Lawrence Olivier e Merle Oberon em "O Morro dos Ventos Uivantes", o clássico filme adaptado de Emile Brontë
No Brasil, o dia dos namorados
tem uma comemoração mais sintonizada com os festejos do “santo casamenteiro”,
Santo Antonio. Noutros lugares, a data alcança a origem que foi a homenagem a
S. Valentim, um bispo católico que viveu no fim da Idade Média e lutou contra as ordens do imperador Claudio II que havia proibido
casamento durante as guerras acreditando que os soldados solteiros eram mais
produtivos. Valentim foi preso e na prisão chegou a curar uma jovem cega por
quem se apaixonou. O dia de sua morte, 14 de fevereiro, passou a ser consagrado
aos namorados. Mas no Brasil ficou melhor a vespera de Sto. Antonio.
O prologo é
para chegar ao objetivo da coluna dedicada a cinema. Sabendo-se que os filmes,
desde os primeiros tempos da cinematografia, são pródigos em registrar namoros
ou relacionamentos amorosos, resolvi lembrar os mais conhecidos, ou os mais
significativos desse gênero. E pensei em lembrá-los por países produtores.
Começando
com a sede da grande indústria ciinematográfica, os EUA. Como o número de
filmes norte-americanos em que se observam pessoas apaixonadas é imenso, achei
bom lembrar os exemplares da fase muda e da fase sonora. Da primeira, não
hesito em nomear “Aurora” (Moonrise/1928) de F. W. Murnau. É impossivel
esquecer o relacionamento do camponês (George O’Brien) e sua amada (Janet
Gaynor). Ao se deixar seduzir por uma outra (Margaret Livingstone) ele pensa
até mesmo em matar a companheira. Mas se arrepende e o reencontro dos dois é um
poema que Murnau focaliza em imagens evidenciando a origem da arte desse autor,
o expressionismo.
Da fase
sonora penso em “O Morro dos Ventos Uivantes”(Wuthering Heighs/1939) de William
Wyler, com roteiro de Charles McArthur e Ben Hetch, baseado no romance de Emile
Bronté. O então jovem diretor John Huston também colaborou nesse roteiro. Não é
fiel ao original literário, mas o seu poder de sintese reflete muito bem a
paixão de Heatchcliff (Laurence Olivier) por Cathy (Merle Oberon). É célebre o
momento em que ela define o seu amor por ele dizendo “I am Heatcliff” (eu sou
Heatcliff) – e nessa hora o plano ilumina-se com um relampago, recurso para
evidenciar a confissão de amor. Criticado por reinterpretar o texto de Bronté,
especialmente por sintetizá-lo, o filme conseguiu brilhante efeito com a imagem
do casal amante caminhando em espirito pelo cenário de sua paixão. Só assim
conseguiram ser felizes visto que, de classes sociais diferentes, a sociedade
da época não aceitar aquela união.
Do cinema
francês eu lembro “A Historia de Adele H”(L’Histoire d’Adèle H/1975) de
François Truffaut onde o amor preside a odisséia da jovem filha do escritor
Victor Hugo (Isabelle Adjani) que se lança numa aventura desastrosa atrás de um
militar por quem se apaixonou.
Do cinema
sueco, há “A Última Felicidade”(Hon Dansade en Sommar/1951) de Arne Mattson, a
história do namoro de um estudante de Estcocolmo com uma camponesa (Ulla
Jacobson) que é morta atropelada por um religioso que via pecado nesse
relacionamento. Como se vê, o amor é sempre visto por certas práticas
religiosas como o “pecado” de quem ama e principalmente se fora dos padrões e
códigos da época.
Do cinema
italiano lembro de “No Limiar da Realidade”(Il Sogno nel Cassetto/1956) de
Renato Castellani ficando a ele, também, a honra de ter realizado a melhor
versão de “Romeu e Julieta”(Giulietta e Romeo/1953). O filme sobre jovens que
ousavam enfrentar os problemas da constituição de uma familia sem meios para
isso, contando apenas com o mor que os unia é bem um exemplar do periodo
neorealista.
E pedindo
licença ao espaço; “Quando Voam as Cegonhas”(Russia), “Desencanto”(Inglaterra),
e o brasileiro “Inocência” de Walter Lima Jr. com roteiro de Lima Barreto
inspirado no texto do Visconde de Taunay.
Aos que
amam, penso que cada um/a tem seu filme de amor preferido. Alguns acreditam ser
“Love Story”, outros, “...E o vento Levou” e ainda outros “O Casamento do meu
melhor Amigo”. Fico com “Luzes da Cidade”(1931), de Chaplim, “Asas do Desejo”
(1987) de Win Wenders e “Casablanca”(1941), de Michael Curtiz . Cada um
mostrando um tipo de amor romântico que é o suporte para a narrativa, mesmo que
no final, alguns não se padronizem na clássica frase” felizes para sempre”.
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