Os críticos franceses elogiaram o cineasta Fred Cavayé como um novo Hitchcock. Depois de “Tudo com Ela” (Pour Elle/2008) que o americano refilmou com o nome de “72 Horas”(The Next Three Days/2010) esse diretor surge com este “À Queima Roupa” (À Bout Portant/2010), lançado por aqui em DVD, onde centraliza a ação num enfermeiro que socorre um bandido ferido e, por isso, é perseguido por adversários deste a ponto de seqüestrarem a esposa do enfermeiro, em final de gestação(e após de receber conselho médico para repousar.
Todo o roteiro prende-se à luta deste cidadão comum em tentar salvar a esposa sabendo que o perigo é maior a partir da fragilidade de saúde que ela enfrenta. É um corre-corre contra o tempo em que o personagem é forçado a agir com violência em determinados momentos e por isso passa a ser perseguido também pela policia (e há um policial corrupto na trama que embaralha os fatos).
Cavayé sabe manejar a fórmula que estimula o espectador a ficar sempre atento. A sequencia inicial molda o cenário com a amostragem do que possa gerar perigo – trama entre bandidos e política, mulher do enfermeiro em consulta médica. Em seguida, ele acelera a narrativa com seqüências curtas , muitos planos próximos, edição “metralhadora”(que o norte-americano chama de “machine gun cut”). Para conseguir o efeito desejado é necessário, claro, que o elenco se porte convenientemente. O ator Gille Lelouche deixa a máscara do homem aflito. A atriz Elena Anaya explora a impressão da gestante em perigo. E os coadjuvantes introjetam o perfil enquadrado em estereótipos. Aliás, o desejo do diretor é fazer suspense. E como o próprio Hitchcock definiu o gênero em “Pacto Sinistro”(Stranger on a Train/1951) explicando o tiroteio num carrossel cheio de crianças (“o cinema pode se valer de situações aparentemente absurdas para melhor se expressar), vale tudo para manter o clima tenso que o espectador pode saber que dificilmente renderá uma tragédia mas, mesmo assim, sente-se cúmplice dos acontecimentos.
O filme não chegou aos nossos cinemas como não chegou “Tudo por Ela”. Não fosse o DVD e a “periferia” ficaria sem conhecer Fred Cavayé realmente um nome a gravar.
Outro filme em DVD que assisti esta semana foi “O Dragao do Gelo”(Wyven/Canadá 2009). Trata-se de um exemplar da linha B que lembra muitos “filmes de monstro” realizados por Hollywood nos anos 1950. Desta vez a figura central é um dragão pré-historico que emerge de um rio e assola uma pequena cidade do Canadá. O monstro tem predileção por carne humana e não falta o “mocinho” que vai enfrentá-lo. Um glossário de clicheria só diferindo dos modelos antigos pelo uso de efeitos digitais que produzem um dragão tridimensional interessante.
O filme dirigido por Steven Monroe de um roteiro de Jason Bourque foi produzido para a TV. Ganha DVD no Brasil com honras de lançamento de cinema.
DVDS MAIS LOCADOS (FOXVIDEO)
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