terça-feira, 24 de julho de 2012

A PRINCESA REBELDE

    Um novo filme de animação neste tempo de férias: “Valente”(Brave/EUA,2012). Sem dúvida está sendo bem recebido pela garotada, embora alguns adultos deslumbrados com a PIXAR, estúdio agregado à Disney, tenham se decepcionado um pouco ao comparar com as produções anteriores, os fantásticos desenhos: “Toy Story 1,2 e 3”, “Ratatouille”, “Wall E” e “Up”. O filme, em nivel de contos de fadas, está acima de “Carros 1 e 2”, produções que se curvaram à preferência do presidente da empresa, John Lesseter, por automóveis (ele coleciona carros de diversas marcas e anos).

O roteiro de Mark Andrews, Steve Purcell, Irene Mecchi e Brenda Chapman (de “O Príncipe do Egito”), com base numa história desta última (também diretora, que abandonou o filme, sendo substituida pelos dois primeiros), focaliza um reino escocês, distante no tempo e no espaço, onde a princesa Merida está preste a casar-se com alguém que os pais pretendem selecionar em uma disputa que a própria filha sugere ser de arco e flecha. Mas desde as primeiras imagens observa-se que a jovem não é de se acomodar com o casamento, como as mulheres da época (eternas donas de casa, mesmo rainhas). E com poucos anos de idade já erguia o arco e acertava as flechas em alvos. Isto a leva observar o sorteio do futuro marido com a certeza de que pode ganhar qualquer um concorrente. Como de fato ganha. Exceto de um jovem tímido que acerta por acidente. Mas isso não impede que Merida se rebele contra as ordens principalmente maternas (cujo desejo é vê-la se tornar uma dama para encontrar um príncipe encantado ) e fuja para a floresta em busca de uma bruxa (inevitável nessas histórias) que vai contribuir numa solução para dominar a prepotência da mãe. Só que a poção da bruxa transforma a rainha-mãe em um urso. Contudo, nessa transformação, muita coisa acontece como a aproximação entre mãe e filha em uma ação para proteger a família.

Há quem ache o original semelhante a “Irmão Urso”(Brother Bear/EUA,2003) de Aaron Blaise e Robert Walker, baseado numa historia de Stephen J. Andersen e mais um grupo de colaboradores. Ali um jovem que mata urso se transforma nesse tipo de animal e passa a conhecer o mundo de sua caça. No caso de “Valente”, a mãe transformada também muda o seu relacionamento com a filha (que obviamente vai “desencantá-la”).

A novidade na trama é a evidência da princesa solteira e interessada na sua própria liberdade. Ela não é como Cinderela ou Branca de Neve que vê num casamento real a sua emancipação. Merida tem autonomia e luta por ela, sabe o que quer, gosta da vida que leva. E o filme não termina com príncipe encantado levando-a para um palácio onde “será feliz para sempre”. Os personagens compõem um painel expressivo em que uma garota ruiva incentiva o interesse por ser feliz e ao mesmo tempo reconhecer o mérito dos pais, principalmente da mãe com quem tem o maior conflito. Ao reabilitar suas diferenças consegue ver os valores maternos e a comunicação entre as duas revela-se o valor maior numa visão sobre a importancia do reconhecimento da diversidade no mundo atual (alías, a PIXAR sempre deu importância aos diferentes. Cf. Toy Story, Wall-E, Ratatouille etc.).

Importante também é o curta-metragem que acompanha o filme principal, como de hábito, em se tratando de PIXAR: “Luna” (estréia do desenhista de storyboards da Pixar, o italiano Enrico Casarosa). Um pequeno poema sobre um menino que aprende com seu avô e seu pai a limpar uma estrela, imprimindo, entretanto, seu próprio modo de trabalhar.  

Infelizmente a projeção digital da sala onde estive assistindo a “Valente” (Cinépolis Boulevard 6) estava deficiente. Creio que a lâmpada do projetor tem pouca capacidade e isso prejudica muito um filme com as imagens muito escuras dificultando reconhecer melhor o ambiente. Que a empresa exibidora dote as suas salas digitais do centro (Shopping Boulevard) com a mesma capacidade das que existem no Shopping Parque inaugurado recentemente.

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