Carlitos, o vagabundo, em "Luzes da Cidade"
Como parte das comemorações do centenário do nosso cinema Olympia está acontecendo uma retrospectiva da obra de Charles Chaplin. Creio que é um dos pontos mais altos dessas comemorações. Carlitos, o tipo criado por Charles Spencer Chaplin, é o símbolo do próprio cinema. Com seus sapatos de bico longo e furados, a calça escura e larga, o chapéu de feltro e a bengala, o vagabundo que vive fugindo dos guardas e ajudando os mais necessitados que ele, é o personagem mais carismático da “arte das imagens em movimento”.
No programa desta semana estão: “O Garoto” (The Kid), no dia 21, “Em Busca do Ouro”(The Golden Rush), dia 22, “O Circo”(The Circus), dia 23 e “Luzes da Cidade”(Citylights), 24.
“O Garoto” foi o primeiro longa-metragem do Chaplin. A história é simples: mãe solteira, de classe alta, procurando se livrar de um escândalo na família, abandona o filho na rua. Carlitos o acha. E passa a criar o menino dentro de suas posses. Vê-se o garoto aos 5 anos atirando pedras nas vidraças das casas para o pai adotivo, um vidraceiro, consertar. E a comicidade no drama passa desde cedo no modo como Carlitos cuida da criança, dando-lhe a alimentação na mamadeira. Quando chega o dia em que a mãe aparece, a polícia obriga o vagabundo a entregar o filho abandonado e resta a sequência pungente do menino chorando num carro e Carlitos abrindo os braços em sua direção.
O filme foi realizado no estúdio Keystone, em 1921. Pouco depois Chaplin fundaria com os colegas Douglas Fairbankse e esposa a atriz Mary Pickford, além de David Griffith, o “pai da linguagem cinematográfica “ a Companhia United Artists. O filme seguinte, que será apresentado na sexata feira, foi a primeira produção de Chaplin para a nova companhia. O cinema era mudo, o cineasta sentia-se feliz por se expressar pela imagem. Era assim que ele entendia a arte cinematográfica. E “Em Busca do Ouro”(The Golden Rush), seu filme preferido, deixou sequências marcantes como a dança dos pães espetados em garfos, a de Carlitos vestido como um frango e assm visto pelo faminto companheiro de mineração, a da casa construida numa ladeira, com que as pessoas se arrastando de um lado para outro. Este filme, aliás, é o único que apresenta um happy end. O vagabundo termina com a sua eleita. Na vida real foi dramático, pois o ator-diretor foi levado a juízo como pai do filho de sua atriz (que ele negava ser seu).
“O Circo” (The Circus) mostra Chaplin na sua origem, o picadeiro de um circo. Como em outros filmes há uma parte sentimental, com o vagabundo se apaixonando pela estrela do picadeiro. Ela ama outro e o final mostra a desolação: o circo vai embora e resta Carlitos sentado no espaço que abrigava a armação de lona.
Obra-prima é “Luzes da Cidade”(Citylights). Realizado em 1932, quando já havia se instalado o cinema sonoro, a aventura do vagabundo que tenta ajudar uma florista cega deixa risos e lágrimas na plateia. Risos em mais de hora e meia de projeção. Lágrimas no final, quando a mocinha já consegue ver e descobre que seu protetor era um pobretão e não um “príncipe encantado”. Ele saia da prisão, está sujo, triste, e agarra uma flor que ela lhe dá, encosta no rosto e sorri. Um riso e uma lágrima deixa no fotograma o equivalente cinematográfico da Gioconda de Leonardo Da Vinci – ou, como querem alguns, a Pietá de Michelangelo. Esta sequência é um desafio ao cinema sonoro, com apenas ruídos na faixa e a canção “La Violetera”.
SILVÉRIO MAIA
Comemorando aniversário no dia de ontem, 20/06, o maestro Luis Silvério Maia (com mestrado na Escola de Música da Bahia), presentemente em João Pessoa (PB) com as queridas Edith, Sarah e agora netinho e genro. Começo dos festejos nos abaetés em 13, dia 20 é uma data que faz parte dessa comemoração do coração. E para quem está longe um abraço que o vento leva e envolve o querido amigo, com votos de muita saúde e paz para essa grande família.
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