segunda-feira, 23 de julho de 2012

VARIEDADES EM DVD

 James Mason e Ava Gardner em "Mundos Opostos" (1949)

Há filmes que apesar do tempo de produção, somente agora estão circulando entre nós, graças às novas tecnologias que possibilitaram essa divulgação. Se antes algumas cópias chegavam para exibição nos cinemas comerciais e, posteriormente, atingiam a bitola 16 mm, sendo possivel chegar ao cinema doméstico ou, como se dizia, à tela pequena, hoje, o DVD tem proporcionado às empresas uma maior facilidade para transformar o padrão industrial anterior do tipo película ao meio digital. Neste caso, circulam muitos exemplares de décadas passadas e fico feliz de assistí-los, tomando conhecimento dessa produção, cujos temas, modos narrativos e outros elementos da linguagem servem de base ao melhor entendimento das imagens de ontem no hoje presente.

Nesta situação está “Mundos Opostos”(East Side & West Side/EUA, 1949). O filme reúne atores consagrados como James Mason, Barbara Stanwyck, Ava Gardner, Cyd Charisse e Van Heflin, numa história de infidelidade conjugal onde o marido infiel se diz imune da antiga amante, mas não se detém a uma recaída e vê complicar ainda mais a sua vida conjugal quando a “outra” é assassinada. Pelo elenco se avalia o cuidado que a MGM tinha com as suas produções dramáticas “classe A”, usando o preto e branco, mas colocando adiante da câmera os seus conhecidos interpretes contratados. Nesse caso, havia também outro meio de contrato comercial, geralmente exclusivo com atores/atrizes e técnicos. O filme, dirigido por Mervyn Le Roy, é um melodrama que ainda hoje chama a atenção, embora o espectador atual perceba os “furos” do roteiro e o artificialismo das filmagens, com até mesmo cenas de rua captadas no estúdio.

“A Guerra Está Declarada”(La Guerre est Declarée/França, 2011) tem seu roteiro baseado na experiência de vida da diretora e escritora Valérie Donzelli que, com o seu marido Jéréremi Elkhaim travaram uma longa batalha pela saúde de seu filho bebê, Gabriel, portador de um tumor maligno no cérebro. O caso da cura de um tipo raro de câncer foi motivo de alegria por um lado, mas o casal não suportou unido o tempo em que acompanhou o tratamento da criança. No filme, Valérie se chama Juliette e o marido Romeo. A criança passa a ser Adam e a narrativa segue uma linha documental, com poucas aberturas para a ficção. Percebe-se o drama da mãe-cineasta até pelo modo como ela encerra o trabalho, com planos da família numa praia, o menino já crescido correndo e o pai também visto em “ralenti” (câmera lenta). É um filme interessante que chegou a ser candidato ao Oscar de película estrangeira. Não foi exibido, ao que eu saiba, nos nossos cinemas.

“Isto Não é um Filme”(In Film Nist/Irã, EUA,2011) é uma ousadia iraniana. O cineasta Jafar Penahi filmou com uma pequena câmera digital a leitura de um roteiro que ia filmar e que não havia sido liberado pela censura do seu país. Seu amigo Mojitaba Mirtahmasb transferiu as imagens para um pen-drive e escondeu-o em um bolo, método para transportar o filme para fora do país. Jafar foi preso e a comunidade cinematográfica internacional protestou contra isso. O filme da leitura foi editado em DVD e chegou a fazer 68 milhões de dólares no mercado norte-americano de cinema. Com elogios da critica.

“Não Sei Como Ela Consegue”(I D’ont Konw Who she Does It/EUA,2012) prende-se ao gênero “comédia romântica” e focaliza uma jovem executiva que por seu talento vai conseguindo subir na carreira embora isso leve a se desdobrar nos afazeres domésticos, sendo ela mãe de um casal de filhos pequenos e esposa de um profissional liberal e dedicado companheiro.

O roteiro de Aline Brosh Mckenna, a mesma de “O Diabo Veste Prada” e “Compramos um Zoológico”, baseia-se num livro de Allison Pearson que teria se inspirado em realidade, ou seja, na odisséia de uma executiva. Mas o que o filme deixa como primeira impressão não é o elogio à mulher trabalhadora fora de casa sem que isso a deixe longe dos seus familiares. É muito mais um constrangimento por ela abandonar marido e filhos na busca de melhor colocação no emprego. E para isso solta elogios ao comportamento desse marido e da criança menor. São tão bonzinhos que a gente condena o excesso do trabalho materno.

Sarah Jessica Parker, a atriz principal, ganhou o Framboeza (Razzie) como pior atriz de 2012.

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