terça-feira, 14 de agosto de 2012

MARILYN E LOLA


Miley Cyrus e Demi Moore em "Lola"


Marilyn Monroe já havia atuado em 21 filmes quando foi convidada e participar de “Torrentes de Paixão”(Niagara), em 1951. Nos filmes anteriores havia desempenhado papel de coadjuvante sendo que em três – “Sua Alteza e a Secretária”(1947), “You Were Meant for Me”(1948) e “Torrentes do Ódio”(1948) – nem teve seu nome nos créditos. Foi mesmo em “Niagara”, filme da Fox ,produzido por Charles Brackett de um roteiro dele, com direção de Henry Hathaway que ela ganhou evidência e o tipo sensual que venderia para o mercado cinematográfico daí em diante.

A importância histórica do filme é maior do que a sua qualidade artística. Mas se não é o que se podia esperar do roteirista Brackett de “”Ninotichka”(1939), “5 Covas no Egito”(1943), Crepúsculo dos Deuses” (1950) e tantos outros clássicos, tampouco diminui as qualidades de Henry Hathaway, um dos mais capazes artesões de Hollywood e responsável pela fotografia de “Paixão dos Fortes” (My Darling Clementine, EUA, 1946) e “Pânico nas Ruas”(Panic in the Streets, EUA, 1950).

A trama de “Niagara” é simples: um casal em lua de mel procura a catarata do Niagara, uma das mais famosas do mundo. Lá ele encontra outro casal que estava ocupando a barraca que lhes tinha sido destinada. A mulher, no caso (Marilyn Monroe) trai o marido (Joseph Cotten) com um funcionário da estação que controla o acesso às imediações da catarata. Em dado momento registra-se o aparecimento de um cadáver nas águas. A mulher vai ao IML reconhecer o corpo, pois o marido havia desaparecido. Desmaia. Não é ele, e seu marido começa, então, uma missão de vingança que vai atingir, de alguma forma, os jovens vizinhos.

Henry Hathaway era um dos melhores artesões de Hollywood, conhecido por alguns críticos como “o mestre do semidocumentário”. E seu filme que revelou MM é digno de um Hitchcock, quer na trama, quer na construção da narrativa. Um suspense dos bons que hoje reabre o Cineclube Pedro Veriano (Casa da Linguagem) às 18 h. Uma homenagem a Marilyn e a um tipo de cinema.

LOLA

Há vários filmes com o nome de “Lola”. Agora mesmo circula em DVD uma produção filipina que trata da história de duas avós reivindicando queixas: uma pelo assassinato de seu neto e outra pela absolvição desse assassino, no caso, o neto que ela possui. As duas chamam-se Lola.  Outra Lola é a de Fassbinder (1981) e há uma de Jacques Demi (1961), uma de Brillante Mendoza (2009), uma de Bigas Luna (1986), e até uma produção de 1914, assinada por Henry Otto. A que está nos cinemas é de 2012, produção norte-americana e replay de uma francesa cujo título era “Rindo à Toa”(2008) da mesma diretora-roteirista, Lisa Azuelos com a parceria de Kamir Aïnouz. Uma cópia desta esteve circulando em DVD.

O roteiro da “Lola” atual (Lol, EUA, 2012) aborda jovens colegiais da classe média americana contemporânea. A garota do titulo se desentende com o namorado e percebe que o melhor amigo tem mais alguma coisa que só então ela observa. Entre esses estremecimentos amorosos há o problema da mãe dela (Demi Moore), divorciada, fazendo sexo com o marido escondido dos filhos, mas com um namorado em vista. Mesmo com sua vida meio atrapalhada tanto amorosa quanto profissional, ela está atenta aos cuidados com a filha que deseja independência.

Colegas, drogas, liberdade sexual, “ficantes” tudo é tratado na superfície. “Lola” foi realizado objetivando maiores platéias do que o filme original francês, lançado há 4 anos e filmado na terra da cineasta (aliás, ela é filha da atriz Marie Laforet que os cinéfilos atuais pouco conhecem). Quem assistiu aos dois trabalhos vota fácil no primeiro (não assisti), dizem as notícias. O certo é que a Lola americana é apenas uma boa oportunidade para o desempenho da bonita Miley Cyrus, de 19 anos (fará 20 em novembro), vista em “A Última Musica” (EUA, 2010). Ela se mostra bem à vontade num papel que não lhe deve ter parecido difícil. O tema é sempre interessante, mas o fecho é típico das comédias românticas com “happy end” em muitas frentes. Tudo para quem for ao cinema sair “nas nuvens”. E ainda bem que condena as drogas....

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