segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

CINEMA DE ONTEM - O DVD NAS PARADAS


 O DVD testa a memória dos cinéfilos e dos chamados fãs de filmes antigos.
 O filme “Desde que Partiste”(Since You Went Away/EUA,1943, foto) é o típico exemplar do armamento moral dos norte-americanos que tiveram parentes convocados para lutar na Europa ou no Japão (2ª.Guerra Mundial). Dirigido por Clarence Brown focaliza a situação de uma esposa (Claudette Colbert) ao lado das filhas (Jennifer Jones e Shirley Temple) lamentando a partida do marido para o front e, para suportar a perda de recursos, aluga um quarto da casa para um velho coronel (Monty Wooley). Uma das filhas (Jones)apaixona-se por um jovem que também vai para a guerra (Robert Walker), só que neste caso ela sofre a perda do namorado. Ainda no elenco, como o tio das meninas, surge Joseph Cotten. Tudo girando em torno do esforço de guerra, do “bem servir à pátria”. Piegas e um pouco monótono, embora seja possivel assistí-lo até o final, o que se pode dizer dele é que em cortes necessários o tamanho seria reduzido sem recorrências desnecessárias.
Também do passado, mas com uma ingenuidade cativante ainda hoje é “Um Conto de Natal”(The Great Rupert/EUA,1950) da dupla George Pal & Irving Pichel, a mesma de “Destino à Lua”(realizado no mesmo ano). Jimmy Durante inperpreta um malabarista desempregado que se abriga com esposa e filha (Terry Moore, ainda bem jovem) na casa de um usurário que ao receber dinheiro guarda as notas no rodapé de uma parede de um aposento emparelhado ao dos abrigados. Um esquilo que servia a um número de teatro de outro artista circense também se abriga no lugar e, ao ver o dinheiro entrar no buraco onde se acomoda, joga tudo fora. Acontece uma chuva de dólares que todos pensam cair do céu.
Um filme menor muito simpático ainda hoje que não chegou a ser projetado nas telas grandes locais (e pelo que sei nem em outras brasileiras). O esquilo é um dos puppetoons, bonecos que deram fama a George Pal e levou-o da Hungria a Hollywood. O ruim é que a cópia do DVD está colorizada(o original é em preto e branco). Procure ver tirando a cor de sua TV.
Ainda no rol dos velhos cartazes, o interessante “Al Capone”(EUA/1959) de Richard Wilson com Rod Steiger. O famoso gangster ganhou várias biografias cinematográficas. A mais conhecida é “Scarface”(1932) de Howard Hawks (com Capone ainda vivo daí não ser dito o nome dele). Neste exemplar do diretor de “Convite a um Pistoleiro” há uma proposta didática focando Al desde que chega do Brooklyn a Chicago onde reinou a partir da venda de bebida na época da “lei seca”. Steiger compõe bem o tipo. Mas o filme não se aprofunda em nada: é um “reader’s digest” da trajetória do famoso bandido. Mesmo assim, ainda hoje se acompanha com interesse.
Antigo e descartável é “A Deusa do Amor”(One touch of Venus/EUA, 1948). Adaptado de um musical de S.J.Perelman e Ogeden Nash com base numa história de F. Anstein trata sobre o modo como uma estatua da deusa grega (Venus/ Ava Gardner) ganha vida e seduz o antiquário interpretado por Robert Walker. A direção é de William Seiter e Gregory LaCava colaborou sem crédito. Como Ava, que é a melhor figura em cena, não canta nem dança (nem os seus parceiros) o filme não se situa no gênero de onde veio. E nem serve como comédia romântica. Melhor seria ter ficado no passado que pode ter seduzido alguns fãs.

Como se vê, o bombardeio de cópias de filmes em DVD está explorando, hoje, um mercado bem específico e não se resume a copiar os lançamentos atuais que não chegam ao mercado, mas aqueles que tiveram fama e cujo público prefere o cinema doméstico a sala escura dos cinemas de rua (hoje de shopping). As imagens da memória, o cinema e a forma de digerir o que chega ao mercado estão interelacionados, sem sombra de dúvida.

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