"Minha Vida sem minhas Mães", filme filandês de Dennis Schwartz
Apenas em cópia DVD chegou aqui o
filme finlandês “Minha Vida sem Minhas Mães”(Äidestiä Parhain/ Finlandia, Suécia,
2005). Trata-se de uma produção vencedora de 11 prêmios internacionais de 5
candidaturas. O drama de um menino, Eero Lahti (Topi Majaniemi) que é separado
da mãe durante a 2a.Guerra Mundial quando as crianças foram obrigadas, pelo
pelas forças em conflito, a serem enviadas para a Suécia, por conta de uma
possível invasão russa. Nesse país, o garoto luta, a principio, com a
animosidade da mulher que o acolhe, Signe Jönson (Maria Lundqvist), mãe de uma
menina que morreu afogada aos 8 anos. Mas as coisas se invertem especialmente quando
a mãe biológica de Eero manda uma carta para Signe pedindo que fique com o
menino, pois, ela, casada com um alemão, se sente insegura. Nasce uma grande
afeição entre a mãe adotiva e o garoto que para ela seria um substituto da
filha falecida. As coisas correm muito bem, a familia se aproxima ainda mais até
que o tempo de guerra se transforme na paz e a mãe biológica avisa por carta
que vai buscar o filho. O relato é visto com a intercessão em flash-back e em
preto e branco dos tempos atuais onde se vê o sexagenário Eero (Esko Salminem)
indo ao funeral de Signe, no interior sueco, e depois conversando com a velha
mãe(Aino-Maija Tikkanen) sobre como ele sentiu a vida entre duas mulheres, ou
duas mães. E conta-lhe de seu afastamento dela devido considerar-se excluido do
seu afeto, somente sabendo a verdade dos fatos quando abre as cartas que esta
enviara a Signe.
O roteiro de Jimmy Karlsson e
Kirsi Vikman baseia-se num romance de Heikki Hietamis e a direção de Dennis
Schwartz conta com desempenhos excelentes de todos os atores. É um drama
sentimental e familiar forte, contado de forma a afastar pieguice,
sensibilizando pelo enfoque objetivo com muitos closes traduzindo as expressões
de sentimento dos intérpretes. Há economia de palavras e o enfoque é mais nos
closes dos protagonistas. Essa maneira narrativa é a responsavel por eliminar o
melodrama que poderia advir com outra maneira de tratar o tema. Um dos filmes
mais bonitos que vi ultimamente. Ele foi premiado na Mostra de São Paulo há
cerca de seis anos, mas nunca foi anunciado para exibição pelos cinemas locais.
Muito bom, também, “A Árvore”(The
tree/Australia,2010) de Julie Bertucceli com roteiro desta e de Elizabeth Mars,
baseado no romance de Judy Pascoe, “Our father Who art in Tree”. A história
especifica o comportamento da garota Simone (Morgana Davies), muito apegada ao
pai Peter (Aden Young) que morre em consequência de um enfarte na hora em que
viaja de caminhonete com ela. A lembrança forte deixada pelo morto adoece a
jovem esposa Dawn (Charlotte Gainsbourg) e faz com que a menina pense que o pai
encarnou numa arvore frondosa que fica defronte de sua casa. Subindo na árvore
ela passa a conversar com ele. E mais tarde a mãe, também, usa desse recurso.
Mas chega um tempo de mudanças: Dawn conhece George (Marlon Csokas), dono de
uma oficina que a ajuda em estragos da casa, e a arvore é abatida por um
furacão. Essa tempestade é anunciada pelas mudanças que se processam nas vidas
de cada personagem. Quem reluta é Simone, afinal, quem faz a mãe sair da região
e desprezar, pelo menos por enquanto, o afeto de George.
Muito sensível, com ótimos
desempenhos e narrativa simples, o filme é dinâmico e tem uma aura de emoção e,
da mesma forma que “Minha Vida sem Minhas Mães”, foge das armadilhas
melodramáticas. Impressiona, sobretudo, o desempenho de Morgana Davies. Um dos melhores
filmes de criança que assisti ultimamente.
“A Árvore”esteve ano passado em
exibição no Cine Libero Luxardo. Perdi na ocasião e me impressionou o filme não
ter sido mencionado entre os melhores do ano por qualquer um dos colegas da
ACCPA.
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