Jean-Luc Godard e Brigitte Bardot em uma cena de "Le Mepris", entre os 5o melhores.
O tema dos melhores filmes de todos os tempos
segundo a revista inglesa “Sight & Sound” prossegue neste espaço. As
mudanças nas indicações desta lista atenderam aos critérios que pautaram essa
escolha.
Dizem os editores da revista que desde 1952 esta
seleção é realizada a cada dez anos. E 60 anos após, houve uma reorganização do
cânone sem dúvida devido a outro momento de interação com os votantes. Há um
ano a
equipe de “Sight & Sound” reunida estabeleceu os parâmetros da pesquisa. Dizem:
“Dada a predominância da mídia eletrônica que se tornou imediatamente evidente
teriamos que abandonar a exclusividade um pouco elitista das escolhas no
passado e chegar a um grupo internacional muito mais amplo de comentadores”. Foram
incluidos, então, muitos críticos com carreira online ao invés dos que se
mantinham somente na mídia impressa. Participaram mais de 1.000 críticos,
programadores, acadêmicos, distribuidores, escritores e cinéfilos, recebendo (no
prazo) 846 listas com dez menções cada, num total de 2.045 filmes. A carta-convite
declarava se tratar de uma escolha pessoal dos dez filmes mais importantes para
história do cinema, ou dez que representavam alta estética de realização, ou
mesmo os dez filmes que tiveram o maior impacto sobre o ponto de vista pessoal em
torno do cinema. Foi contado um voto para cada filme mencionado, sendo que “O
Poderoso Chefão” e “O Poderoso Chefão II” não foram aceitos como uma única
opção, uma vez que eles haviam sido realizados como dois filmes separados. O
restante das 50 indicações foram estes:
21- Desprezo (Le Mépris) de Godard-(1963); 22- O
Poderoso Chefão (The Godfather) de Coppola(1972); 23- Ordet- de Carl Dreyer(1955);
24- In the Mood for Love, de Wong Kar-Wai (2000); 25- Rashomon, de Akira Kurosawa(1950);
26 Andrei Roublev, de Trakovsky (1966); 27-Cidade dos Sonhos (Mullholland Dr),
de David Lynch (2010; 28- Stalker, de Tarkovsky (1979); 29-Shoah, de Claude
Lanzmann (1985); 30-O Poderoso Chefão Parte 2, de Coppola (1974); 31- Taxi
Driver, de Scorsese (1976); 32-Ladrões de Bicicletas(Ladri di Biciclette), de
Vittorio De Sica(1948); 33-A General (The General) de Buster Keaton, 1936; 34-
Metropolis, de Fritz Lang(1927); 35-Psicose (Psycho) de Hitchcock, 1960;
36-Jeanne Dielman 3 quai du Commence 1080 Bruxelles, de Chantal Akerman (1975);
37-Sátántangó de Béla Tarr (1959); 38-Os Incompreendidos (Les 400 Coups), de
François Truffaut (1959); 39-A Doce Vida(La Dolce Vita) de Fellini (1960); 40-
Viagem à Itália (Viaggio in Italia) de Roberto Rosselini; 41- Pather Panchali,
de S. Ray (1955); 42- Quanto Mais Quente Melhor”(Some Like it Hot)de Billy
Wilder(1959); 43- Gertrud, de Carl Dreyer (1964); 44- O Demonio das 11
Horas(Pierrot le Fou) de Godard(1965); 45- Play Time, de Jacques Tati (1967);
46- Close-Up, de Abbas Kierostami (1990); 47- A Batalha de Argel (La Bataglia
di Argel) de Gillo Pontecorvo1966); 48- Historia do Cinema (HIstoire du Cinéma)
de Godard (1988); 49- Luzes da Cidade (Citylight) de Charles Chaplin (1931);
50- Contos da Lua Vaga(Ligetsu Monogatari) de Mizoguchi (1952); e ainda neste
posto “La Jetée” de Chris Marker (1962).
Alguns filmes citados não chegaram por aqui (nem em
DVD ou mesmo VHS). Mas o cinéfilo vai avaliar um outro mercado de filme que tem
uma visão diferente de história do cinema porque consegue ter em mãos novos
títulos os quais desconhecemos. Avalio a pobreza de só ser citado um Chaplin e figurar
no fim da fila. Na área da comédia “Mon Oncle”(Meu tio) dá vez para “Play Time”,
de Jacques Tati, ficando de fora: os Irmãos Marx, Woody Allen, David Lean, René
Clair, Buñuel, autores de muitos títulos que poderiam figurar nessa lista. “Tempos
Modernos”, por exemplo, foi considerado “o filme do século XX” para os críticos
ingleses (da mesma terra dos editores da revista). E agora deixou de figurar.
Minha
explicação para essa inovação de filmes dessa lista deve-se à inclusão de votantes
de uma geração nova, circulando na web que se tem ao seu alcance um considerável
mercado filmográfico (sabe-se da valorização do cinema pela cultura européia),
não deve ter assistido ainda aqueles exemplares da história do cinema que
construiram uma estrutura da linguagem. Por outro lado, deve-se conceber os
novos valores sobre cinema & narrativa que se estabelecem na
contemporaneidade. Se entre nós há esse diferencial avalie-se por ai afora onde
há cursos de cinema em pós-graduação e pesquisas sobre o chamado “primeiro
cinema”? As entonações certamente são novas e não podem se manter como queremos
sempre. Valores pessoais, estéticas novas, filmes de fora do olhar dos
latinoamericanos sem dúvida estão na vez. O que sentimos é uma exclusão sobre o
cinema de outras culturas como os da América Latina.
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