Cena de "Coriolano" (UK, 2011), de Ralph Fiennes
As indicações de títulos de vídeo
para esta semana seguem o que se tem feito neste espaço, evidenciando desde os
inéditos programas nas salas de cinema aos clássicos ou mais antigos filmes que
são reproduzidos nessa mídia e na tevê fechada.
“Coriolano”(UK, 2011) marca a
estreia de Ralph Fiennes na direção de um longa-metragem. Ator de 52 filmes,
incluindo-se clássicos como “A Lista de Schindler” e “O Paciente Inglês”,
Fiennes escolheu uma peça de Shakespeare pouco adaptada para as telas,
atualizando a trama e deixando os diálogos do teatro. A ousadia, em roteiro de
John Logan, deu a essa produção 10 prêmios internacionais (incluindo o Bafta
inglês) e 6 candidaturas(como no Festival de Berlim). O próprio ator
interpretou o polêmico personagem Caius Martius que depois de guinado a cônsul
romano despreza o titulo, pois não afina com o povo, associando-se ao inimigo
Tullus Aufidius (Gerard Butler) para um tratado de paz que não demora a ser
desprezado levando-o à morte. O filme não chegou aos nossos cinemas, apesar de
ser uma produção dispendiosa, com elenco de estrelas de onde sobressai a grande
Vanessa Redgrave protagonizando a mãe de Coriolano. Em DVD estádisponível em
edição normal e em bluray.
“Desejo Humano”( Human
Desire/EUA, 1954) apresenta Glenn Ford dirigido por Fritz Lang, incorporando um
ferroviário chegando da Guerra da Coréia. A trama mostra essa figura
envolvendo-se com a esposa de um colega que louco de ciúmes mata o antigo
patrão dela. O triangulo conjugal que se faz com a ameaça de se repetir um
crime acaba envolvendo como vitima a própria mulher, interpretada por Gloria
Grahame. O final é reticente quanto à punição do ciumento personagem vivido
pelo veterano ator Broderick Crawford. Uma produção que foge ao modelo de sua
época e apesar de não ser o melhor do grande diretor de “Metropolis” é um filme
que não deve ser ignorado pelo cinéfilo de hoje.
“Corajosos”(Courageous/EUA,2011)
é uma produção de uma igreja protestante. O enredo reúne quatro policiais
amigos com idéias de prevenção ao crime onde há adolescentes. Estão convictos
de que muitos malfeitores representam a falta de apoio paterno. Quando um
desses policiais sofre a perda da filha de 9 anos em um desastre de trânsito
ele acorre à igreja próxima de sua casa e assina um termo de responsabilidade
paterna, achando que não estava cumprindo a sua missão de pai seja com a menina
morta seja com o filho mais velho. Dai em diante envolve seus colegas na peleja
de reeducarem-se dentro da família para se tornarem o que pretendem, ou seja,
adeptos de uma nova visão de sociedade. O filme é escrito, dirigido e
interpretado por Alex Kendrick, do Seminário Teológico Batista de New Orleans.
Ele protagoniza Adam, o líder do grupo de policiais. Forte mensagem
extremamente machista visto que praticamente ignora e excluia presença da
esposa e mãe. Esta só se apresenta como a dona de casa que chora pelo marido e
filhos. Narrativa (linear) que prende a atenção, mas marcando os vestígios das
pregações de igrejas tradicionais.
“Sinfonia Fantástica”(Symphonie
Fantastique/França 1942) é a biografia de Hector Berlioz consagrado compositor
francês do século XIX. É uma raridade e por isso chama a atenção do cinéfilo .
O diretor é Christian Jacques (1909-1994) conhecido por obras como “Fan Fan La
Tulipe”(1952) e por uma das melhores comédias como Totó: “Contrabandista à
Muque”(La Lopi C’est La Loi/França e Italia 1958). O grande problema é aceitar
o mimico Jean Louis Barrault(de “Boulevard do Crime”/Les Enfants du Paradis/1945)
como Berlioz, estudante de medicina que se introduziu no mundo da música. O
excelente mímico Barrault por sua própria figura não convence como um amante de
mulheres de um tempo. O filme visto pelo olhar de hoje é um exemplo do cinema
que era produzido na França antes da “nouvelle vague”.
“A Pequena Lili” (La petit Lili,
França, 2003, TV Monde), de Claude Miller, foi indicado à Palma de Ouro em
Cannes.Inspirado na peça “A Gaivota” de Tchecov, trata de juventude e
maturidade. Um jovem se angustia com seus familiares, todos ligados ao cinema,
apontando-lhes a decadência quando se submetem às fases tradicionais do “fazer
cinema”, em especial, a produção, obrigados a adequar suas ideias de roteiro,
garantir atores conhecidos etc., para “vender” o produto. É metacinema, como se
diz. Muito interessante. Miller foi assistente de Jean-Luc Godard. Faleceu este
ano aos 70.
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