Adaptado
de um livro escrito por Susan Hill (um best-seller no Reino Unido) e de uma
peça teatral de Jane Goldman, o filme “A Mulher de Preto”(The Woman in Black/UK
2012) trata, basicamente, de um jovem advogado viúvo que viaja para um lugar
isolado chamado Crythin Grifford a fim de resolver pendências na documentação
de uma herança centrada na venda de uma casa. Neste lugar, especificamente num
castelo então vazio, ele se acha diante de uma série de episódios que levam ao
seu conhecimento a presença de um fantasma que odeia crianças, matando-as. A
sequência desse enredo corre por conta da assombração e do estresse do advogado
que está para receber a visita do único filho e da babá deste a quem prometera
uma temporada de férias no lugar onde trabalhava.
Não
conheço o livro nem a peça originais. O filme, dirigido por James Whatkins para
a empresa Hammer é típico de uma produção dessa firma muito comum nos anos 70,
a mesma que promoveu atores como os veteranos (e hoje desconhecidos da maioria
do público) Peter Cushing e Christopher Lee. O primeiro explorando, analisando
e atacando e o segundo assombrando como Drácula.
A direção
de arte de “A Dama...” procurou criar um clima com a arquitetura do castelo,
realçada pela iluminação de Tim Maurice-Jones. Mas esse trabalho todo só serviu
para reeditar a clicheria do “filme de terror” de velha tradição. Estão presentes,
por exemplo, características como: a noite escura, a tempestade, os constantes
relâmpagos (e trovões), os ruídos que se avolumam quando alguém vai aparecer no
plano, com as máscaras bem ao feitio do que se tenha por fantasmagórico.
O ator
Daniel Radcliffe, protagonista principal e que todos conhecem, ficou milionário com as somas (em libra ou
dólares?) do que ganhou na série Harry Potter e agora pretende continuar a
carreira no cinema e no teatro. Mas a julgar por este exemplo que ora está
sendo exibido entre nós, o rapaz está no caminho errado. Afirmou que não busca
trabalhar com diretores famosos. Contenta-se com iniciantes ou os menos evidentes.
É possivel que tenha razão quando é sabido que muitos talentos iniciantes não
são devidamente prestigiados por produtores comerciais. Mas o caso de “A Mulher
de Preto” não é bem isso. O roteiro é medíocre no modo como “copia” o terror de
anos atrás. A “casa mal assombrada” não difere das congêneres de tantos filmes
de diversas nacionalidades, inclusive os da própria Hammer. E a fórmula de
querer assustar com acordes agudos antes de aparições é o que agora está sendo usado
mais como reforço de paródia, a começar com o que realizou Mel Brooks e Gene
Wilder em coisas como “O Jovem Frankenstein”(do primeiro) e “Lua de Mel
Assombrada”(do segundo).
O personagem vivido por Radcliffe
finaliza a sua aventura do modo como o diretor Wathkins deve ter considerado
uma originalidade: quando o filho do advogado chega e ele o espera na estação
rodoviária, o garotinho foge da atenção da ama (e do próprio pai) atraído pela
entidade fantasmagórica e corre para o meio dos trilhos sendo observado que ele
será atingido pelo trem que está chegando. O advogado corre e se abraça com o
filho para protegê-lo do acidente iminente. O próximo plano capta os dois
abraçados, supostamente salvos. Mas a fotografia ganha um tom especial,
resplandecente. Pai e filho teriam morrido. E qualquer dúvida desparece quando as
imagens integram a essa cena a figura da esposa/mãe(de há muito morta) que os recepciona.
O mundo em volta, ou seja, a estação ferroviária está vazia e na iluminação
natural. Também em muitos filmes do passado esse recurso de mostrar o plano do além
é visto com o uso de lente especial e luz mais intensa. O charme dos fantasmas
seduziu a equipe. Mas não creio que os/as fãs do antigo Harry Potter tenham
preferido essa atuação de seu grande herói. Seria mais cativante, para esse
público, vê-lo flanando por meio da vassoura mágica da escola de Hogwarts, mas,
como está, o mais lógico seria fugir do atual set e sair pra outra...
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