“Na Noite do Passado”(Random Harvest/EUA, 1941) foi
candidato a vários Oscar. Baseado em um romance de James Hilton, o autor de
“Horizonte Perdido”(Lost Horizon) trata de um ex-combatente da I Guerra Mundial
que é levado para a Inglaterra sem memória. Depois de meses num asilo ele
resolve fugir. E o faz no dia em que se comemorava o fim da guerra. No meio da
multidão que festeja, nas ruas, o armistício, ele encontra uma artista de
teatro de variedades que lhe presta auxilio (ele mal podia andar) e leva-o para
sua casa. Nasce um romance entre os dois que logo se casam e ganham um filho. Descobrindo
a sua facilidade em escrever ele chama a atenção do diretor de um jornal em
Liverpool que pede a sua visita à redação. Quando ele chega à cidade e está a
caminho do jornal para encontrar este editor é atropelado e recupera a memória.
Reconhece, então, que é um rico herdeiro que deve chefiar uma indústria devido
a morte do pai dias antes. Mas esquece dos 3 anos que viveu sem consciência. A
esposa, que muito o procura, emprega-se como sua secretária e começa uma
cruzada para que ele recorde que foi seu marido. O filho havia falecido.
Não conheço o romance original, mas o filme é muito
bem narrado. Exemplifica aquele tipo de cinema que sabia contar uma história. E
por isso seduzia plateias. Ronald Colman tem um excelente desempenho e Greer
Garson mostra que sabia fazer de tudo, chegando a dançar e cantar neste exemplo
de produção “séria” da MGM.
Três exemplares da fase auspiciosa da “marca do
leão”(MGM) chegaram juntos às locadoras: fora este, “Noite do Passado”, mais
“Mundos Opostos”, que já comentei semana passada, e “Encruzilhadas do Destino”.
Este último, no original “Bhowani Junction”, é de 1956, época em que a
produtora já indicava sinais de decadência. Filamdo em cinemascope no Paquistão
com pretensão de ser a Índia, trata de um romance entre um oficial inglês
(Stewart Granger) e uma militar mestiça (Ava Gardner). É o tempo do retorno dos
ingleses colonizadores desse país, atendendo à resistência pacifica orientada
por Mahatma Gandhi. As locações, com intervenção de pessoas do lugar,
impressiona. Mas o roteiro é cheio de clichês e o final bem “hollywoodiano” do
passado. Ava Gardner foi elogiada por um papel diferente dos que interpretava
na rotina do estúdio. Vale, nos dias atuais, apenas como curiosidade.
“Heleno” (Brasil/2010, 116 min.) biografa o jogador
de futebol que fez sucesso no Botafogo (RJ) dos anos 40 e que por seu gênio
violento e sua intensa procura por mulheres acaba perdendo “status” (fez breve
carreira no Vasco e no América) e, descoberto com sífilis, acaba seus dias em
uma casa de saúde aparentando o intenso sofrimento que a doença manifesta no
corpo e na mente.
O filme dá margem ao melhor desempenho de Rodrigo
Santoro em sua carreira internacional. Com a aparência fisica de Heleno de
Freitas, o personagem real focalizado, consegue prodígios de expressões faciais
reveladas em closes. Santoro é também associado à produção do filme.
O problema, a meu ver, é o roteiro assinado pelo
diretor José Henrique Fonseca, por Felipe Bragança e Fernando Castets, pecando,
por exemplo, por omitir os primeiros anos da carreira de Heleno, preferindo
exaurir seus encontros sexuais e sua fase de doente. De qualquer forma é um dos
melhores filmes nacionais deste ano, realizado corajosamente em preto e branco
como forma de se introduzir o clima de época e cenas filmadas então.
O filme
não foi exibido nos cinemas de Belém. Um absurdo.
Oi, Luzia!
ResponderExcluirFiquei com vontade de assistir "Heleno", após ler seus comentários. Assistir DVD para mim é um sacrifício, mas vou me aventurar. Ouvi dizer que o filme foi um fracasso retumbante, e parece-me que a atriz Cláudia Abreu estava na co-produção.Uma pena! Muito pior é essa ausência nos cinemas comerciais de Belém, que agora só recebem (maioria das vezes) porcaria.
Abraço,
R.Secco
Ué, mandei um comentário e não saiu. Será que brecou?
ResponderExcluirThanks a lot!
R.Secco