Comédia com toque surrealista dirigida por Barry Sonnefeld com Tommy Lee
Jones e Will Smith protagonizando agentes federais norte-americanos que
monitoravam ETs de passagem (ou residentes mesmo) pelos EUA, o filme “Homens de
Preto”(Men in Black/1997) tem tido grande sucesso. A ideia partiu de quadrinhos
escritos por Lowell Cuninham. Deu certo em termos de público e de critica (90%
de aprovação ). Uma continuação em 2002, entretanto, não teve a mesma sorte.
Indicava esgotamento de história e situações cômicas. A receptividade
decepcionante interrompeu a série por quase 10 anos. Agora surge este “Homens
de Preto 3”(Men in Black 3/2012), com a mesma direção e com Ethan Cohen no
roteiro, substituindo Robert Gordon de “MIB 2”(MIB é abreviatura de Men in
Black).
A ideia atual é sair do cenário das aventuras dos agentes K (Kevin/Tommy
Lee Jones) e J (Jay/Will Smith) saltando para o passado, especificamente o ano
de 1968, quando J procuraria o vilão indomável Boris, O Animal (Jemaine
Clement) na época em que K conseguiu cortar-lhe um braço, desencadeando a fúria
desse personagem contra tudo e todos. Pior ainda: K poderia morrer na mão (pois
só há uma) de Boris. Essa viagem temporal é motivo para gags amparadas na
cultura de uma época. Para quem viveu o período vai achar pitoresco observar
detalhes que mostram desde os carros mais usados, do tipo os “rabos de
peixe”,aos movimentos jovens que não achavam nada de estranho transitar entre
figuras disformes como os extraterrestres em festas ou outras reuniões sociais.
No ano em que J se desloca do seu tempo atual, os norte- americanos preparam-se
para ir à lua. Mas a missão da Apollo 11 pode ser atacada pelo monstruoso vilão
nativo de outro mundo que pretende extingir os humanos. É preciso que os
agentes imobilizem uma sabotagem preparada para a nave que leva os 3
astronautas ao satélite terrestre. Em 2012, o monstruoso “Animal” está preso
numa cadeia lunar e de lá consegue fugir para a Terra. O mais versado espectador em reconhecer “furos” na exposição de temas, vê que em MIB-3 há muitos. A começar com o ataque ao vilão no passado para mudar a sua atitude no futuro. Mas se houve êxito na empreitada não há motivo de agora se preocuparem com ele. Caso tenha mudado o curso da Historia, nada do que foi visto antes aconteceu. Por outro lado, se é verdade que em 1968 o homem foi à lua, é verdade que hoje, especialmente na época de dificuldades econômicas freando os projetos da NASA, um presídio lunar é extramente improvável. E afinal, se ETs passeavam entre os membros da contracultura há mais de 40 anos por que era difícil para o homem da Terra ir ao vizinho espacial? Não seria mais prático aprender com os visitantes de outro mundo como é que se viaja para fora do nosso? Essas são as minhas dúvidas que podem não ser a de outros espectadores.
Mas, verossimilhança é o que não se pede na franquia dos homens de
preto. O que se pede é o desenvolvimento da comicidade nas aventuras expostas.
Nesta 3ª etapa da franquia há menos humor que se tornem momentos memoráveis do
que no primeiro filme. Mas o resultado é muito mais divertido do que no
segundo. Fato que autoriza uma nova peripécia dos agentes que brincam com
letras do alfabeto (o caso da agente O que pode ser namorada de K ficando OK).
Na verdade, o que menos o filme pede é o cunho explicativo que sempre se
pronuncia numa lógica que se quer levar para o cinema. Nada é coerente nesse
enredo, como se vê desde a sequência inicial com a fuga do Animal de uma prisão
supostamente indestrutível. Então, esse envolvimento fantasioso da história, caso
se posicionasse como numa memorável crítica aos “monstros” terráqueos como foi
explorado no primeiro filme da série, evidenciando desde figuras como Elvis
Presley, além de políticos famosos e dos adeptos da contracultura da época que
eram expostos no telão da sede da corporação, o mundo fantástico do século XXI,
dizem “os homens de preto”, tornaram-se espécies do cotidiano de hoje.
Mas, até o meio do filme se supõe uma idéia de sequenciamento das
histórias já narradas, quando, na verdade, somente no final de MIB-3 é que o
público vai saber o motivo do retorno ao passado. Vejam o filme sem a
necessidade lógica que se carrega usualmente. Vai dar certo.
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