quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

A DAMA DE FERRO

 
Margaret Thatcher foi a primeira-ministra da Inglaterran entre 1979-1990. Formada em quimica pela Universidade de Oxford passou a fazer parte do parlamento pela região de Finchlay, em 1959. Nomeada para a o Departamento de Educação e Habilidades por Edward Heath, foi eleita a lider do Patido Conservador em 1975. Daí ao cargo majoritário que ocupou até se aposentar. Suas políticas econômicas foram centradas na desregulamentação do setor financeiro, na flexibilização do mercado de trabalho e na privatização de empresas estatais como algumas minas. Isto provocou uma grande impopularidade, só atenuada quando, proximo da reeleição, em 1983, colocou o país em guerra com a Argentina pela manutenção de posse das ilhas Falklands, ou Malvinas. A “guerra relampago” deu vitória aos ingleses num arremedo visto interancionalmente como Golias contra Davi.

A vida de Margaret Thatcher foi transformada em livro e, consequentemente, pedia filme. E este foi realizado ano passado pela diretora do bem sucedido “Mamma Mia”, Phyllida Lloyd. Como no seu trabalho passado (e primeiro longa-metragem), esta diretora escolheu a atriz Meryl Streep para o papel principal. E seguiu um roteiro escrito pelo praticamente estreante em cinema comercial (tem muitos titulos em TV e experiencia em teatro) Abi Morgan.
“A Dama de Ferro”(The Iron Lady/UK, 2011) está no páreo do Oscar nas categorias de atriz principal e maquilagem. A rigor só se realiza nessas categorias. Mesmo assim é preciso que se note que Meryl Streep segue um estereótipo. O papel exige mais a imagem da mulher idosa, demente, às voltas com a lembrança do marido morto (o que lhe deixou solitária no largo espaço onde mora).

A narrativa fragmentada é moda atual como forma de direcionar certos assuntos. Em “A Dama de Ferro” as sequências se misturam no tempo e no espaço e não há uma correlação que lhe dê o caráter de uma “rima” com a linha básica, ou um parêntese que ajude na composição da principal personagem. Por mais que o espectador se esforce para montar o quebra-cabeça de cenas, a verdade é que isso não resolve a identidade de quem foi a primeira ministra inglesa. Sua vida privada e sua vida pública se mesclam em momentos avulsos, ficando a maior atenção ao papel do marido que ela evoca constantemente. Num dos planos iniciais vê-se Tatcher na mesa do jantar com o marido quando chega uma empregada. No enfoque seguinte o marido não está mais. Não deu tempo para ele ter saido da sala. Só mais tarde a filha da ex-ministra relembra-lhe que “o pai morreu”. Ou seja, o roteirista Abi Morgan disse antes e a diretora Phylida Lloyd endossou.

Percebe-se que a intenção da cineasta foi esvaziar qualquer clichê de “filme biografico”(biopcture). Nada de contar em linguagem acadêmica quem foi a mulher tão famosa que a câmera focaliza pela primeira vez como uma velhinha comprando leite em um supermercado (tarefa que será criticada pela filha que a vê incapaz de sair de casa sozinha). A imagem seria a de demonstrar que a “dama de ferro enferrujara”. Mas, dessa situação ao inicio de um processo gradativo de fama, o filme hesita, e pouco diz, inclusive, de como se processa uma eleição do parlamento britanico e mesmo, o papel da rinha nessa politica parlamentar (fato que se expôs bem em “A Rainha”(2006), filme excelente de Stephen Frears .
Por causa de Meryl e de seu papel no Oscar deste ano voltarei ao assunto.


OS INGLESES PREMIAM "O ARTISTA"

"O Artista”(The Artist, foto) foi o grande vencedor do BAFTA, o maior prêmio de cinema na Inglaterra. O filme mudo e em preto e branco de co-produção francesa ganhou nas categorias: filme, ator (Jean Dujardin), diretor (Michel Mazanavicius), roteiro (do diretor), fotografia (Guillaume Schiffman), figurino (Mark Bridge) e musica (Ludovic Bource).

A atriz premiada foi Meryl Streep por “Dama de Ferro”, a codajuvante foi Octavia Spencer por “Histórias Cruzadas” e o ator coadjuvante Christopher Plummer por “Toda Forma de Amor”. O documentário “Senna”, de Asif Kapadia, ganhou em montagem e nesse gênero.

O melhor filme estrangeiro foi “A pele que habito”, de Pedro Almodòvar e a animação “Rango”.

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