O melhor de “Professora sem Classe” (BadTeacher/EUA,2001) é o titulo dado no Brasil, sintetizando de forma crítica o trabalho do diretor Jake Kasdan (filho do bom cineasta Lawrence Kasdan de “O Reencontro”, “Silverado” etc). Sem classe não é só a professora, tipo vivido em caricatura por Cameron Diaz, mas o próprio filme. Contando as peripécias de uma jovem mal humorada desde que se separou do namorado e passa a exibir, no colégio onde trabalha, recalques que fazem de vitimas colegas e alunos/as, o roteiro mostra-se sensível às más ações, forçando a idéia de que é ainda presente essa versão de extrair dos filmes “heróis” e “vilões”.
O enredo trata de Elizabeth, jovem descontraída e irreverente professora de uma escola púbica, que faz qualquer coisa para manter suas próprias manias, sem que receba nenhuma repreensão da direção, mas sendo alvo da inveja de uma colega e da simpatia de seus demais colegas, sobressaindo um instrutor de educação física. Para se manter no emprego ela consegue de forma fraudulenta o acesso a um formulário de provas e assim repassa à sua turma que se sai muito bem no final do ano. Com isso, pretende ser não só mantida no emprego como promovida. Mas os seus planos esbarram na colega invejosa que denuncia os fatos. Isso não retoca o filme de um halo maniqueísta. A colega é pintada de tal antipatia que o espectador torce para que ela, sim, seja a punida e não a expansiva, desbocada, alcoólatra e matreira Elizabeth.
A relatividade entre quem é “mocinha” e quem é “bandida” lembra a recente animação “Megamente”. A diferença capital é que o desenho dirigido por Tom McGrath para a DreamWorks é criativo e mostra que o malvado na verdade é um frustrado que pode reverter a sua posição e acabar sendo o herói da história. Em “Professora sem Classe”, o comportamento do tipo principal tenta fazer comédia com a crescente vilania. E só faz ganhar com isso.
Cameron Diaz é uma atriz simpática que vem fazendo carreira em comédias (Quem Vai Ficarcom Mary?”, “As Panteras”,”Quero se JohnMalkovich”, “Tudo Para Ficar com Ele” ). Recentemente quis mudar essa cara e incorporou o tipo da companheira de Tom Cruise numa aventura sem pé nem cabeça: “Encontro Explosivo”. Foi um dos maiores fracassos de sua carreira. A volta ao gênero em que se dá bem parece que foi recompensada financeiramente (o filme esteve no“Box Office” entre os 10 mais nas bilheterias por várias semanas). Mas o peso artístico certamente é negativo.
Jake Kasdan já realizou muitos filmes, especialmente para a TV, mas por aqui só chegou “Efeito Zero” (Zero Effect/1998), arremedo de “film noir”. Os roteiristas Gene Stupnistsky (candidato a Emmy, o prêmio de TV) e Lee Eisenberg (também candidato a prêmio de televisão), fizeram o “trabalho de casa” aconselhados pela produção. “Professora sem Classe” (Mad Teacher) objetivou faturar fácil. Não há nada a salientar no artesanato como não há nada a ver além do que as imagens mostram com galhofa. Personagens como o diretor da escola, a professora gordinha e compreensiva, a colega maldosa, o docente ingênuo que usa óculos e mostra-se bobalhão até com relação ao sexo, todos são clichês dos piores exemplares do gênero. E se o argumento considerar o enredo como um fato, ou fatos, que podem ocorrer numa escola de ensino médio dos EUA, o absurdo chega a justificar o adjetivo dado por um critico do país: “estúpido”.
As comédias ditas românticas que hoje disputam espaço nas telas dos cinemas com os blockbusters baseados em quadrinhos reforçam a idéia de que um “Árvore da Vida” é a quarta folha de um trevo ou a pérola encontrada no interior de uma entre muitas ostras.
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