Não sei se dá para rir quando em um momento absolutamente implausível, um personagem abre o ventre de outro e a câmera se aproxime das vísceras. Em “Planeta Terror” até procediam os risos quando a garota que perdera uma das pernas coloca uma metralhadora de prótese. Este absurdo realmente acabava engraçado. Mas o señor Machete Cortez de Danny Trejo procura ser “realista”, sem o “non sense” que muitas vezes se encontra nos filmes de Tarantino (como o Hitler que morre com seu oficialato dentro de um cinema em “Bastardos Inglórios”). Interessante também é como Roberto Rodriguez gosta de produzir filmes infantis. A série “Spy Kids”(Pequenos Espiões) é muito receptiva pela garotada de vídeo-game. E inócua. Quando faz esse tipo de cinema o produtor-diretor não deixa que a fantasia se contamine de violência gratuita. Seus garotos-heróis podem até figurar no figurino Disney. O conceito que ele tem de platéias é curioso, achando que os adultos acham pitoresco mocinhos e vilões sanguinários e as crianças continuem sonhando com inócuas aventuras espaciais.


Mas voltando a “Machete”: a denúncia de corrupção política envolvendo as autoridades da imigração e a idéia do senador vilão em colocar uma rede elétrica na fronteira com o México não ganha qualquer substancia na ação. Esta, a ação, é comprometida com a “fotogenia” que ela possa ter. Por isso, o filme esvazia o seu conteúdo. E se ganhou mais de 300 comentários críticos em bancos de dados específicos (IMDB) isto não quer dizer que tenha sido grande sucesso de público. O trailler parece que chamou mais a atenção. Felizmente. E pelo tempo em que o filme foi produzido e está circulando nas telas internacionais, sem chamar multidões, a ameaça de versão do tipo “Machete 2”parece fora de cogitações.




REGISTRO Na oportunidade agradeço ao cineasta de animação André Miralha o presente que enviou a mim e ao Pedro Veriano: seu filme “Miritis”que trata da produção dos brinquedos de miriti pelos artesãos de Abaetetuba, vendidos principalmente no Círio de N.S. de Nazaré. André foi autor de animações como "Admirimiriti", "Nossa Senhora dos Miritis" e do documentário "Miriti-Miri", com a temática desses brinquedos e que estão incluidos neste “Miritis”, lançado no último dia 5 no Olympia.

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