Miley Cyrus e Demi Moore em "Lola"
Marilyn Monroe já havia atuado em 21 filmes quando foi
convidada e participar de “Torrentes de Paixão”(Niagara), em 1951. Nos filmes anteriores
havia desempenhado papel de coadjuvante sendo que em três – “Sua Alteza e a
Secretária”(1947), “You Were Meant for Me”(1948) e “Torrentes do Ódio”(1948) – nem
teve seu nome nos créditos. Foi mesmo em “Niagara”, filme da Fox ,produzido por
Charles Brackett de um roteiro dele, com direção de Henry Hathaway que ela
ganhou evidência e o tipo sensual que venderia para o mercado cinematográfico daí
em diante.
A importância histórica do filme é maior do que a
sua qualidade artística. Mas se não é o que se podia esperar do roteirista Brackett
de “”Ninotichka”(1939), “5 Covas no Egito”(1943), Crepúsculo dos Deuses” (1950)
e tantos outros clássicos, tampouco diminui as qualidades de Henry Hathaway, um
dos mais capazes artesões de Hollywood e responsável pela fotografia de “Paixão
dos Fortes” (My Darling Clementine, EUA, 1946) e “Pânico nas Ruas”(Panic in the
Streets, EUA, 1950).
A trama de “Niagara” é simples: um casal em lua de
mel procura a catarata do Niagara, uma das mais famosas do mundo. Lá ele
encontra outro casal que estava ocupando a barraca que lhes tinha sido
destinada. A mulher, no caso (Marilyn Monroe) trai o marido (Joseph Cotten) com
um funcionário da estação que controla o acesso às imediações da catarata. Em
dado momento registra-se o aparecimento de um cadáver nas águas. A mulher vai
ao IML reconhecer o corpo, pois o marido havia desaparecido. Desmaia. Não é
ele, e seu marido começa, então, uma missão de vingança que vai atingir, de
alguma forma, os jovens vizinhos.
Henry Hathaway era um dos melhores artesões de
Hollywood, conhecido por alguns críticos como “o mestre do semidocumentário”. E
seu filme que revelou MM é digno de um Hitchcock, quer na trama, quer na
construção da narrativa. Um suspense dos bons que hoje reabre o Cineclube Pedro
Veriano (Casa da Linguagem) às 18 h. Uma homenagem a Marilyn e a um tipo de
cinema.
LOLA
Há vários filmes com o nome de “Lola”. Agora mesmo circula
em DVD uma produção filipina que trata da história de duas avós reivindicando
queixas: uma pelo assassinato de seu neto e outra pela absolvição desse
assassino, no caso, o neto que ela possui. As duas chamam-se Lola. Outra Lola é a de Fassbinder (1981) e há uma
de Jacques Demi (1961), uma de Brillante Mendoza (2009), uma de Bigas Luna (1986),
e até uma produção de 1914, assinada por Henry Otto. A que está nos cinemas é
de 2012, produção norte-americana e replay de uma francesa cujo título era “Rindo
à Toa”(2008) da mesma diretora-roteirista, Lisa Azuelos com a parceria de Kamir
Aïnouz. Uma cópia desta esteve circulando em DVD.
O roteiro da “Lola” atual (Lol, EUA, 2012) aborda
jovens colegiais da classe média americana contemporânea. A garota do titulo se
desentende com o namorado e percebe que o melhor amigo tem mais alguma coisa
que só então ela observa. Entre esses estremecimentos amorosos há o problema da
mãe dela (Demi Moore), divorciada, fazendo sexo com o marido escondido dos
filhos, mas com um namorado em vista. Mesmo com sua vida meio atrapalhada tanto
amorosa quanto profissional, ela está atenta aos cuidados com a filha que
deseja independência.
Colegas, drogas, liberdade sexual, “ficantes” tudo
é tratado na superfície. “Lola” foi realizado objetivando maiores platéias do
que o filme original francês, lançado há 4 anos e filmado na terra da cineasta (aliás,
ela é filha da atriz Marie Laforet que os cinéfilos atuais pouco conhecem).
Quem assistiu aos dois trabalhos vota fácil no primeiro (não assisti), dizem as
notícias. O certo é que a Lola americana é apenas uma boa oportunidade para o
desempenho da bonita Miley Cyrus, de 19 anos (fará 20 em novembro), vista em “A
Última Musica” (EUA, 2010). Ela se mostra bem à vontade num papel que não lhe
deve ter parecido difícil. O tema é sempre interessante, mas o fecho é típico
das comédias românticas com “happy end” em muitas frentes. Tudo para quem for
ao cinema sair “nas nuvens”. E ainda bem que condena as drogas....
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