Batman, Bane e a Mulher Gato, personagens do novo filme de Nolan.
O cinema
norte-americano ressente-se da falta de vilões. Com o fim da guerra fria, a
opção para lutar contra os super-heróis ficou nos extraterrestres e nos
diversos terroristas. Por isso, surpreendeu a imagem de Bane, a figura
enjeitada que se vinga do mundo em “Batman, O Cavaleiro das Trevas Ressurge” (The
Dark Knight Rises/EUA,2012). Ele age como um revolucionário de esquerda quando,
ao sentir que está ganhando a luta, espera transformar Gothan City numa
cidade“socialista” onde a população é como que amparada pelo Estado e as
grandes marcas do capitalismo são, simplesmente, destruídas como a Bolsa de
Valores e as grandes corporações.
Bane (Tom
Hardy) era um garoto filho de prisioneiros do sistema de Pietra Dura, nascido
num poço onde viviam seus pais desde que banidos da sociedade. Sua figura surge
em primeira aparição na revista “Batman: The Vengeance of Bane”, em janeiro de
1993, tornando-se conhecido, entretanto, por ter sido o único inimigo de Batman
a causar-lhe sérios dados físicos quebrando-lhe a espinha, deixando-o
paraplégico, relato feito na história “Batman Knightfall” (edição nº 497 da
revista “Batman”, julho de 1993). Sua presença nesse novo filme tem o tom de
vingança após sair da Prisão Blackgate, para onde fora enviado ao ser derrotado
e preso por Azrael ou Jean Paul Valley- que assumiu o posto do homem-morcego
(escolhido por este) após a desdita que se abateu sobre o herói.
Bruce Wayne
(Christian Bale) é visto no início do filme abatido, machucado (sem poder mover
direito uma perna) e preocupado com a crise econômica que atinge sua firma. Ao
seu lado está o sempre assistente Alfred (Michael Caine) e, no laboratório de
uma de suas indústrias, o também veterano Fox (Morgan Freeman). Com o cenário
ruim, inclusive porque o comissário Gordon (Gary Oldman) está hospitalizado, a
presença de Batman se torna importante. Mesmo porque Bane está atuando e não se
pode contar com a fidelidade da Mulher Gato (Anne Hathaway). Para piorar a
situação, uma funcionária da firma de Wayne não é pessoa de confiança, Miranda
(Marion Cottilard).
O espectador
já se acha ansioso, quando Batman reaparece. Com nova máscara (segundo a
produção a que se ajusta melhor facilitando o ator mexer o pescoço), ele não
demora em encontrar seu adversário Bane e com este sair para a briga. Mas, para
decepção dos que sempre torcem pelo “mocinho”, o Homem Morcego apanha feio na
série de socos. E acaba sem a máscara, muito batido, no fundo do poço da prisão
de onde teria saido o adversário. Todo quebrado ouve deste: “Quando Gothan
virar cinzas, aí sim você terá a minha permissão para morrer”.
A história
em nada surpreende. Nem mesmo no final, quando o herói viaja no seu
“batplano”carregando uma bomba atômica que jogará no meio do mar. Nessa hora, a
idéia é de que o “cavaleiro das trevas” foi mesmo eliminado. Engano? Não vou
cometer m spoiler e deixar que a aventura se torne menos estimulante para quem
vai assistí-la.
No roteiro
de Nolan, seu jovem irmão Jonathan e por David S.Goyer (autor do argumento
junto com o diretor do filme), o mundo que Bane idealiza é pontilhado de uma
tentativa de reversão da era capitalista por uma sociedade popular (explodem-se
as grades da prisão e a multidão se liberta), procurando romper as ordens da
padronização a que fora levada pelo Comissário Gordon (Gary Oldman) que
após a morte de Harvey Dent (desfecho de O Cavaleiro das Trevas),
instituiu uma lei zerando a criminalidade local, daí, supostamente, Gotham vive
dias de paz. Há uma seqüencia emblemática: uma criança canta o hino
norte-americano na abertura de uma partida de rugby (ou futebol americano).
Nessa hora, o vilão ataca a explode o campo. O pânico se instala e ele aparece
numa atitude demagógica dizendo-se o defensor do povo.
O filme é
uma superprodução cheia de CGI(efeitos especiais) seguindo as que são rentáveis
hoje em dia nesse campo. Mas deixa muitos temas para o debate, como a questão
da cidade. Gothan City capitalista é para ser arrazada pela corrupção que
campeia. Mas é a cidade que Batman ama e defende. Daí...
O final
sugere outra aventura embora Chris Nolan diga que é a última de Batman. Mas
tudo é calculado: forma bem estruturada, fecho ambíguo (aparentemente) e até um
suposto Robin se apresentando. Presentemente, Christian Bale informa que não
fará um Batman com Robin. Quem assistir a este Batman com certeza terá outra
perspectiva.
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