Há quem veja a série "A Era do Gelo" como "uma
versão dos Flintstones”, heróis da Idade da Pedra, popularizados pela
televisão. E argumentam, na abordagem fantasiosa aos tempos pré-históricos usando
o conceito de família, partindo das aventuras de Manny, o mamute com seus
agregados. Esses animais devidamente "humanizados" vivem com os
amigos Diego (o tigre dente de sabre) e Sid (a preguiça), e outros mais em
historias que focalizam as mudanças geológicas do planeta partindo da fase
gelada do titulo para a lenta descoberta de uma terra seca embora não isenta de
perigos.
Todos os filmes da franquia começam com o pequeno esquilo
Scrat
em busca de uma noz. Esta
quarta etapa não foge à regra. E exagera, pois, pelo que se vê na sequencia
inicial o deslocamento da massa gelada se origina do ato de o esquilo tentar
enterrar o fruto. O bichinho além de sofrer maiores quedas depara-se com um
palácio cheio de nozes e, apesar desse achado, não se dá bem.
Mas o que interessou agora aos roteiristas Michael Berg e
Jason Fuchs, chegando aos diretores Steve Martino e Mike Thurmeier em "A
Era do Gelo 4"(Ice Age, Continental Drift/ EUA,2012),foi enfocar a filha
de Manny e Ellie, Amora, agora adolescente, e seu difícil relacionamento com o
pai por estar interessada em Ethan, um bonitão e popular mamute. A
superproteção paterna se expressa por não deixar "a sua menina" sair
sem dizer aonde vai e chegar tarde "em casa". Este comportamento é
criticado quando a "garota", deslocada do acesso ao pai que viaja em
outro iceberg conforme as fendas na camada gelada vão se arrastando, ao tempo
em que o degelo se processa, é a responsável pela ajuda ao "velho pai "
em uma situação dramática.
Essa odisseia de Manny e seus amigos Diego e Sid mostra-os
sendo deslocados do continente onde ficam os familiares, por conta dos
desabamentos constantes. Eles seguem num iceberg para o alto mar enquanto os
membros das famílias caminham para um terreno onde possam chegar ao local de onde
está se dando o efeito climático. Há personagens novos: o orangotango Entranha,
a tigresa das neves Shira e a avó de Sid. Esta ultima, aliás, cria uma empatia no
iceberg de Manny, visto que graças aos seus delírios ela consegue ajuda-los.
Nessa viagem dos animais há o encontro com o vilão da
história: Entranha, o orangotango pirata que tenta escravizar os náufragos do
iceberg. A luta dá direito até a um arremedo de esgrima como nos filmes de capa
e espada que consagrou astros como Errol Flynn. Mas quem for ao cinema pode
apostar antes de ver as primeiras cenas que tudo vai acabar bem para os
personagens amigos.
A preocupação comercial que cerca todas as franquias
cinematográficas revela inapelavelmente um cunho de repetição. Se o terceiro
"A Era do Gelo" foi uma das maiores bilheterias de seu tempo (e era
dirigido pelo brasileiro Carlos Saldanha) um quarto exemplar seria lógico para
o padrão da indústria. O problema é que há pressa na composição do produto. E
os roteiristas não pensam muito: repetem tramas e só se preocupam em dar margem
à exibição da técnica (como agora entra a 3D) e o agrado de uma plateia que
prefere mesmo ver de novo (a começar com as crianças).Sente-se, portanto, que
as aventuras dos animais pré-históricos já se exauriram. A não ser que escrevam
um roteiro em que as mudanças sejam tão radicais como a descoberta de deserto
ou a transformação em "cowboys"(ou melhor,"cowanimals").
Como "A Era do
Gelo 3" obteve uma de suas melhores receitas no Brasil, prova que deu a
Carlos Saldanha a chance de realizar uma animação carioca ("Rio"), este
"Numero 4" já estreou por aqui, e só na próxima semana é que vai
chegar aos cinemas dos EUA disputando espaço no box-office com outras animações.
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