Pierre Clementi em uma cena de "Pocilga" , filme de Pier Paolo Pasolini a ser exibido no IAP, segunda feira, IAP.
Os dois
circuitos comerciais da cidade – Cinépolis e Moviecom - não vão lançar filmes
novos esta semana. Haverá apenas uma pré-estreia, a de “Prometheus”, a nova
ficção-cientifica de Ridley Scott, lembrando o seu “Alien, O Oitavo
Passageiro”.
Na área
extra há o programa de musicais, no Olympia, o excelente “Violência e Paixão” no
Cine Estação em suas últimas exibições de hoje a domingo, e o polêmico
“Pocilga” de Pier Paolo Pasolini, no Cine Clube Alexandrino Moreira (IAP) na
2ªfeira.
Haverá,
ainda, a Sessão Cinemateca do Olympia, na tarde de domingo, com o clássico “O
Mágico de Oz”, de Victor Fleming, com Judy Garland.
Não vou
adiantar comentário sobre “Prometheus”, bastando dizer que o roteiro enfoca
astronautas terrestres em viagem a outro planeta por acharem que pinturas
rupestres achadas em cavernas têm a ver com a presença de extraterrestres no
passado do nosso mundo. Os fãs do gênero não vão perder. O filme chega na hora
em que Ray Bradbury, o escritor de “sci-fi” está sendo lembrado visto ter
falecido na terça feira última, aos 91 anos. Dele, entre tantos clássicos da
literatura especifica adaptador para o cinema há o famoso “Fahrenheit 451”,
filmado em 1966, dirigido por François Truffaut, com base no livro que escreveu em 1951.
“Pocilga”(Italia, 1969) é um filme polemico de
Pasolini. No argumento, um homem é
preso por canibalismo, tendo comido o próprio pai. Noutra historia, o herdeiro
de um industrial na Alemanha pós-guerra desgosta-se da vida em sociedade e
passa a viver com os porcos em sua fazenda. No Brasil dos “anos de chumbo” o
filme foi alvo de muitos cortes efetuados pela censura, mas foi exibido no
Cinema I e no Cineclube APCC. O grande Pasolini sempre foi irreverente em seus
temas e na narrativa que expressava os assuntos que ele considerava importantes
para quebrar os modelos tradicionais que circulavam transacionalmente nos
filmes. Nessa audácia de inverter os pontos da linguagem para romper o fel dos
resistentes sempre foi um autor que impressionava pelos gritos que dava na arte
que criava: cinema, textos, poemas. Mas somente poucos chegavam a olhar dentro
dele por essa forma criativa de ser. Não fosse isso e ainda estava entre nós.
“Pocilga” é um dos seus emblemas dessa irreverência com simbologias que se
expressam a cada tempo.
A mostra de musicais
ora em exibição no centenário Olympia tem hoje “Positivamente Millie” de George
Roy Hill, com Julie Andrews, Mary Tyler Moore, John Gavin e James Fox. É uma
sátira aos filmes de aventura dos anos 30 e marca a investida do diretor de
“Butch Casidy” e “Golpe de Mestre” no gênero. Amanhã será a vez de “Sinfonia de
Paris”, clássico premiado com o Oscar, do trio Arthur Freed (produtor), Vincente
Minnelli (diretor) e Gene Kelly (ator e coreografo). No domingo, “Cantando na
Chuva”, a história do cinema que focaliza a mesma época abordada agora em “O
Artists”, mas com a presença de Gene Kelly atuando e co-dirigindo com Stanley
Donen. Uma obra-prima.
Na próxima semana, o
programa terá “Amor Sublime Amor” (West Side Story) na 3ª feira, “A Roda da
Fortuna”, na 4ª, “A Opera do Malandro” na 5ª, “All That Jazz”na 6ª, “Cabaret”
no sábado e “Hair” no domingo.
SHINDÔ
Esta semana morreu,
além de Ray Bradbury, o diretor de cinema japonês Kaneto Shindô. Dele o
paraense recorda pelo menos “Onibaba, A Mulher Diabo”(Onibaba/1964) exibido
pelo cineclube APCC no Cine Guajará da Base Naval. Uma visão fantasmagórica do
Japão feudal quando duas mulheres, mãe e filha, que moram num pantanal enquanto
o genro/marido está numa guerra, passam a viver da renda de armas de soldados
que aparecem pela região e são mortos. Uma delas usa máscara assimilando a
personagem demoníaca que apavora os visitantes.
Shindô também foi aplaudido
por aqui quando se viu “A Ilha Nua” (Hadaka no Shima/1960), filme sem diálogos
focalizando a vida de uma família de pescadores. E já bastante idoso roteirizou
“Hachiko Monogatari”(de 1987, com direção de Seijiro Kôyama), filme que os norte-americanos
refizeram recentemente, dirigido por Lasse Hallstrom, com o título “Sempre ao
seu lado"(2009), historia comovente de Hachi,
um cachorro da raça akita, e seu dono.
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