sábado, 29 de outubro de 2011

REFILMAGENS & CONTINUAÇÕES



No excelente “Barton Fink”(EUA/1991), dirigido pelos irmãos Coen, um dos personagens que interpreta um intelectual de Nova York, depois de lançar um livro transformado em best-seller (a história é ambientada em 1941), é contratado por Hollywood para escrever um filme de lutas. A proposta é milionária e o dono do estúdio contratante lhe dá a idéia de como fazer um roteiro. Seria um filme destinado a um ator. Nada de asas à imaginação, no caso de um criador literário. Tudo deve se render às características do foco visado. E o “tudo” é uma espécie de coletânea das situações que o ator interpretou em muitos filmes.

A crítica dos Coen foi fundo na fórmula da indústria em apostar no que já foi visto e deu lucro. Os donos das empresas produtoras achavam que seria melhor investir em filmes cujos custos já haviam sido pagos nas bilheterias do que arriscar em fórmulas novas.

Se a história de “Barton Fink” era ambientada na chamada “era de ouro” da cinematografia norte-americana, o que acontece agora não parece ter mudado. A ordem é repetir. E quando não se repete se continua. É assim que se justifica um “Os 3 Mosqueteiros”, a mais nova versão do livro de Dumas, pai (já somam perto de 40 na história do cinema) remake no mesmo estilo das antigas aventuras ou novas formas de se ver o que já foi visto.

E nesse mesmo tom, antes do final do ano devem chegar “The Thing”(A Coisa/1951), terceira versão da queda de um ovni no Ártico e de um alien vegetal ser saído do gelo para aterrorizar uma base cientifica. A primeira versão teve como título, no Brasil “O Monstro do Ártico” e foi produzida por Howard Hawks com direção de um protegido dele, Christian Nyby. Era curiosa e pertencia a uma série de produções B-Pictures do gênero ficção-cientifica, na época, um tipo de filme que testava o público mais exigente, pois, esse gênero só era explorado por seriados e produções de baixo orçamento. A segunda versão foi dirigida por John Carpenter data de 1982. Nesse momento ganha efeitos especiais, 3D, e direção do estreante Matthijs van Heijningen.

Outro “remake” próximo é de “Footlosse, Ritmo de Louco”(1984), drama que mescla o musical, no caso, usando o ritmo do rock. O filme dirigido por Herbert Ross ganha nova roupagem por Craig Brewer (de “Ritmo de um Sonho” e “Entre o Céu e o Inferno”). E o ator da vez é Kenny Wormald, que na versão original foi vivido por Kevin Bacon.

Na área das continuações mais um programa terá lançamento, “Atividade Paranormal”(agora o 3), de Henry Joost Ariel Schulman e Christopher B. Landon . Desnecessário dizer do que se trata.

Também de volta, John English, o detetive trapalhão criado pelo comediante inglês Rowan Atkinson. O filme chama-se “O Retorno de John English”. Rowan deixou de lado o seu personagem cultuado na TV, Mr.Bean.

Ainda previsto: “Pequenos Espiões 4”, mais um capítulo de uma franquia dedicada aos menores de 14 anos. Outros seguem o ritmo das continuações: “Harry Feet 2”, “Alvin e os Esquilos 3”, “Missão Impossivel: Protocolo Fantasma” e “Sherlock Holmes e o Jogo das Sombras”.

E não esperem mudanças em 2012. Nessa linha já estão com previsão para o próximo ano: “Transformers”, “Thor”, “Superman”, “Batman”(que se for tão bom quanto “O Cavaleiro das Trevas” até que merece aplausos), outra “Bela Adormecida”, agora com atores, e a segunda parte de “Amanhecer’ (a primeira estréia agora em novembro) o que seria o encerramento da série“Crepúsculo’.

Como se vê, Hollywood investe forte numa mina supostamente em declinio, entre as mídias que circulam hoje em vários formatos. O cinema está pegando a forma dessas mídias e concorrendo com elas nesses “remakes”e, também, com tecnologias que incitam a novidade e tiram de casa o público mais acomodado para uma sessão de cinema externa. Na sessão que assisti a “Os três Mosqueteiros” percebi muitas pessoas na faixa de idosos que estavam por lá curtindo as peripécias dos clássicos espadachins. Sem dúvida, personagens míticos que circulavam na época de nossa juventude, devido a leitura de romances e épicos que essa geração tinha por hábito fazer. Mas é percebido também que o interesse vai além de avaliar o movimento na imaginação de outrem é investir em saber como essa nova geração está pensando os ídolos de outrora.



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