Retornando ao filme “Prometheus” (2012) trato agora do argumento do mesmo.
A atriz sueca Noomi Repace, que foi candidata ao Oscar deste ano por seu desempenho em “Millenium, os Homens que Não Amavam as Mulheres”, protagoniza a arqueóloga Elizabeth que segue na astronave Prometheus para descobrir se as pinturas rupestres encontradas num mundo distante, sendo semelhantes às vistas nas cavernas terrestres habitadas por trogloditas, revelariam a origem do homem. A personagem é muito importante não só na trama como na concepção filosófica (e religiosa) que o argumento apresenta. Elizabeth usa um cordão com um crucifixo que pertencia a seu pai. Ela é criticada pelos colegas de viagem que não concebem a teoria criacionista. Mas é a fé da jovem arqueóloga que a salvará de muitos perigos. A iniciar quando engravida de um ET e faz uma cesariana (é impressionante a operação realizada por robô dentro da nave) retirando de seu ventre um ser disforme que fica dependurado na câmara cirúrgica especial. Em seguida, ela descobre um habitante do planeta hibernado em uma caverna cheia de múmias e este se mostra violento, matando a maior parte dos tripulantes da espaçonave. Esta figura é muito parecida com a que se vê no prólogo do filme, deixando o enigma de que a sequência ocorreu no planeta Terra e que esses seres já estiveram em nosso mundo e foram eliminados por alguém em algum tempo.
Os cientistas que descobrem vida no planeta de outro sistema solar se irmanam aos colegas que ali estiveram e deram margem ao outro filme de Ridley Scott “Alien o Oitavo Passageiro” em 1979. Os extraterrenos podem invadir os corpos das pessoas e, o que se vê nas cenas de ação do novo trabalho do mesmo diretor, é o mesmo que foi explorado anteriormente. Mas o espírito de decisão de Elizabeth fortalece-a fazendo-a escapar de tudo e de todos e ainda sugere que a sua nave deva se chocar com a do ET que decola possivelmente com destino à Terra. Ela não cessa a sua busca pela origem da vida e as últimas cenas do filme mostram que a jovem cientista prossegue viajando, no caso, tentando chegar mais perto da resposta que decidirá se o homem é produto da evolução de espécies ou foi criado por uma divindade.
As investidas filosóficas e as indagações sem respostas promovem “Prometheus” a uma ficção cientifica acima da média, ou seja, além da amostragem de monstros que chegam do espaço para devorar os homens. Mas essas medidas dos roteiristas (de Scott, que orientou a produção em detalhes, sensibilizando os produtores ligados a 20th Century Fox) são apenas estimulantes para os cinéfilos mais exigentes. Na verdade, o filme que está em cartaz usa elementos para seduzir plateias que se deleitam com os blockbusters das últimas temporadas. E como estes se apoiam nos efeitos digitais, aliados ao fascínio da 3D. Realmente, a direção de arte espera-se na amostragem do interior da nave espacial e, mesmo na caverna, onde residem os seres estranhos que poderiam ser os nossos ancestrais.
No seu aparente propósito em conteúdo “Prometheus”não responde ao que invoca e deixa furos como já mencionei ontem tratando da viagem espacial de longa distancia. Mas o que Scott omite é, na verdade, uma medida muito esperta: ele abre espaço para uma sequência. Se “Prometheus”é prequel de “Alien” o que virá vai encadear os filmes. E se o passado da aventura, que gerou 3 continuações, nada concluiu, não se deve esperar que alguma promessa se renove. É o velho esquema de estimular o interesse por algo que será sequenciado com outros elementos e, assim, o círculo se torna envolvente e viciante. Esse sempre foi o“colirio” usado pela grande indústria como estímulo ao olhar do público para a circulação deste no comércio cinematográfico em busca de um produto que o fascine como o filme.
Os pontos altos de cotação dados por certos críticos norteamericanos a “Prometheus” se contabilizam pela criativa arte da tecnologia que se torna também propulsora do encanto das platéias. Há que se ver, também, que o “insight” de considerar a fé em um elemento de incentivo á pesquisa pela origem do ser, não deixa de ter sua contribuição nesse interesse quando tudo o mais não interessar.
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