"Gerry", de Gus Van Saint.
Filmes realizados
há muito tempo só alcançam os cinéfilos locais agora, com a edição em DVD. É o
caso de “Um Garoto na Multidão” (Um Enfant dans la Foule/França,1976) terceiro
filme dos 9 que o ator Gérard Blain (de “Os Primos”) dirigiu. O assunto, vindo
de um roteiro do próprio diretor e de Michel Perez, trata de um menino órfão de
pai que não se dá bem com a mãe, pois, não aceita ser governado, fazendo amigos
entre nazistas e aliados na Paris do final da 2ª.Guerra. A direção exige muito
dos atores Jean François Cimino e César Chaveau, que interpretam o personagem
Paul, respectivamente, na infância e na adolescência. O próprio Gérard Blain tem
uma aparição na sequencia final, quando, na rua, pede um cigarro ao jovem Paul.
Um filme interessante por ressaltar o papel de pessoas humildes entre facções
opostas, mantendo-se à margem numa guerra cruel. Foi candidato a prêmio de
diretor no Festival de Cannes do ano da produção.
Outro
filme inédito, “Gerry”(EUA/2002) é uma experiência do diretor Gus Van Sant, com
atuação e roteiro de Matt Damon e Casey Affleck. Os dois protagonizam
aventureiros que tentam uma via de acesso em um deserto, mas erram o caminho da
volta. O filme inicia com uma sequência de mais de cinco minutos do carro em
que viajam os dois amigos e do mesmo nome(Gerry). Eles não conversam e a
alternância de planos é para o carro andando e poucas tomadas do interior com
os dois nos bancos dianteiros. A sequência seguinte é a caminhada no deserto.
São poucas alternativas numa perspectiva de andar, andar, andar. Não há música
descritiva nem diálogos que traduzam o drama de quem está condenado a morrer de
sede e insolação. O filme inteiro é uma paciente amostragem da gradativa quebra
de resistência do ser humano em ambiente inóspito. Compará-lo com “Ouro e
Maldição” (Greed), por exemplo, parece-me precipitado. O trio (Van Sant e os
dois intérpretes e roteiristas) não se importa com recursos cinematográficos
que tornem menos árdua a visão do filme. É como se a narrativa compartilhasse
com o que vivem os personagens. Métrica diferenciada e muito importante.
ACYR
O
veterano critico de cinema Acyr Paiva de Castro, amigo de longa data que marcou
o cenário intelectual da cidade sendo Secretário de Cultura, membro da APL e do
IHGP, além de fundador da associação de críticos (APCC), festeja hoje os seus
78 anos de vida. Parabenizo-o pela data lembrando que a sua atuação no
movimento cinematográfico local foi muito importante até porque foi o primeiro
critico a fazer programa da televisão no Pará e o primeiro a manter coluna
diária só sobre cinema em um jornal local (antes havia coluna que também
abrigava teatro como “Palcos e Telas” de Theodoro Brazão e Silva). Um grande
abraço, Acyr, extensivo à irmã Marilda que o acompanha em todas as horas.
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