"As Duas Faces da Lei", com Robert Mitchum, entre os filmes de guerra.
A segunda guerra mundial gerou
inúmeros filmes. Alguns foram realizados quando o conflito começava, ou quando finalizara.
Dois exemplares que chegaram semana passada às locadoras de vídeo exemplificam
as épocas: “O Homem que quis matar Hitler” e “As Duas Faces da Lei”.
O primeiro, no original “Man
Hunt” é de 1941 e dirigido por Fritz Lang (105 min.). Quando foi filmado, os
EUA ainda não tinham entrado na guerra. O ator Walter Pidgeon protagoniza um norte-americano
na Alemanha que resolve encenar um tiro contra o ditador alemão quando caçava
nas proximidades do local onde este conferenciava com seus oficiais. No
último minuto resolve atirar, mas a arma falha, ele é preso, e daí em diante inicia-se
uma ciranda de problemas em sua vida. Principia quando uma autoridade alemã (George
Sanders) quer que o prisionero inglês assine um documento dizendo que desejou
matar o Chefe de Estado alemão e pedia a interferência da Inglaterra. Esse é um
motivo para a guerra. O personagem não assina e passa a ser perseguido. Bom
ritmo e ficção que estimulava o anti-nazismo, escrito por Geoffrey Household,
com roteiro de Duddley Nichols.
“As Duas Faces da Lei”(Man in the
Middle/EUA 1963) é ambientado no penúltimo ano da guerra (1944). O enredo trata
de um episódio ocorrido em um acampamento inglês quando um tenente atira e mata
um soldado na enfermaria local. Os norte-americanos abrem um processo para
provar aos aliados ingleses que agem com justiça. E para defender o tenente, os
militares solicitam ao comando americano um coronel advogado que está de
licença do exército por ferimento em combate. Uma causa praticamente perdida,
uma vez que há 11 testemunhos confiáveis mas que a defesa vai ter de rever
investigando os fatos. A direção é do britânico Guy Hamilton, com atores de
Hollywood e de Londres: Robert Mitchum, Keenan Wynn, Barry Sullivan, Alexander
Knox e Trevor Howard e a francesa France Nuyen (de descencencia vietnamita).
Boa narrativa embora usando estereótipos.
O diretor e ator Pietro Germi (1914-1974)
apresentou dramas densos como “O Caminho da Esperança” (1950) e “O
Ferroviário”(1956). Mas foi na comédia que deixou gratas lembranças: “Divorcio
à Italiana” (1961), “Seduzida e Abandonada” (1962), ”Confusões à
Italiana”(1966), ”Alfredo, Alfredo”(1972) e o que deixou incompleto “Meus Caros
Amigos (1974) terminado por Mario Monicelli. “Seduzida e Abandonada” chega ao
DVD no Brasil (em seguida a “Divórcio à Italiana”). No texto, o tema é a
gravidez de Agnese (Stefania Sandrelli), atraída por Peppino (Aldo Puglisi), o
noivo de uma de suas irmãs. Quando o patriarca Vicenzo Ascalnone (Saro Urzi,
excelente) sabe do fato, procura escondê-lo da população da aldeia siciliana
onde mora e segurar Peppino. Na verdade, ele convoca o filho Antonio (Lando
Buzanca, que faria várias comédias depois disso) para assassinar o sedutor.
Surgem complicações hilárias que retratam os costumes do lugar, evocando
personagens de comportamento puritano. O filme continua com o vigor de sua estréia
e os interpretes fazem a festa do humor. Importante comédia de costumes que não
só explora a situação nas aldeias italianas mas desloca-se também para as
representações sobre as relações amorosas principalmente latinas.
Em “A Solidão de uma Corrida sem
Fim” (The Loneliness of the long Distance Runner/UK,1962), o ator Tom Courtney,
famoso por sua interpretação em “O Fiel Camareiro”, estreia como o detento com
grande capacidade física que um agente prisional (Michael Redgrave) treina para
representar a Inglaterra nas Olimpíadas, mas que não consegue desenvolver a sua
capacidade por conta das mágoas retidas numa vida cheia de problemas. Entre o
êxito nos esportes e a marca idelógica, o quase vencedor desenvolve sua
indignação.
O diretor Tony
Richardson(1928-1991) ganhou Oscar com “Tom Jones”(1963). Neste filme de inicio
de carreira mostrou uma habilidade fascinante, com a felicidade de torná-lo
simpático até hoje, muito tempo depois da época da ação.
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